São Paulo, 05/11/2025 – A maior consciência dos jovens sobre a importância de buscar orientação para gerir melhor seus recursos na avaliação do economista e cientista social Eduardo Giannnetti da Fonseca representa um alento. Para ele, o maior interesse dessa geração pelo letramento financeiro é animadora, sobretudo quando olhamos para a curva ascendente de longevidade da população mundial.
Segundo pesquisa do Datafolha sobre oplanejamento financeiro do brasileiro, realizada a pedido da Planejar, 58% dos entrevistados da faixa entre 18 e 24 anos são mais propensos a buscar ajuda para o controle das finanças pessoais.
“As novas gerações, talvez até por terem um nível educacional um pouco mais aprimorado, estão mais atentas e buscam uma racionalidade em sua gestão financeira.
Economista vê segurança pública como principal tema que preocupa a sociedade brasileira hoje - Foto: Fabiana Holtz/Viva
Embora a população esteja se mostrando mais atenta as finanças pessoais, a falta de disciplina com o orçamento doméstico segue em níveis alarmantes, segundo dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), da Confederação Nacional do Comércio (CNC). Em outubro, o índice de endividamento das famílias atingiu recorde de 79,5%, maior patamar da série histórica iniciada em 2010.
Mas há dados positivos sob a perspectiva macroeconômica, diz Giannetti. Um exemplo é que o País atingiu a menor taxa de desemprego da série histórica, segundo o IBGE. “Ou seja, a participação dos brasileiros no mercado de trabalho aumentou, tem menos gente na situação de desalento”.
Ele recorda também que o Brasil saiu do mapa da fome, depois de muitos anos de insegurança alimentar e subnutrição. “A FAO, que é o órgão da ONU responsável por medir essas variáveis, tirou o Brasil do mapa da fome, o que é uma coisa muito boa. Melhoramos cinco posições no IDH, índice de desenvolvimento humano. Tem muita coisa boa acontecendo, são conquistas da sociedade”, afirmou.
O economista acredita que em um País que tem crescido acima de 3% nos últimos quatro anos, o resultado poderia ser ainda melhor se o tema segurança estivesse equacionado de forma mais objetiva. “O Brasil poderia entregar muito mais crescimento se nós tivéssemos mais tranquilos em relação à nossa vida pessoal”, lamenta.
Visão míope sobre bets
Outra questão que considera preocupante é a falta de educação financeira do brasileiro médio, que ainda resiste em começar a se planejar, e o fenômeno das bets, as casas de apostas, que tem atingido as famílias de menor renda.
“Essa propensão brasileira de descontar o futuro e pagar juros extremamente elevados em dívidas, que muitas vezes não são necessárias ou imprescindíveis, é algo que prejudica o bem-estar das pessoas. E o fato de uma parcela da população ver a aposta como investimento é muito grave; de uma miopia absurda. Isso demonstra uma falta de preparo para ter uma vida mais estruturada”.
O economista diz que não existe uma relação muito linear entre crescimento econômico e bem-estar, porém o tema segurança pública é um fator crítico hoje para o brasileiro.
“Acho que segurança e corrupção são hoje percebidos por uma ampla maioria de brasileiros como os principais problemas da nossa vida em sociedade. E não são temas diretamente ligados à economia. São ligados a padrões de convivência”.
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