Divulgação/PushFinanças
Por Fabiana Holtz e Alessandra Taraborelli
redacao@viva.com.brSão Paulo, 23/09/2025 – Na realidade hiperconectada que vivemos, com centenas de gurus vendendo fórmulas prontas para o sucesso e influenciadores faturando milhões, investir na sua vida financeira e reconhecer seu próprio sucesso exige muitas decisões e questionamentos.
O tema foi assunto do painel “Dismorfia financeira: a relação das novas gerações com o dinheiro”, com participação da psicanalista, escritora e professora, Ana Suy, da diretora de estratégia e criação da Casúlo Colab, Deborah Bastos e publicitária Bárbara Torres. O encontro aconteceu durante o Push Finanças, evento realizado nesta segunda-feira pela Push.edu e pela B3 em São Paulo.
“O conceito de dismorfia financeira é curioso, na tentativa de fazer um paralelo com a dismorfia corporal. Para o âmbito financeiro isso também vem da deformação da nossa imagem no que diz respeito a nossa ideia de sucesso financeiro”, explica Suy. Em outras palavras, a dismorfia financeira é a distorção na forma como a gente enxerga a nossa relação com o dinheiro.
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Na avaliação de Bárbara Torres, as pessoas estão adoecendo ao acompanhar nas redes sociais a rotina de indivíduos que já atingiram um determinado sucesso de forma que parece muito rápida.
“Cada um tem o seu tempo. E a maior dificuldade que temos é querer conquistar tudo na velocidade que o outro conquistou.”
Suy ressalta também que é possível conseguir ter o crescimento financeiro desejado sem ferir os seus valores. “É muito mais uma questão de paciência”, afirma.
Segundo ela, somos hiper-estimulados a preencher o vazio, ou aquilo que falta, o tempo todo. Na verdade, se construiu uma grande ilusão, lamenta ela. “Nos prometem o tempo todo coisas que a gente nem sequer pediu”.
Para sair desse ciclo de consumo, aconselha a especialista, o grande exercício é conseguir nos separar desse sentimento de controle. “É preciso ter o domínio sobre o que queremos consumir”.
Suy acredita que também é preciso nos separar dessa ficção sobre a ideia do que o outro quer da gente. “Cabe apenas a nós saber o que a gente quer da vida”, defende.
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As redes sociais acabam impondo uma comparação, mesmo que de maneira indireta. “Muitas vezes é o lugar onde a gente compara as coisas. A gente acha que não está sendo impactada, mas o inconsciente olha para aquilo e compara com o nosso sucesso pessoal”, explica Bárbara Torres.
Ela ressalta que é muito comum alguém pensar: só comigo não acontece de forma tão rápida. Segundo a publicitária, mesmo pessoas maduras se colocam nesse lugar de comparação e, sentido-se pessoas medianas, achando que não estão se esforçando o suficiente por não ter o mesmo “sucesso” que vê nas redes sociais.
“A maior dificuldade é que a rapidez do sucesso do outro, que vimos nas redes sociais, muitas vezes não está na velocidade de como, de fato, aconteceu.”
No Brasil não temos uma tradição em educação financeira para aprender a lidar com o dinheiro e o tabu sobre o tema ainda persiste, diz Bastos.
“Mas não é só despejar conteúdo na criança. Ela precisa de tempo e elaborar qual o sentido desse conhecimento, valores, na sua realidade”, observa a psicanalista Ana Suy. Ela pondera ainda que esses tabus é que fazem com que o brasileiro não crie maturidade para falar sobre dinheiro e tenha dificuldade em lidar com o assunto.
“Quando a gente fala sobre dinheiro, muitas vezes somos colocadas no lugar de arrogante. Ainda existe esse tabu e é um problema totalmente ligado com a nossa maturidade financeira de conhecimento”, acrescenta.
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“Precisamos nos apropriar desse universo, desses números, sem medo”, pede Ana Suy. As mulheres, especialmente, ainda têm dificuldade de enxergar a importância de ter esse controle financeiro, diz Bastos, por terem sido por muito tempo consideradas responsabilidade financeira de outra pessoa, co, o pais e marido. “Não tem nada de errado em buscar informações e ter mais controle sobre sua vida financeira”, conclui.
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