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São Paulo 15/10/2025 - Para quem está prestes a solicitar a aposentadoria e tem uma reserva no Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para sacar, o momento é de sentar e analisar as possibilidades que se enquandram no seu perfil financeiro.
A pedido do Viva, Myrian Lund, professora de MBAs da Fundação Getúlio Vargas (FGV), analisa a rentabilidade dos investimentos mais usuais nos últimos cinco anos em comparação com o rendimento do FGTS.
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“O FGTS, apesar de a rentabilidade oficial ser inferior à da poupança, é acrescida de uma parcela do lucro anual do fundo, o que o torna um pouco mais vantajoso. Acreditamos que essa situação deve continuar nos próximos cinco anos”.
O Ibovespa, principal índice da bolsa de valores brasileira, observa a professora, foi o lanterninha em rentabilidade nos últimos cinco anos. Por se tratar de renda variável, depende de questões conjunturais para a sua valorização, como: crescimento da economia e consequente crescimento do lucro das empresas, mas, também, da taxa de juros da economia, o que é muito difícil projetar no atual momento pré-eleitoral.
“Como aqui temos um componente político envolvido, vejo a aplicação em bolsa brasileira com um risco elevado, ainda que os múltiplos da bolsa (indicadores) estejam bem atrativos”, diz a professora.
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Para excluir as distorções por conta dos impactos da pandemia, Lund retirou da conta, a seguir, os anos de 2020 e 2021 e calculou a rentabilidade acumulada somente nos últimos três anos.
Na visão da professora, a aplicação em CDB e no Tesouro Selic, que replicam rendimento do Certificado de Depósito Interbancário (CDI), tem sido a vedete do mercado nos últimos anos e deve continuar. Principal referência de rentabilidade na renda fixa, o CDI acompanha de perto a taxa Selic.
“Com o problema fiscal do Brasil, a taxa de juros brasileira, a Selic, que hoje está no maior patamar em quase 20 anos está com sua queda atrelada aos aspectos político e fiscal", diz a professora. Como a taxa de juros é o instrumento usado pelo Banco Central para manter a inflação na meta, baixar ou aumentar a Selic vai depender sempre do comportamento dos preços.
Importante ressaltar aqui que o CDB e o Tesouro Selic têm tributação. "Se descontarmos o Imposto de Renda, de 15%, teremos como resultado líquido 35,70%, bem acima dos demais indicadores", aponta a professora.
A título se exemplo, com R$ 20 mil depositados no FGTS em 2022 você teria R$ 24.580 ao final de 2024. Os mesmo R$ 20 mil teriam se transformado em R$ 24.160 se a aplicação fosse a Poupança e em R$ 27.140 se a escolha fosse o CDB ou Tesouro Selic (já descontado os 15% do IR).
“Ideal seria usar este dinheiro para complemento de aposentadoria ou compra de casa própria”, aconselha a professora.
Já a transferência para CDB-DI ou Tesouro Selic é muito interessante, acrescenta. “O risco é ter o dinheiro por perto e usar, de forma não planejada, ficando sem a reserva para o futuro ou para compra de imóvel”, alerta.
As aplicações em bolsa continuam arriscadas em razão do cenário persistente de taxa de juro elevada, aponta. A professora reforça que investir significa ganhar acima da inflação, ter ganho real. “As pessoas aplicam em bolsa em busca desse ganho real."
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Sempre que esse ganho real está acima de 5% a 6% ao ano, ensina Lund, a renda fixa se configura como uma excelente opção.
A expectativa é de que o ganho real continue em 6% ao ano ou acima até 2028. Esse ganho vale para qualquer investimento em CDB ou Tesouro Selic, que são as vedetes de mercado e devem continuar pelos próximos três anos, de acordo com as projeções do Relatório Focus, destaca a professora.
Com base nas projeções de 2025 a 2029 do Relatório Focus, pesquisa semanal do BC realizada com centenas de instituições financeiras, Lund observa que:
* Taxa Selic: deve vir com pequenas reduções ano a ano, devendo ficar em um dígito somente no final de 2028 em diante.
* Inflação: encontra-se em tendência de queda, o que vai permitir a redução da taxa Selic para 1 dígito em cinco anos.
* Poupança: tende a ficar em 6,17% ao ano até que a taxa Selic fique abaixo de 8,5% ao ano, o que ainda não é previsto.
* FGTS: hoje é composto de dois rendimentos: TR+3%a.a. + 95% do lucro do fundo, distribuído a quem tem recursos no FGTS. Desde 2017 quando ficou decidido incorporar o lucro do fundo, a rentabilidade tem sido essencialmente acima da poupança, fato que deve continuar enquanto houver distribuição de lucros.
* CDB: com a taxa de juros elevada e o mercado pagando para pequenos valores 100% do CDI (Selic meta -0,10%), vai continuar a ser a vedete do mercado.
* Tesouro Selic: rende basicamente o mesmo que um CDB com liquidez diária, ou seja, 100% do CDI.
* Ibovespa: a previsão ainda é bem indefinida. "O Ibovespa é recomendável para colocar uma parte dos recursos investidos somente para quem tem perfil arrojado e agressivo", afirma a professora.
* Tesouro Prefixado e Tesouro IPCA+ são investimentos de alta volatilidade. Com a queda da taxa de juros tendem a ser beneficiados e até renderem mais que o CDB-DI, mas com muita volatilidade (ora perdendo, ora ganhando). Necessário que a pessoa conheça as características pois se resgatar em momento inadequado poderá receber menos do que foi aplicado, ainda que seja uma renda fixa. Investir nesses títulos significa levar preferencialmente até o vencimento para garantir o rendimento pactuado.
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