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São Paulo, 12/09/2025 – A meta de adquirir o primeiro imóvel exige planejamento, disciplina e muito foco. A partir dos 50 anos esse tipo de aquisição exige um planejamento mais refinado. “É preciso ter muita clareza da sua capacidade financeira e seu objetivo”, afirma Patrícia Palomo, planejadora financeira certificada pela Planejar.
De acordo com dados da Caixa, a líder em financiamentos imobiliários no Brasil, na faixa etária acima de 50 anos os contratos cresceram 8%, de 62.427 em 2022 para 67.326 em 2024. Sua participação dentro do total de financiamentos imobiliários contratados, porém, diminuiu um pouco nos últimos dois anos, de 9,87% para 8,45%. Isso porque no mesmo intervalo o número de contratos das demais faixas etárias cresceu em um ritmo mais acelerado, 27%, passando de 570.072 para 725.424 contratos.
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Na visão de Palomo, alguns cuidados são necessários para que o sonho não se transforme em um pesadelo. “É uma fase da vida em que em geral temos mais definido o que consideramos importante, inclusive em termos materiais. Esse é um ponto que deve contar a seu favor”. Ela aponta que uma planilha de custos bem feita é o primeiro passo.
Feita a planilha, tendo bem claro qual é o fluxo mensal de gastos e o quanto resta disponível para essa empreitada, você está pronto para sair em busca de algumas alternativas de financiamento.
Muita atenção aqui: pense em um valor mensal que não venha a comprometer o seu orçamento. Daí, então, é possível avaliar se existe a possibilidade de comprar o imóvel à vista ou se será necessário contratar um financiamento e de quanto.
“O pagamento à vista é a opção que apresenta as melhores possibilidades de negociar um desconto. Mas se não é o seu caso, fique atento para as possibilidades e limites de comprometimento da renda determinados pelos bancos”, alerta a planejadora financeira.
Em geral, a regra para financiamento imobiliário limita o valor das parcelas a 30% da renda total da família.
Se você ainda tem uma reserva no Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) aproveite para reduzir ao máximo o valor o endividamento futuro esperado com essa aquisição. Além de proporcionar mais tranquilidade para a sua busca, essa é uma cartada que te dá mais poder de negociação.
No final de 2024, a Caixa anunciou mudanças nas regras do financiamento imobiliário que tornaram o acesso ao crédito para essa finalidade um pouco mais restrito. O banco público, que responde por 66,8% dos financiamentos imobiliários do país, aumentou o valor exigido para entrada e diminuiu o total financiado para compra de unidades via Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE).
Ao mesmo tempo, os incentivos para ampliação do programa Minha Casa Minha Vida (MCMV) seguem impulsionando o setor. Segundo declarações recentes do ministro da Casa Civil, Rui Costa, será lançado nas próximas semanas o programa de Melhoria Habitacional do MCMV, já aprovado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com investimento previsto de R$ 30 bilhões até 2026.
Há também a opção de negociar imóveis via leilão de usados. Segundo levantamento da Zipin, hub de investimentos imobiliários, entre 8% e 12% dos compradores em leilões já têm mais de 50 anos e muitos deles estão adquirindo o primeiro imóvel. Esse movimento vem crescendo especialmente em regiões metropolitanas de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, onde o aluguel pesa mais no orçamento familiar.
O contador Marcelo Custódio, de 54 anos, morador de Belo Horizonte, adquiriu seu imóvel dessa forma. Depois de décadas morando de aluguel e priorizando a formação dos filhos e os negócios da família, ele decidiu que era hora de construir uma base sólida para o futuro.
No leilão, o contador encontrou a chance de comprar um imóvel de padrão melhor por um valor que cabia no seu bolso. “Quando finalmente realizei esse sonho já não era mais por vaidade, mas por necessidade. A emoção é grande, porque cada conquista nessa fase da vida ganha outro significado”, conta.
Por mais que a sua estrutura de custo esteja mais leve e os filhos já tenham saído de casa, evite comprometer possíveis reservas destinadas à previdência. “É importante que se respeite esse planejamento voltado à aposentadoria”, aconselha Palomo.
É preciso também considerar o momento de vida em que a pessoa se encontra, diz Amâncio Paladino, diretor da Federação Nacional de Previdência e Vida (Fenaprevi).
Quem tem mais tempo de atividade no mercado de trabalho pode ter conseguido montar uma reserva sem comprometer a renda da aposentadoria, no caso de planos de previdência privada, por exemplo.
Paladino aponta que o envelhecimento demográfico no Brasil é um ponto positivo. Segundo dados do IBGE, de 2020 a 2023 a expectativa de vida do brasileiro aumentou de 74,8 anos para 76,4 anos.
“Isso é bastante significativo e também pode ser usado a seu favor”, afirma.
É que há um limite de idade para o pagamento da última parcela. Em geral é de 80 anos e seis meses e pode chegar até 85, pois isso varia de banco para banco.
Se for necessário completar o valor do imóvel com um empréstimo, considere todos os custos envolvidos, não apenas a taxa de juros cobrada no financiamento. "O juro é só uma parte dessa conta. É preciso entender qual será o custo efetivo total dessa aquisição, que varia de um banco para outro. Tem custos como abertura de conta, escritura, contrato, registro do imóvel e imposto, como o ITBI estadual”, alerta a planejadora Patrícia Palomo.
É preciso mensurar ainda despesas futuras como IPTU, condomínio (se o imóvel em questão for um apartamento ou casa em condomínio fechado), manutenção, obras necessárias e adaptações. A especialista frisa que essa lista é essencial para a escolha do imóvel mais adequado ao seu orçamento e não deve ser subestimada.
Questões de mobilidade, além da presença de serviços e outras facilidades no entorno também devem ser bem avaliadas, destaca. “É preciso pensar em questões como acessibilidade do imóvel, transporte público no entorno, se tem comércio, banco, hospital, posto de saúde e farmácia nos arredores”.
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