São Paulo, 18/07/2025 - O Supremo Tribunal Federal (STF) justificou os mandatos de busca e apreensão expedidos contra o ex-presidente
Jair Bolsonaro, na manhã desta sexta-feira, pelos fortes indícios de participação em atos criminosos, com o objetivo de obstruir a Justiça, coagir autoridades e
atentar contra a soberania nacional.
Para o ministro Alexandre de Moraes, as condutas representam uma “ousadia criminosa” que não pode ser tolerada. “A soberania nacional não pode, não deve e jamais será vilipendiada, negociada ou extorquida”, disse na decisão judicial.
O documento cita a participação do filho do ex-presidente, o deputado sem exercício, Eduardo Bolsonaro, nos Estados Unidos para buscar sanções internacionais contra autoridades brasileiras, incluindo ministros do STF, membros da Procuradoria-Geral da República (PGR) e da Polícia Federal (PF), com a alegação de "perseguição política".
"As condutas de Jair Messias Bolsonaro se alinham ao modus operandi de seu filho, Eduardo Bolsonaro, incorrendo na possível prática de crimes graves contra o Estado brasileiro", expõe o ministro.
Colocada a público a pouco, a decisão aponta que Bolsonaro interviu diretamente na crise política entre Brasil e Estados Unidos, ao conceder apoio financeiro a Eduardo Bolsonaro, de R$ 2 milhões via Pix, ao fazer postagens nas redes sociais que fomentaram a descredibilização do Supremo e PGR, ao contatar autoridades estrangeiras, incluindo reunião com membro do Departamento de Estado dos EUA, e apoiar e celebrar ações hostis anunciadas por Donald Trump, que definiram
taxas para produtos brasileiros de 50% a partir de 1º de agosto.
As medidas cautelares impostas ao ex-presidente incluem o uso de
tornozeleira eletrônica, toque de recolher diário – antes das 7h e depois das 19h, e integralmente aos finais de semana. Além disso, o ex-presidente não pode contatar autoridades diplomáticas, outros investigados e utilizar as redes sociais. Na manhã desta sexta-feira, foram apreendidos pela PF US$14 mil na residência de Bolsonaro.
Bolsonaro nega que iria deixar o País
Na saída da sede da Polícia Federal, em Brasília, o ex-presidente condenou a decisão do Supremo e disse não planejar fuga do País. "Sair do Brasil é a coisa mais fácil que tem, nunca pensei em sair daqui ou ir para embaixada". Bolsonaro voltou a citar que as discussões em 2022 se pautaram em cima de um pedido de estado de sítio e não de golpe. "O objetivo disso [operação da PF] é a 'suprema' humilhação".
O ex-presidente declarou há pouco que o seu filho, deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) não articulou a imposição de tarifas contra o Brasil. "Foram do Trump", disse. As falas contrastam com declarações feitas ao longo da última semana por Eduardo e pelo próprio pai, que admitiram a influência junto à Casa Branca na tentativa de colher apoio do presidente Donald Trump. “Estou me sentindo humilhado com tornozeleira e sem poder falar com Eduardo”, afirmou após as medidas da PF.