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Por Beatriz Duranzi
redacao@viva.com.brSão Paulo, 04/09/2025 - A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o uso do mirvetuximabe soravtansina, conhecido comercialmente como Elahere, para pacientes com câncer de ovário.
Trata-se do primeiro tratamento no país voltado a casos que não respondem mais à quimioterapia padrão com platina e que apresentam altos níveis de um marcador específico, o receptor de folato alfa (FRα).
A decisão foi publicada no Diário Oficial da União na última segunda-feira (1) e marca um avanço, já que há mais de oito anos não surgiam novas alternativas para esse grupo de pacientes no Brasil.
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O Elahere pertence à classe dos conjugados anticorpo-fármaco (ADC). Essa tecnologia combina um anticorpo direcionado ao receptor FRα com uma carga quimioterápica, capaz de destruir células tumorais de forma mais seletiva, preservando em grande parte os tecidos saudáveis.
Segundo estudo publicado no New England Journal of Medicine e conduzido pela farmacêutica AbbVie, a medicação é a primeira a demonstrar benefício em sobrevida global em comparação à quimioterapia convencional, em ensaios clínicos de fase 3.
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A aprovação pela Anvisa se baseou em uma pesquisa internacional com mais de 450 pacientes. Os principais resultados foram:
Os dados foram apresentados no congresso da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO), um dos maiores eventos científicos da área.
O uso do medicamento depende da confirmação do biomarcador FRα, identificado por meio de um exame de imuno-histoquímica já disponível em laboratórios brasileiros. Apenas pacientes com tumores de alta expressão desse receptor são elegíveis para receber o tratamento.
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O câncer de ovário é considerado o mais letal entre os tumores ginecológicos, em parte porque costuma ser diagnosticado em estágios avançados. No Brasil, o Instituto Nacional de Câncer (INCA) estima cerca de 7,3 mil novos casos por ano.
Com a aprovação da Anvisa, o Elahere passa a integrar o arsenal terapêutico disponível no país. No entanto, ainda não há definição sobre sua inclusão no rol da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) nem no Sistema Único de Saúde (SUS).
Nos Estados Unidos e na Europa, o medicamento já havia sido liberado em 2024.
Apesar de não ser curativo, o Elahere é considerado paliativo com potencial de prolongar a sobrevida, reduzir sintomas e proporcionar mais qualidade de vida às pacientes com câncer de ovário.
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