Taxa de juros será decidida quarta-feira; saiba o que se espera para Selic

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Comitê de Política Monetária (Copon) do BC também deve evitar sinalizações de corte, segundo estimativas do mercado

Por Marianna Gualter, da Broadcast

redacao@viva.com.br
Publicado em 15/09/2025, às 13h00
Brasília, 15/09/2025 - O Comitê de Política Monetária (Copom) pode fazer um ajuste sutil para baixo em sua projeção para a inflação no primeiro trimestre de 2027, horizonte relevante da política monetária, de 3,40% para 3,30%, mas deve manter a comunicação similar à de seu último encontro na decisão desta quarta-feira, 17.
Segundo pesquisa Projeções Broadcast, o mercado é unânime quanto à manutenção da Selic em 15% nesta reunião do Copom. A maioria das instituições (74%) prevê que a taxa fique estável nesse nível até, pelo menos, o final do ano. Para 2026, a mediana indica redução da Selic até 12,38%.
Leia também: Copom aumenta taxa Selic para 15% ao ano, maior nível em quase 20 anos
Para analistas consultados pela Broadcast, embora a economia comece a mostrar os primeiros sinais de que a decisão de manter os juros nesse patamar está surtindo efeito, ainda é cedo para o colegiado mudar de direção ou mesmo abrir espaço para que o mercado passe a apostar em cortes ainda neste ano.

Espaço para cortes

"Vai se consolidando, gradativamente, um ambiente que sugere que 15% é muito alto, mas, ao mesmo tempo, não é um ambiente que sugere muito espaço para cortes de juros ainda. Ainda estamos muito distantes do objetivo", afirma o economista-chefe da XP Investimentos, Caio Megale.
Desde a última reunião do Copom, em 30 de julho, as medianas do relatório Focus (pesquisa semanal do BC realizada com centenas de instituições financeiras) para o IPCA de 2025 e 2026 arrefeceram, de 5,09% e 4,43% para 4,83% e 4,30%, respectivamente. Os números, porém, continuaram sensivelmente acima do centro da meta de 3%. A cotação do dólar usada no cenário de referência do Comitê deve cair de R$ 5,55 para R$ 5,40 - o que pode permitir que o Copom reduza sua projeção para inflação no primeiro trimestre de 2027, de 3,40% para cerca de 3,30%, segundo cálculos da XP e do Santander Brasil.
Quanto à atividade econômica, o resultado do PIB do segundo trimestre mostrou desaceleração, com crescimento de 0,4%, ante 1,3% de janeiro a março. Na inflação, o IPCA-15 de agosto registrou a maior queda mensal desde setembro de 2022. A análise qualitativa, porém, mostrou métricas de serviços ainda pressionadas. Quanto ao mercado de trabalho, os dados de julho do Caged mostraram perda de ritmo, mas com criação de novos empregos formais. O saldo positivo foi de 129.775 vagas, o menor para o mês desde 2020.
Megale, da XP, estima que, caso o cenário positivo que vem se desenhando se concretize, haverá espaço para que o Comitê inicie os cortes de juros, no ritmo de 0,50 ponto porcentual, em janeiro.
A corretora projeta que as reduções levem a Selic a 12%, um nível que aproveita o espaço que o BC terá para cortar, mas que se mantém "conservador o suficiente", considerando as incertezas do período eleitoral. 
Já a economista-sênior da LCA 4Intelligence, Thais Zara, avalia que o cenário segue parecido com o registrado na reunião de julho, o que abre pouco espaço para mudanças na comunicação. "A comunicação tem sido bem enfática na questão da convergência da inflação", diz.
 A 4Intelligence projeta manutenção da Selic em 15% até março do ano que vem, quando prevê início de um ciclo de cortes que deve levar a taxa a 12,50%. Sobre os eventos recentes no cenário econômico, Zara avalia que é possível que o colegiado volte a citar as tarifas impostas pelos Estados Unidos ao Brasil, mas, com a ponderação de que os efeitos sobre a inflação tendem a ser moderados. Já quanto ao ambiente doméstico, a divulgação do Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2026 não deve alterar a visão já expressa sobre o cenário fiscal.

Não mexer em time que está ganhando

Para o economista Marco Caruso, head de política monetária do Santander, deve prevalecer nessa reunião a máxima de "não mexer em time que está ganhando". Ele prevê que o Comitê manterá a mensagem de "continuar a interrupção do ciclo de alta para observar os efeitos do ciclo empreendido". Ele projeta cortes da Selic a partir de janeiro de 2026, levando a taxa até 13%, mas não descarta uma postergação do início para março.
Caruso analisa que ainda não é possível cravar que o ritmo de desaceleração da atividade e a moderação da inflação serão suficientes para convergência à meta no horizonte relevante. Enfatiza também que o atual horizonte de política monetária está localizado no período pós-eleição, o que aumenta a incerteza em torno dele.
Ele avalia que o comunicado de setembro tende a ser neutro em relação ao de julho, com possibilidade de algum alívio no cenário internacional, diante da perspectiva de corte de juros pelo Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos), também nesta quarta-feira, e do fato de que não se concretizou, pelo menos por enquanto, o temor de que houvesse um escalonamento das tarifas impostas pelos Estados Unidos ao Brasil.
Palavras-chave BC Copom Selic juros

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