Foto: Envato Elements
Por Joyce Canele
redacao@viva.com.brSão Paulo, 28/10/2025 - O Brasil corre o risco de viver uma nova era de racionamento de água nas próximas décadas. Projeções do Instituto Trata Brasil, elaboradas em parceria com a consultoria Ex Ante, indicam que o país pode chegar a enfrentar, em média, 12 dias por ano sem abastecimento regular até 2050.
Nas regiões mais secas, como o Nordeste e o Centro-Oeste, a situação tende a ser ainda mais grave, com previsão de mais de 30 dias de interrupção anual.
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O levantamento "Demanda Futura por Água em 2050: Desafios da Eficiência e das Mudanças Climáticas" mostra que a pressão sobre os recursos hídricos será consequência direta do aquecimento global, do crescimento urbano e das perdas ainda elevadas nas redes de distribuição.
Atualmente, cerca de 40% da água tratada no país é desperdiçada antes de chegar às torneiras, volume suficiente para atender à demanda futura projetada se fosse aproveitado de forma eficiente.
A combinação entre aumento de temperatura e falhas estruturais pode transformar a gestão da água em um dos maiores desafios nacionais nas próximas décadas.
De acordo com o estudo, a demanda por água tratada deve crescer quase 60% até 2050. O calor mais intenso e a redução dos dias chuvosos, aliados a eventos de chuva concentrada e fortes, devem comprometer a reposição dos mananciais e ampliar o risco de escassez prolongada.
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O relatório também destaca que cada aumento de 1 grau Celsius na temperatura média pode elevar o consumo de água em cerca de 25%.
Esse efeito, somado à expansão populacional e econômica, tende a impulsionar a demanda total em mais de 12% além do previsto apenas pelo crescimento das cidades.
Outro ponto de atenção é a influência do avanço da urbanização. O estudo revela que o aumento da renda e da cobertura de saneamento básico eleva diretamente o consumo de água.
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Municípios com 100% de acesso à rede de abastecimento e esgoto têm PIB per capita até 4,5 pontos porcentuais superior e salários 1 ponto porcentual maiores em comparação aos que ainda não universalizaram os serviços.
Cada ponto porcentual adicional de urbanização também pode gerar quase 1% de crescimento no consumo hídrico.
As regiões Nordeste e Centro-Oeste aparecem como as mais vulneráveis, com tendência a períodos prolongados de seca e risco de desertificação em novas áreas.
O relatório alerta que a falta de planejamento e de políticas de adaptação climática pode agravar a crise hídrica e trazer impactos diretos para a saúde pública, a produção agrícola e o abastecimento urbano.
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Apesar do cenário preocupante, o Instituto Trata Brasil avalia que ainda há tempo para reverter o quadro.
A instituição defende que medidas imediatas de redução de perdas, reúso de água, proteção de nascentes e florestas, além do investimento em tecnologias de gestão eficiente, podem garantir segurança hídrica para as próximas gerações.
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De acordo com as projeções, se o país conseguir diminuir as perdas na rede para 25%, conforme previsto no Plano Nacional de Saneamento, a produção necessária de água tratada cairia em 2 bilhões de metros cúbicos.
Isso reduziria a pressão sobre rios, reservatórios e aquíferos, além de assegurar maior equilíbrio entre oferta e demanda, o que ajudaria a evitar a necessidade de um racionamento de água constante.
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