São Paulo, 24/08/2025 - Em uma análise mais profunda sobre os impactos do
envelhecimento global, economistas do Goldman Sachs Research reconheceram recentemente que os países tem dado sinais de que estão conseguindo se adaptar a tendência de prolongamento da vida ativa da população. E isso vem acontecendo sem grandes impactos para as
regras da previdência. Segundo os dados reunidos pelo banco de investimentos, apesar da queda contínua da população economicamente ativa que já ocorreu, as taxas de dependentes em idade ativa, na verdade, caíram.
"Embora o aumento dos custos das pensões do setor público continue sendo uma preocupação para algumas economias, o meio mais eficaz de neutralizar o impacto do envelhecimento nas taxas de dependência econômica é prolongar a vida ativa", escrevem os economistas. "Felizmente, essa tendência já está em andamento", aponta o Goldman no estudo entitulado
"O caminho até 2075: a história positiva do envelhecimento global".
Segundo o estudo, o envelhecimento da população global é impulsionado por uma combinação de aumento da
longevidade e queda das taxas de fecundidade. Essa realidade é mais pronunciada nas economias desenvolvidas, onde a parcela da população na faixa etária de 15 a 64 anos (considerada economicamente ativa) já diminuiu de 67% em 2000 para 63%. E a projeção é de que recue para 57% até 2075.
Nas economias emergentes, a proporção da população de 15 a 64 anos está próxima de um pico (66%) e deve cair para 61% nos próximos 50 anos. Esse processo de envelhecimento é frequentemente descrito como uma "bomba-relógio demográfica", por implicar em um aumento da população economicamente dependente de recursos sociais do governo e consequente queda nas taxas totais de emprego.
Vivendo mais e melhor
Entretanto, os economistas do Goldman avaliam que o aumento da expectativa de vida é um fator positivo. "Além de viver mais, as pessoas também estão vivendo de forma mais saudável, com a capacidade funcional dos idosos melhorando ao longo do tempo. De acordo com um estudo recente, uma pessoa que tinha 70 anos em 2022 tinha a mesma capacidade cognitiva que uma pessoa de 53 anos em 2000. Em um sentido bastante tangível, 70 anos são os novos 53", afirmam os economistas do banco de investimento.
Os economistas Kevin Daly, Mambuna Njie e Johan Allen, que assinam o relatório, defendem ainda que as desvantagens econômicas do envelhecimento populacional talvez não sejam tão complicadas de se resolver como vem sendo dito.
Enquanto a média da expectativa de vida nas economias desenvolvidas aumentou 5% desde 2000, de 78 para 82 anos, a média da vida ativa no mercado de trabalho também aumentou em quatro anos, de 34 para 38 anos. Ao mesmo tempo, a parcela da população total empregada nesses países cresceu de 46% para 48,3%.
Em outras palavras, apesar da maior expectativa de vida e da redução da proporção de pessoas em idade ativa, a parcela média de vida gasta participando ativamente no mercado de trabalho na verdade aumentou, de 44% para 47%. Na visão do Goldman, a tendência de
prolongamento da vida ativa é clara e sugere que o mercado de trabalho tem respondido de maneira positiva para se adaptar a esse cenário.