Geração prateada deve movimentar R$ 3,8 trilhões em 2044

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No mundo, a economia prateada representa cerca de US$ 22 trilhões anuais, ocupando o status de terceira maior atividade econômica global
Por Alessandra Taraborelli [email protected]

Publicado em 20/05/2025, às 17h56

São Paulo, 20/05/2025 - Que a população está ficando mais velha é fato. No Brasil, essas pessoas serão responsáveis por movimentar R$ 3,8 trilhões em 2044, o que representa 35% do consumo domiciliar privado, que está projetado em R$ 10,8 trilhões, segundo a pesquisa Mercado Prateado: consumo dos brasileiros 50+, que integra o projeto Brasil Prateado, realizada pelo Data8. Em 2024, a economia prateada representou R$ 1,8 trilhão do consumo privado total do país, o que significa uma fatia de 24% do consumo privado total dos domicílios brasileiros.

No mundo, a economia prateada – soma de toda a atividade econômica que atende às necessidades das pessoas com 50 anos ou mais – representa cerca de US$ 22 trilhões anuais, ocupando o status de terceira maior atividade econômica global.

Em um dos recortes, a pesquisa traz a análise da cesta de consumo por classe social, revelando as cinco principais categorias que concentram os gastos mensais per capita dessa população.

_ Classe A: transporte 25%, alimentação 20%, habitação 20%, saúde 16% e vestuário 5%.

_ Classe B: habitação 24%, alimentação 22%, transporte 20%, saúde 14% e vestuário 5%.

_ Classe C: habitação 30%, alimentação 26%, saúde 15%, transporte 13%, higiene e cuidados pessoais 6%.

_ Classe D: habitação 34%, alimentação 28%, saúde 12%, transporte 9% e higiene e cuidados pessoais 6%.

A pesquisa mostrou que os maduros mais ricos diversificaram o próprio consumo e movimentaram um maior número de setores, enquanto os mais pobres enfrentaram a alta conta da longevidade. “Quando analisamos a cesta de consumo por classe social, tivemos a confirmação de um cenário descrito pela Pirâmide de Maslow, no qual uma renda mais alta permite um consumo expandido de supérfluos além das necessidades básicas. Para os prateados da classe A, o maior consumo mensal passa a ser no setor de transportes, que inclui aquisição e manutenção de veículos, locomoção urbana e viagens esporádicas”, explica Lívia Hollerbach, uma das coordenadoras da pesquisa.

Ela acrescenta que há um maior consumo, ainda, com produtos e serviços de saúde e recreação. Setores como vestuário, higiene e cuidados pessoais, e educação conversam pouco com os prateados – independentemente da renda. Gastos com educação, por exemplo, entre os 80+, são inexistentes, de acordo com a pesquisa.

Sobre as projeções do consumo privado da população brasileira e a variação do peso de cada categoria na cesta total, de acordo com Hollerbach, o setor da saúde deve crescer na cesta de consumo da população prateada no Brasil, enquanto os produtos e serviços de educação irão diminuir. “A tendência, nos próximos 10 anos – se considerarmos apenas o envelhecimento populacional orgânico à nossa frente sem cenários de crise econômica, sanitária, política, ambiental ou outras – é de crescimento do setor da saúde. Já educação terá um gap, porque teremos menos jovens fazendo vestibular e menos crianças em sala de aula”, aponta.

Mulher sorrindo na natureza
Lívia Hollerbach, uma das coordenadoras da pesquisa
Crédito: Henrique Pereira

De acordo com a coordenadora, essa questão demográfica não é só no Brasil, é mundial. Mas ela ressalta que a América Latina está envelhecendo muito rapidamente. Dados de 2024 apontam que a população com mais de 50 anos tem crescido 3% ao ano no mundo, chegando a quase 2 bilhões de pessoas, de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU). Dentro desta inversão demográfica global, a América Latina é a região com o envelhecimento populacional mais rápido: entre 1950 e 2018, a expectativa de vida aumentou 25 anos; até 2050, a cada 10 latino-americanos, três terão mais de 60 anos.

Nesse contexto, o Brasil é o protagonista, sendo visto como uma nação de prateados. Em 2024, 27% da população já tinha mais de 50 anos e até 2044 contará com 40% da população total nessa faixa etária. O que a França demorou 120 anos para alcançar – sair de 10% para 20% de prateados na população –, o Brasil alcançará em duas décadas.

Ela ressalta que ao mesmo tempo em que o tema é um grande desafio para os setores público e privado, também é uma importante oportunidade para quem estiver atento a este público. “Ainda é um movimento muito localizado, muito aquém da necessidade da urgência do tema”.

Diferenças regionais e visão de futuro

As diferenças regionais do Brasil marcam, também, a cesta prateada e apresentam peculiaridades. No Norte e Nordeste, menor consumo per capita mensal – seguindo a análise das classes mais baixas – apresenta um cenário mais expressivo em alimentação (média de R$ 322 mensais); higiene e cuidados pessoais (média de R$ 77 mensais).

O Centro-Oeste é a região onde os prateados registram o maior consumo per capita mensal de produtos e serviços, destacando-se o setor de transporte, que chega a consumir R$ 360 por mês da cesta dos maduros (50 anos ou mais), incluindo aquisição e manutenção de veículos, transporte urbano e viagens esporádicas. No Sudeste, o maior consumo mensal é de serviços e produtos de saúde – R$ 293 mensais. E, no Sul, o maior consumo mensal é no setor de transportes, com R$ 328 mensais.

A pesquisa foi inspirada em um estudo europeu que se tornou referência mundial, e combina microdados oficiais e dados proprietários, partindo de uma metodologia econométrica validada internacionalmente – que propiciou estimar o peso desse grupo no Produto Interno Bruto (PIB) nacional; analisar padrões de consumo por faixa etária, gênero, renda e região; e projetar cenários futuros, oferecendo um panorama inédito sobre essa parcela populacional.

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