Além da catarata: doenças silenciosas da retina preocupam especialistas no mês da saúde ocular

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Em julho, aumentamos a conscientização sobre os cuidados com a saúde dos olhos - Foto: Envato Elements
Em julho, aumentamos a conscientização sobre os cuidados com a saúde dos olhos

Por Beatriz Duranzi

redacao@viva.com.br
Publicado em 29/07/2025, às 08h14

Julho é o mês dedicado à saúde ocular, uma oportunidade para ampliar a consciência sobre os cuidados com os olhos e alertar para doenças menos conhecidas, mas que representam um risco crescente à visão

Entre elas estão a Degeneração Macular Relacionada à Idade (DMRI) e o Edema Macular Diabético (EMD), condições que afetam diretamente a retina e, se não tratadas a tempo, podem levar à cegueira central irreversível.

Apesar de a catarata ser comumente associada à perda da visão, especialistas alertam que doenças como DMRI e EMD também têm grande impacto, principalmente entre idosos e pessoas com diabetes. 

Ambas exigem diagnóstico precoce, acompanhamento constante e acesso a terapias adequadas para preservar a autonomia e a qualidade de vida dos pacientes.

O que é a DMRI?

A Degeneração Macular Relacionada à Idade é uma doença degenerativa e progressiva que atinge a mácula, região central da retina responsável por funções visuais essenciais, como ler, reconhecer rostos e realizar tarefas cotidianas. 

A forma mais agressiva da DMRI, conhecida como "úmida", evolui rapidamente e pode comprometer de forma significativa a visão central, mantendo, em geral, apenas a visão periférica.

A DMRI é hoje uma das principais causas de cegueira em pessoas acima dos 60 anos em todo o mundo.

O que é o Edema Macular Diabético?

O EMD, por sua vez, é uma complicação da retinopatia diabética, desencadeada por danos nos vasos sanguíneos da retina devido ao excesso de glicose no sangue. 

O problema gera inchaço na mácula, distorção visual e, muitas vezes, só é percebido quando a perda visual já é significativa.

Tanto quem tem diabetes tipo 1 quanto tipo 2 está sujeito ao EMD, especialmente se o controle da glicemia for inadequado. Por ser uma doença silenciosa, o diagnóstico muitas vezes ocorre tardiamente, o que dificulta o tratamento e agrava os riscos de perda da visão.

Falta de adesão ao tratamento ainda é um obstáculo

Uma pesquisa inédita conduzida pela FGV/CPDOC, em parceria com a ONG Retina Brasil e apoio da Roche Farma Brasil, traçou um retrato preocupante da realidade dos pacientes com essas doenças. 

Dos 155 entrevistados com diagnóstico de DMRI ou EMD em todas as regiões do país, 29% relataram já ter abandonado o tratamento ao menos uma vez.

Os motivos são variados: desde a rotina cansativa, deslocamento até centros especializados e o medo de injeções intraoculares, até a falta de estrutura para garantir um acompanhamento contínuo. 

“Essa quebra na adesão pode levar à perda de visão irreversível”, alerta a oftalmologista Patrícia Kakizaki, especialista em retina pela UNIFESP.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), apenas metade das pessoas com doenças crônicas seguem corretamente seus planos de tratamento. No caso das doenças da retina, a falta de cuidado contínuo pode custar a independência visual do paciente.

Reabilitação e apoio ainda são insuficientes

Outro dado alarmante do estudo é que apenas 20% dos pacientes fizeram algum tipo de reabilitação visual, fundamental para restaurar a autonomia após a perda parcial da visão. Entre os que tiveram acesso, muitos relataram melhora na mobilidade, no uso de serviços básicos e nas relações sociais.

Já entre os que não buscaram ou não tiveram acesso à reabilitação, surgem barreiras como ausência de serviços nas cidades, custo elevado, distância dos centros de atendimento e falta de rede de apoio. 

Fatores que, somados, acabam por agravar a exclusão social e funcional dessas pessoas.

Avanços e futuro do cuidado com a retina

Apesar dos desafios, os especialistas destacam que já existem tratamentos eficazes que estabilizam o quadro visual e proporcionam mais conforto aos pacientes. Porém, o cuidado precisa ir além do consultório. 

“É preciso ouvir o paciente, entender sua jornada e garantir acesso a uma rede completa de cuidados, com reabilitação, apoio emocional e infraestrutura adequada”, reforça Patrícia Kakizaki.

Para Rogério Mauad, gerente executivo de estratégia médica em oftalmologia da Roche, o avanço tecnológico será um aliado importante. 

As novas tecnologias ajudarão a diminuir as limitações impostas pelas doenças da retina, permitindo maior independência e qualidade de vida. “Queremos que todo paciente diagnosticado possa viver com mais autonomia, confiança e dignidade”, afirma.

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