Foto: Envato Elements
Por Joyce Canele
redacao@viva.com.brPesadelos recorrentes podem ter uma causa pouco óbvia: a solidão. A falta de laços sociais, além de impactar a saúde mental e o bem-estar, também pode influenciar diretamente a frequência e a intensidade dos sonhos ruins.
Segundo uma nova pesquisa publicada no Journal of Psychology e conduzida por cientistas da Oregon State University, nos Estados Unidos, pessoas que se sentem solitárias relatam mais pesadelos. A explicação, segundo os autores, é que a solidão gera estresse emocional, que funciona como um gatilho para essas experiências negativas durante o sono. O estudo pode ser acessado em PubMed.
Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores analisaram dois conjuntos de dados. O primeiro envolveu informações de 827 adultos que participaram de uma pesquisa anterior sobre vínculos afetivos. Os resultados mostraram que quanto maior a solidão relatada, maior também era a ocorrência de pesadelos.
Já o segundo conjunto reuniu dados mais recentes de 782 voluntários dos Estados Unidos. Eles responderam a questionários sobre seus sentimentos de solidão e níveis de estresse. Nessa fase, foi possível observar que a solidão afeta tanto a frequência quanto a intensidade dos pesadelos.
Os especialistas explicam que esses sonhos perturbadores tendem a ser mais vívidos e assustadores, prejudicando o descanso profundo e restaurador. Embora a ligação entre solidão e pesadelos já tenha sido observada em outras pesquisas, os mecanismos por trás dessa relação ainda não são completamente compreendidos.
Uma das teorias levantadas é baseada na ideia evolutiva da solidão. De acordo com essa linha de pensamento, a sensação de estar sozinho sinaliza ao organismo uma falta de suporte social, algo essencial para a sobrevivência humana ao longo da história. Essa ausência de vínculos faz com que o corpo fique em estado de alerta, o que pode gerar mais pensamentos repetitivos e preocupação excessiva, dificultando o relaxamento necessário para um sono tranquilo.
Esse estado de tensão contínua pode, por sua vez, alimentar o surgimento de pesadelos. Além de interferir no descanso, essas experiências noturnas afetam o humor, a concentração e até o metabolismo, impactando o equilíbrio do corpo ao longo do dia.
Para os autores do estudo, a descoberta reforça a importância das conexões sociais como parte do cuidado com a saúde mental. A equipe pretende agora investigar se o conteúdo dos pesadelos também é influenciado pela solidão e quais estratégias poderiam ajudar a reduzir essas experiências desagradáveis.
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