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Fim de ano tem alta de acidentes de trânsito; saiba como agir e se prevenir

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Evitar bebida alcoólica, respeitar os limites de velocidade e manter distância ajudam a reduzir riscos - Envato
Evitar bebida alcoólica, respeitar os limites de velocidade e manter distância ajudam a reduzir riscos
Por Bianca Bibiano

26/12/2025 | 12h00

São Paulo, 26/12/2025 - O fim do ano é uma época típica de maior movimentação nas ruas e estradas, e, também, período em que se registra um aumento nos acidentes de trânsito. Muitos deles poderiam ser evitados com atitudes simples, como respeitar os limites de velocidade, usar a seta e manter distância segura do veículo à frente.  

Segundo dados do Detran-SP, nos meses de novembro e dezembro de 2024 foram registradas 981 mortes em acidentes de trânsito no Estado de São Paulo. Desse total, 467 ocorreram em novembro e 514 em dezembro, envolvendo as cidades do interior de São Paulo e da região metropolitana. A nível nacional, dados do anuário da Polícia Rodoviária Federal (PRF) mostram que mais de seis mil pessoas perderam a vida nas estradas do País em 2024. 

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O peso da imprudência e a prevenção nas estradas

Os acidentes de trânsito são a principal causa de politraumatismo, condição caracterizada por múltiplas lesões graves em diferentes partes do corpo, e representam uma das principais causas de sobrecarga nos prontos-socorros e hospitais do País, observa o presidente da Sociedade Brasileira de Trauma Ortopédico (SBTO), Robinson Esteves.

Cada acidente grave que chega ao hospital representa muito mais do que números: são famílias que sofrem, vidas que podem mudar para sempre, em razão de sequelas, e uma sobrecarga enorme para os profissionais de saúde.”

"É uma situação que não afeta apenas os pacientes, mas toda a sociedade. Politraumatismos podem gerar sequelas permanentes, afastamento do trabalho e impactos emocionais profundos”, completa Esteves.

Redução de riscos

Para reduzir o risco de acidentes de trânsito, é fundamental adotar atitudes simples no dia a dia. Evitar o consumo de bebida alcoólica antes de dirigir, respeitar os limites de velocidade e manter distância segura dos outros veículos são medidas que fazem toda a diferença. “Pequenas atitudes podem salvar vidas. Dirigir com atenção e responsabilidade é cuidar de si e de quem está ao seu redor”, reforça o médico. 

Mesmo com atenção, acidentes podem acontecer, e o uso correto do cinto de segurança e do capacete, nos casos dos motociclistas, é essencial para reduzir a gravidade das lesões. Esses cuidados podem evitar fraturas mais graves, que muitas vezes exigem cirurgias e longos períodos de recuperação.

“Grande parte das fraturas poderia ser evitada se as pessoas usassem os itens de proteção corretamente e tivessem mais cuidado com atitudes de risco. A imprudência, infelizmente, ainda é uma das principais causas de mortes por acidentes de trânsito”, conclui.

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Como agir em casos de acidente de trânsito

Diante dos números alarmantes de acidentes, o cirurgião torácico Igor Renato Louro, da Rede São Camilo, reforça a importância de saber como agir corretamente em situações de acidente. "O atendimento inadequado pode agravar o quadro clínico da vítima. Em casos de lesão na coluna, por exemplo, movimentos errados podem provocar danos irreversíveis, como paralisia. Já no tórax, condições como pneumotórax ou hemorragias internas exigem diagnóstico rápido e tratamento imediato para evitar o óbito", explica.

Após sinalizar o local e acionar o serviço de emergência, quem presencia um acidente de trânsito pode, com cautela, oferecer ajuda até a chegada do socorro profissional. O especialista ressalta que pequenas ações, quando bem executadas, podem ser decisivas para a segurança da vítima.

  • Avalie antes de agir e sempre observe a segurança do local antes de qualquer contato; verifique se há riscos como vazamentos de combustível, incêndios ou fios elétricos expostos. Em situações de perigo, o ideal é manter distância e aguardar os profissionais.
  • Evite mover a vítima. Não tente remover a pessoa do local, a menos que haja uma ameaça imediata, como risco de explosão ou novo atropelamento. “Movimentações inadequadas podem agravar lesões na coluna e causar sequelas permanentes”, alerta o especialista.
  • Atenção à consciência e respiração. Se possível, aproxime-se com cuidado para checar se a vítima está consciente e respirando. Em caso de sangramentos visíveis, faça compressão direta com um pano limpo. Objetos que estejam penetrando o corpo da vítima não devem ser removidos e, no caso de motociclistas, o capacete deve ser mantido no lugar.
  • Não ofereça líquidos, alimentos ou remédios às vítimas. Tranquilize a pessoa. Converse com calma, informe que o socorro está a caminho e tente mantê-la consciente e estável.

“É importante lembrar que o papel de quem está no local do acidente não é o de um profissional de saúde, mas sim estabilizar a situação e garantir a segurança até a ajuda chegar”, comenta ele.

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Como evitar que lesões graves?

Segundo Igor Renato Louro, entre as principais lesões torácicas estão: pneumotórax; fraturas de costelas com sangramento; grandes contusões pulmonares; lesões da aorta torácica; lesões do esôfago torácico; lesões da veia cava superior; contusões e ferimentos cardíacos; lesões do diafragma. 

“Todas essas condições podem ser potencialmente fatais se não tratadas rapidamente. As lesões pulmonares decorrentes de trauma são consideradas graves, pois podem causar hemorragias, pneumotórax e até insuficiência respiratória. Quando extensas, podem levar ao óbito. Mesmo lesões menores exigem avaliação imediata e acompanhamento médico especializado”, alerta o cirurgião.

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O cirurgião torácico ressalta que algumas medidas de segurança podem fazer com que as chances de lesões graves em um acidente sejam menores, dentre elas:

  • O uso de cinto de segurança para motoristas e passageiros;
  • Capacete e jaqueta de proteção para motociclistas;
  • Respeito aos limites de velocidade da via.

O especialista ressalta que pacientes idosos são mais vulneráveis e suscetíveis a complicações. “Por exemplo, fraturas de costelas podem causar colapso pulmonar (atelectasia) e pneumonia. Com isso, muitos idosos têm comorbidades como diabetes e doenças cardíacas, e usam anticoagulantes, o que aumenta o risco de sangramentos graves”, finaliza.

Locais de risco

Embora muitas vezes tratados como fatalidades, os acidentes de trânsito configuram um problema de saúde pública e seguem padrões que, quando analisados, permitem identificar causas associadas às ocorrências. É o que aponta um estudo divulgado este ano pelo Programa de Pós-Graduação em Gestão Urbana da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), em parceria com a Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR).

A partir de registros de acidentes de 2004 a 2024 em rodovias do Paraná, os pesquisadores treinaram um algoritmo utilizando variáveis como tipo de via, iluminação, velocidade, clima e presença de áreas urbanas. 

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Os resultados indicaram que, no período analisado, a presença de perímetro urbano esteve associada a um aumento de 90% na ocorrência de acidentes. Outros fatores que contribuíram de forma significativa para a frequência dos sinistros incluem: presença de segunda ou terceira faixa (65,8%), maior sinuosidade do terreno (62,2%), áreas de ultrapassagem com sinalização por linha tracejada (56,3%), presença de acostamento (53,9%) e iluminação insuficiente nas vias (48,2%). 

Quanto à gravidade dos acidentes, a análise revelou correlação com a presença de perímetro urbano (93,5%), maior sinuosidade do terreno (66,8%), baixa iluminação (62,1%), áreas de ultrapassagem (59,7%) e velocidades mais elevadas nas vias (44,5%). Esses resultados reforçam a importância de medidas de mitigação, como a implantação de vias de contorno, passagens em desnível, radares, lombadas eletrônicas, sinalização vertical e semáforos, para reduzir a severidade dos acidentes. 

“A metodologia desenvolvida permite identificar padrões recorrentes por meio de regras de associação que revelam as causas ou fatores relacionados aos acidentes. Com essas informações, o poder público consegue tomar decisões para mitigar as ocorrências, como melhorar a sinalização, diminuir o limite de velocidade no trecho ou aprimorar as condições de drenagem”, explica o doutorando e pesquisador da PUCPR Gabriel Troyan Rodrigues, um dos responsáveis pela pesquisa. 

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