Foto: Envato Elements
Por Joyce Canele
[email protected]São Paulo, 24/06/2025 - Um estudo feito pela Faculdade de Medicina de Botucatu da Universidade Estadual Paulista (FMB-Unesp) mostrou que a vitamina D, quando usada em doses baixas, pode aumentar a eficácia da quimioterapia em mulheres com câncer de mama.
O artigo da pesquisa, apoiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), envolveu 80 mulheres com mais de 45 anos atendidas no ambulatório de oncologia do Hospital das Clínicas da FMB-Unesp.
As participantes foram divididas em dois grupos: metade recebeu cápsulas com 2.000 unidades internacionais (UI) de vitamina D por dia e a outra metade tomou comprimidos placebo. Após seis meses de quimioterapia, 43% das mulheres que tomaram a vitamina apresentaram desaparecimento do tumor, contra 24% no grupo que recebeu o placebo. Todas estavam em tratamento neoadjuvante, tipo de quimioterapia usada para reduzir o tumor antes da cirurgia.
Apesar do número pequeno de participantes, os resultados mostraram uma diferença importante na resposta ao tratamento. A dose utilizada, de 2.000 UI por dia, está abaixo do valor considerado terapêutico em casos de deficiência da vitamina, o que indica que mesmo pequenas quantidades podem ter efeitos positivos.
A vitamina D é um hormônio essencial para a saúde dos ossos, pois ajuda na absorção de cálcio e fósforo. Nos últimos anos, pesquisas vêm apontando também o papel dessa substância no funcionamento do sistema imunológico e na prevenção de doenças, inclusive o câncer. A principal forma de obtê-la é por meio da exposição ao sol e da alimentação.
Para adultos sem deficiência, a recomendação diária é de 600 UI, enquanto idosos devem consumir 800 UI. Em excesso, porém, a vitamina pode causar efeitos colaterais como vômito, fraqueza e até cálculos renais. No estudo da Unesp, a maioria das mulheres apresentava níveis considerados baixos da substância no sangue, abaixo de 20 nanogramas por mililitro. Com a suplementação diária, esses níveis aumentaram ao longo do tratamento, o que pode ter contribuído para os melhores resultados.
A Sociedade Brasileira de Reumatologia considera ideais os níveis entre 40 e 70 nanogramas por mililitro. Além de ser segura, a vitamina D é uma alternativa de baixo custo em comparação a outras drogas usadas para intensificar a quimioterapia, algumas das quais não estão disponíveis no Sistema Único de Saúde.
Os pesquisadores acreditam que os dados obtidos justificam novos estudos com mais participantes, para entender melhor como a substância pode ajudar no tratamento e aumentar as chances de cura do câncer de mama.
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