Projeto que aumenta proteção de menores nas redes sociais avança na Câmara

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Entre as determinações, o texto proíbe publicidade na internet direcionada para crianças por intermédio de algoritmos - Envato
Entre as determinações, o texto proíbe publicidade na internet direcionada para crianças por intermédio de algoritmos
Por Paula Bulka Durães paula.bulka@viva.com.br

Publicado em 12/08/2025, às 16h08 - Atualizado às 16h10

São Paulo, 12/08/2025 - Os projetos de lei (PL) que regulamentam as redes sociais e protegem crianças e adolescentes que navegam on-line voltaram em debate na Câmara dos Deputados. Na semana passada, o youtuber Felipe Bressanim, conhecido como Felca, publicou uma denúncia contra a "adultização" dos menores de idade na internet, vítimas da exploração parental e de predadores sexuais.

O presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB) se pronunciou domingo, 10, no X, sobre o debate levantado por Felca. O deputado elogiou o influencer e prometeu pautar os PLs que tratam da segurança dos jovens nas redes ainda nesta semana.

Um dos projetos que avançam na Câmara é o 2628/2022, de autoria de Alessandro Vieira (MDB/SE). Nesta terça-feira, o PL está em análise na Comissão de Comunicação. O objetivo da proposta é proteger crianças e adolescentes no uso de tecnologias, redes sociais e jogos online.

Entre as determinações, o texto proíbe publicidade direcionada para crianças por meio de algoritmo – com anúncios personalizados a partir da interação com as redes; com manipulação emocional; por meio da análise de emoções; e imersão tecnológica, criando propagandas de realidade aumentada ou virtual que tornam aquele conteúdo atrativo. 

O projeto também aumenta o controle parental e verificação da idade para mostrar certos conteúdos, além de criar regras mais rígidas para o monitoramento de chats. As big techs passam a ter maior responsabilidade sobre as publicações ílicitas, com a obrigação legal de excluir conteúdos após notificação, enviar as informações para autoridades em casos graves e disponibilizar relatórios semestrais. 

Qualquer plataforma utilizada por crianças e adolescentes que opera no País, mesmo no caso das estrangeiras, precisará cumprir as determinações do projeto caso sancionado. A proteção dos dados do menor de idade deverá ser reforçada, proibindo as empresas de coletarem informações. Outra restrição está no acesso da criança a materiais com violência sexual, bullying, drogas, álcool, jogos de azar e vício. As chamadas loot boxes, caixinhas de recompensa paga devem ser probidas para esse público. 

A multa para quem descumprir pode atingir 10% do faturamento da plataforma no Brasil ou R$ 50 milhões por inflação, além de advertências e suspensão de atividades em casos mais graves. De acordo com o texto base, as empresas têm até um ano para se adequarem a legislação, contado a partir da sanção presidencial. 

Youtuber expõem influencers e pais

O conteúdo publicado no YouTube na quarta-feira, 6, discute a "adultização" dos menores de idade na internet, além da violência que estão expostos nas redes sociais. O foco do vídeo é em mostrar influencers que sexualizam crianças e adolescentes, códigos e gírias ligados a pornografia e a facilidade como os algoritmos priorizam conteúdos ilícitos.
Em junho, o Viva relevou a facilidade com que os jovens conseguem encontrar links de servidores de predadores sexuais em redes sociais como o TikTok, Instagram, Discord e a plataforma de jogos, Roblox. 
Leia também: Crianças e adolescentes estão expostas à violência em plataformas digitais
O londrinense Felca faz vídeos de humor para o YouTube e as redes sociais. Ele viralizou há dois anos com uma "review" negativa que satiriza a base da influencer Virgínia, que acumula 19 milhões de visualizações.
Apesar de continuar produzindo conteúdos cômicos, o youtuber tem utilizado os canais para trazer reflexões políticas e sociais, como no vídeo publicado no TikTok sobre a CPI das bets e o vício em jogos de aposta, que soma 2,6 milhões de likes.
A denúncia sobre crianças e adolescentes nas redes sociais já foi assistida por 32 milhões de pessoas, em um vídeo que segue o formato de documentário, com 50 minutos de duração. O alvo é o paraibano Hytalo Santos, que se grava ao lado de menores de idade em posições vexatórias. Santos é investigado pelo Ministério Público da Paraíba.
Depois da publicação, Felca afirmou em um podcast estar andando de carro blindado e com seguranças para conter possíveis ameaças. 

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