Estudo aponta que 60% dos brasileiros começaram a trabalhar antes dos 18 anos

Fabiana Holtz

Alan Valadares e Ana Maria Cardoso,  do Observatório Fundação Itaú, detalharam dados da pesquisa trazendo percepções sobre as desigualdades - Fabiana Holtz
Alan Valadares e Ana Maria Cardoso, do Observatório Fundação Itaú, detalharam dados da pesquisa trazendo percepções sobre as desigualdades
Por Fabiana Holtz fabiana.holtz@viva.com.br

Publicado em 09/09/2025, às 13h14 - Atualizado às 13h37

São Paulo, 09/09/2025 - Uma pesquisa de percepções sobre as desigualdades no Brasil, realizada pelo Observatório Fundação Itaú com apoio da Plano CDE e Datafolha, identificou que 6 em cada 10 brasileiros começaram a trabalhar antes dos 18 anos. Essas proporções são maiores entre pessoas negras (75%), indígenas (74%) e com ensino fundamental incompleto (67%). E mais de um terço (33%) do total começou a trabalhar por volta dos 14 anos. 

A pesquisa foi apresentada nesta manhã, durante evento no Itaú Cultural, por Alan Valadares e Ana Maria Cardoso, coordenador e analista do Observatório Fundação Itaú.

Racismo

A maioria dos entrevistados também tem a percepção de que pessoas negras têm menos acesso a oportunidades e serviços, em especial no mercado de trabalho. Mas essa conexão entre o nosso passado histórico e a desigualdade racial é percebida com mais força pelas classes com menor escolaridade, chegando a 54%. A concordância diminui para 29% entre os mais ricos e com maior escolaridade.

Os motivos para começar a trabalhar cedo variam de acordo com a região e o nível de escolaridade. Pessoas com escolaridade e classes mais baixas, por exemplo, começaram a trabalhar antes dos 18 anos majoritariamente para ajudar a família (49% na classe D/E). No grupo com nível superior esse indicador chega a 33% e nas classes mais altas em 29%. Nesse grupo, a maior parte (44%) iniciou a trajetória profissional para ter acesso ao consumo.

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Em outras palavras, enquanto entre os mais ricos a percepção é de que começar a trabalhar cedo ajudou na vida profissional; entre os mais pobres, a entrada precoce no mercado de trabalho é vista como um fator que prejudicou os estudos e limitou suas oportunidades.

Vida melhor

Ao mesmo tempo, segundo a pesquisa, 80% dos brasileiros consideram que têm uma vida melhor do que a geração anterior, e 84% têm a percepção de que tiveram uma educação melhor do que a dos familiares. Além disso, 81% consideram que ter tido uma educação melhor contribuiu para ter um padrão de vida melhor que o dos pais ou familiares.

Em relação à própria trajetória, os brasileiros acreditam que as oportunidades de estudo e trabalho que tiveram ao longo da vida são atribuídas principalmente ao apoio e suporte familiar (48%) ou ao próprio esforço e empenho (43%).

Se observa que o apoio familiar é maior na classe A (64%), enquanto o esforço pessoal cai entre a classe D/E (36%). Questões relacionadas à experiência e qualificação são mencionadas apenas por 22% dos entrevistados, e políticas e programas sociais foram as menos citadas dentre as principais influências na trajetória, com 7%.

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