Foto: Divulgação/Sebrae
Por Beatriz Duranzi
redacao@viva.com.brSão Paulo, 18/09/2025 - A renda de bilro de Aquiraz, no litoral leste do Ceará, acaba de receber um reconhecimento inédito: ela foi registrada como Indicação Geográfica (IG) pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).
O título certifica a qualidade e a identidade cultural do artesanato local, que agora integra a lista de 142 IGs brasileiras, sendo a 17ª voltada ao artesanato.
A renda de bilro é uma técnica artesanal de origem portuguesa, trazida ao Brasil no século XVII.
O trabalho é feito manualmente sobre uma almofada recheada com serragem ou algodão, onde fios são entrelaçados com o auxílio de pequenos bilros de madeira.
O resultado são peças delicadas e sofisticadas, usadas em roupas, acessórios e itens de decoração.
Em Aquiraz, cidade que foi a primeira capital do Ceará, essa tradição se tornou não apenas uma herança cultural, mas também uma das principais fontes de renda da comunidade, ao lado da pesca.
O conhecimento passa de geração em geração, preservando a história e fortalecendo a identidade local.
Leia também: Atividades manuais podem fazer tão bem à mente quanto um bom emprego
A Indicação Geográfica funciona como um selo de origem e qualidade, que garante ao consumidor que aquele produto tem características únicas ligadas ao território em que é produzido.
Para os artesãos, isso significa maior valorização do trabalho, proteção da tradição e oportunidades de expansão no mercado nacional e internacional.
Segundo o Sebrae, produtos com IG podem alcançar até 300% de valorização no preço, o que impacta diretamente na renda das famílias envolvidas.
Leia também: 5 hobbies perfeitos para aproveitar a aposentadoria com saúde e alegria
Além de Aquiraz, outras regiões do Brasil também têm a renda de bilro como expressão cultural. Recentemente, o município de Saubara (BA) conquistou o mesmo selo.
A expectativa é que novas certificações sejam aprovadas nos próximos anos, como o artesanato em barro de Santana do São Francisco (SE), as figuras de Taubaté (SP) em argila e o artesanato em fibra de croá de Pindoguaba (CE).
Para Maíra Fontenele Santana, analista de projetos da Unidade de Inovação do Sebrae Nacional, esse avanço é fundamental:
“A Indicação Geográfica preserva a tradição e fortalece o território. Cada região tem sua especificidade e o reconhecimento ajuda a destacar essas diferenças”, explica.
No dia 22 de setembro, o Sebrae e o INPI promovem um evento online para discutir propostas que simplifiquem os processos de solicitação de registro de IG. O encontro também vai apresentar o planejamento estratégico para 2026, reforçando o papel da certificação no desenvolvimento regional.
Política de comentários
Este espaço visa ampliar o debate sobre o assunto abordado na notícia, democrática e respeitosamente. Não são aceitos comentários anônimos nem que firam leis e princípios éticos e morais ou que promovam atividades ilícitas ou criminosas. Assim, comentários caluniosos, difamatórios, preconceituosos, ofensivos, agressivos, que usam palavras de baixo calão, incitam a violência, exprimam discurso de ódio ou contenham links são sumariamente deletados.