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Por Joyce Canele
redacao@viva.com.brSão Paulo, 06/08/2025 - O mês de agosto chegou e, com ele, a campanha Agosto Branco, voltada à conscientização e combate ao câncer de pulmão, um dos tipos mais letais da doença, que ainda afeta milhares de brasileiros todos os anos.
Embora o tabagismo continue sendo o principal fator de risco, os especialistas alertam: os casos entre não fumantes estão aumentando, e a poluição do ar tem se destacado como um dos grandes vilões da saúde respiratória.
Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), o Brasil deve registrar cerca de 32 mil novos diagnósticos de câncer de pulmão por ano entre 2023 e 2025.
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O pneumologista Valter Eduardo Kusnir, da Santa Casa de Mauá, lembra que os pulmões exercem funções vitais para o organismo, como a oxigenação do sangue e a eliminação do dióxido de carbono.
Quando esse sistema é comprometido, surgem consequências graves como falta de oxigênio no sangue, cansaço, confusão mental, tontura, danos cerebrais e cardíacos”, afirma.
A situação torna-se ainda mais preocupante diante do aumento de diagnósticos em pessoas que nunca fumaram.
Um estudo da revista The Lancet Respiratory Medicine, publicado pela Agência Internacional para Pesquisa sobre o Câncer (IARC), da Organização Mundial da Saúde (OMS), mostrou que esse perfil é cada vez mais comum, especialmente entre mulheres. Fatores como:
Estão entre os principais responsáveis.
A oncologista Mariana Cunha, do Hospital Orizonti, aponta que o tipo mais comum de câncer de pulmão em não fumantes é o adenocarcinoma, frequentemente associado à exposição ambiental.
Esse é um impacto silencioso, mas profundo, especialmente nas grandes cidades, onde respirar o ar puro realmente se tornou um desafio cotidiano”.
A médica ressalta que cerca de 200 mil casos desse subtipo foram relacionados à poluição do ar em 2022, segundo estimativas da mesma publicação científica. Quando o assunto é câncer de pulmão falamos também sobre planejamento urbano que inclui transportes mais limpos, qualidade do ar e políticas públicas.
A campanha de prevenção também reforça os riscos trazidos por dispositivos eletrônicos para fumar, como vaporizadores e cigarros eletrônicos.
Apesar de sua popularização entre os jovens, esses produtos não são inofensivos. De acordo com Valter Kusnir, os dispositivos não são seguros, além de diversos riscos de danos para o organismo causa dependência de nicotina.
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Além do tabaco e da poluição, outros fatores que contribuem para o desenvolvimento do câncer de pulmão incluem infecções:
O diagnóstico costuma ser feito por meio de exames como raio-X, tomografia de tórax e PET-Scan, com confirmação via biópsia. Em casos iniciais, a cirurgia é a principal forma de tratamento.
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Já nos quadros mais avançados, podem ser utilizadas quimioterapia, radioterapia e, mais recentemente, imunoterapia, abordagem que estimula o sistema imunológico a reconhecer e destruir células tumorais.
A biotecnologia também tem revolucionado o tratamento por meio dos biomedicamentos, que agem de forma direcionada sobre os mecanismos do câncer. Heraldo Marchezini, CEO da Biomm, explica que o uso de biomedicamentos é crucial na transformação do tratamento oncológico no Brasil.
“Ampliar o acesso a essas inovações é essencial para promover mais saúde, bem-estar e contribuir para a sustentabilidade dos sistemas de saúde”.
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Agosto Branco é, portanto, um convite para refletirmos sobre o impacto dos nossos hábitos, da poluição e cobrar políticas públicas voltadas à qualidade do ar.
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