São Paulo, 01/12/2025 - O Ministério da Saúde publicou neste domingo (30/11) uma nota destacando que o alho não deve ser usado para substituir o uso de antibióticos em casos de infecção bacteriana.
Esse alimento vem sendo citado há anos em sites e postagens nas redes sociais como um 'antibiótico natural', mas com indicações que passam longe do uso culinário.
Em alguns posts, por exemplo, a recomendação é inserir o alho inteiro em orifícios como ouvido ou canal vaginal, com o intuito de conter problemas como otite ou corrimento vaginal.
Em redes sociais, o alho aparece como antibiótico natural, mas pode ser prejudicial - Reprodução/Instagram
A nota do ministério destaca, porém, queisso pode piorar um quadro de saúde, caso a pessoa não faça o tratamento adequado e que "achar que um alimento, chá ou mistura pode fazer o trabalho de um medicamento é cair numa falsa sensação de segurança".
"Além de não curar infecções, usar alho diretamente na pele pode causar queimaduras e irritações graves, especialmente em regiões sensíveis, como a área genital - agravando, por exemplo, sintomas de candidíase em vez de aliviar', destaca o Ministério da Saúde.
Qual a relação do alho com os antibióticos?
É verdade que o alho oferece efeitos anti-inflamatórios, antioxidantes, cardioprotetores e até imunomoduladores, mas não pode ser indicado para tratar infecções, nem substitui a amoxicilina ou qualquer outro antibiótico.
Segundo a nota, o benefício vem da alicina, uma substância com ação antimicrobiana e antifúngica. Estudos em laboratório mostram que ele pode inibir o crescimento do fungo Candida albicans. "Mas aí está o ponto crucial: isso é observado apenas em testes de laboratório, não em pessoas", alerta o comunicado.
Pelas regras da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o alho é categorizado apenas como alimento e não passou por testes importantes que garantem a liberação como medicamento. Já os antibióticos e antifúngicos liberados no Brasil são testados, estudados e aprovados após extensa pesquisa científica.
"Eles têm doses, mecanismos de ação e indicações precisas e, quando indicados, devem ser usados como indica um profissional de saúde. Já o alho não foi comprovado clinicamente como tratamento para nenhuma infecção", completa a nota.
Alho é um alimento funcional?
Sim, segundo nutricionista Andrea Emanuela Chaud Hallvass, da UniCesumar, o alho faz parte da categoria de alimentos funcionais que ajudam a dar imunidade.
"Alimentos funcionais são aqueles que, consumidos como parte da dieta habitual, produzem efeitos metabólicos, fisiológicos ou benéficos à saúde, além de suas funções nutricionais básicas, desde que esses efeitos sejam comprovados cientificamente", disse ao VIVA.
Nesse sentido, ela destaca que, se consumidos como parte de uma dieta equilibrada, os alimentos funcionais podem atuar como aliados na promoção da saúde e na prevenção, "desde que seja feito com orientação e bom senso".
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