Foto: Envato Elements
Por Beatriz Duranzi
redacao@viva.com.brSão Paulo, 27/07/2025 - Você já parou para pensar nas consequências do que coloca no prato todos os dias? Além de influenciar diretamente na saúde, a alimentação também tem um impacto importante no meio ambiente e na sua vida saudável.
De acordo com um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e da Universidade Técnica da Dinamarca, é possível ter uma ideia concreta de quanto tempo de vida saudável pode ser ganho, ou perdido, a depender das escolhas feitas à mesa.
O estudo analisou 33 alimentos populares no Brasil, levando em consideração tanto o impacto nutricional quanto os efeitos ambientais de cada um. Os resultados revelam dados preocupantes sobre os hábitos alimentares da população brasileira.
Para medir esse impacto, os cientistas utilizaram o Índice Nutricional de Saúde (HENI), que estima o efeito de cada alimento em minutos de vida saudável perdidos ou ganhos.
O cálculo leva em conta 15 fatores nutricionais associados a doenças crônicas, com base em dados do projeto Global Burden of Disease, uma das maiores iniciativas de saúde pública do mundo.
De acordo com a pesquisa, o consumo diário de 115 gramas de biscoito recheado, o equivalente a menos de um pacote, pode representar uma perda média de 39 minutos de vida saudável. E essa conta vai ficando mais pesada quanto mais frequente for o consumo ao longo dos anos.
Entre os piores colocados da lista estão:
Além dos impactos diretos na saúde, esses alimentos também estão associados a altas emissões de CO₂ e uso excessivo de água em sua produção. Um exemplo é a pizza de mussarela, que consome mais de 306 litros de água por porção, e a carne bovina, que emite mais de 21 kg de CO₂ por prato.
Por outro lado, o estudo também identificou alimentos que contribuem para o ganho de minutos saudáveis, reforçando a importância de uma alimentação baseada em vegetais e alimentos minimamente processados. Entre os melhores resultados estão:
A banana, além de ter ótimo desempenho no quesito saúde, também se destaca ambientalmente, com emissão de apenas 0,1 kg de CO₂ e uso de 14,8 litros de água por porção, valores muito abaixo dos alimentos de origem animal.
A pesquisa também avaliou os padrões alimentares em diferentes regiões do país e constatou uma monotonia alimentar, com base em arroz, feijão e carnes, e baixa diversidade de alimentos nativos.
As regiões com pior desempenho no índice incluíram o Nordeste e parte do Norte, onde os impactos na saúde variaram entre – 61,15 minutos (carne seca) e +41,43 minutos (açaí com granola).
Para Marhya Júlia Silva Leite, primeira autora do estudo, “melhorar os sistemas alimentares vai muito além de informar a população sobre escolhas saudáveis. É preciso garantir acesso real, contínuo e acessível a alimentos saudáveis, especialmente para as pessoas em situação de vulnerabilidade social”.
O estudo reforça que cada escolha alimentar conta, para o corpo e para o planeta. Pequenas mudanças no cardápio diário podem representar ganhos significativos em tempo de vida saudável e ainda reduzir o impacto ambiental da alimentação.
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