Quer envelhecer com mais saúde? Veja como a geriatria pode ajudar

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A geriatria também desempenha papel fundamental na oferta de cuidados paliativos - Foto: Envato Elements
A geriatria também desempenha papel fundamental na oferta de cuidados paliativos

Por Joyce Canele e Bianca Bibiano

redacao@viva.com.br
Publicado em 11/08/2025, às 16h28

São Paulo, 11/08/2025 - Com o aumento da expectativa de vida no Brasil e no mundo, a atenção à saúde da população idosa se torna cada vez mais necessária. Nesse cenário, a geriatria se destaca como uma especialidade médica essencial, voltada exclusivamente para o cuidado com pessoas a partir dos 60 anos.

Diferentemente do que muitos imaginam, não diz respeito somente a tratar doenças, mas de compreender o envelhecimento como um processo natural, com suas particularidades e demandas próprias.

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Segundo a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG),a geriatria tem como objetivo principal promover um envelhecimento saudável, prevenindo doenças, identificando precocemente alterações físicas e cognitivas e oferecendo um cuidado mais abrangente e individualizado.

Assim como a pediatria foca nas necessidades específicas das crianças, a geriatria reconhece que os idosos também exigem uma abordagem diferenciada, tanto no diagnóstico quanto no tratamento.

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O que faz um geriatra?

O geriatra é um médico com formação especializada, obtida por meio de residência médica reconhecida em geriatria, sua atuação vai além da prescrição de medicamentos.

Ele realiza uma avaliação global do paciente, considerando aspectos físicos, emocionais e sociais que podem influenciar diretamente na qualidade de vida.

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As consultas com esse especialista costumam ser mais longas, pois envolvem o uso de escalas, testes cognitivos e análise do cotidiano do paciente. Entre as condições mais frequentemente acompanhadas pelo geriatra estão doenças crônicas como:

  • Hipertensão;
  • Diabetes;
  • Osteoporose; e
  • Demências (como o Alzheimer).

Além de queixas comuns nessa fase da vida, como quedas, tonturas, incontinência urinária e perda de funcionalidade.

Qual formação deve ter o geriatra?

Segundo Eduardo Canteiro-Cruz, diretor administrativo da SBGG, existem dois percursos formativos para um médico ser qualificado como geriatra. No primeiro, o profissional que concluiu medicina deve se submeter à residência com formação em clínica médica, com duração de dois anos. Após esse tempo, faz uma nova prova para entrar na residência focada em geriatria, com mais dois anos de duração. Ao final, obtém o certificado para registro de qualificação de especialista.

A segunda possibilidade é por meio da prova de título, uma concesão da Associação Médica Brasileira aplicada pela SBGG. Para essa prova, há requisitos: ter cumprido a residência, ou ter feito alguma especialização em geriatria com carga horária compatível ou, ainda, ser profissional da área com atuação comprovada com pacientes idosos. Nesse caso, a comprovação deve ser de quatro anos na área e validada por um par titulado em geriatria.

Atuação conjunta multidisciplinares

O médico geriatra muitas vezes trabalha ao lado de fisioterapeutas, nutricionistas, psicólogos, enfermeiros e assistentes sociais, construindo um plano de cuidado integral e individualizado. Esses profissionais, por sua vez, podem ser certificados como especialistas em gerontologia.

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Essa integração favorece tratamentos mais eficazes e seguros, especialmente em casos de pacientes que utilizam múltiplos medicamentos ou enfrentam limitações físicas.

Geriatria especialidade
Buscar o acompanhamento de um geriatra não deve ser visto como um sinal de fragilidade / Foto: Envato Elements

A geriatria também desempenha papel fundamental na oferta de cuidados paliativos, acompanhando idosos com doenças graves ou sem possibilidade de cura, garantindo conforto, alívio da dor e suporte à família nesse momento delicado.

Com o avanço da medicina e das políticas públicas voltadas à pessoa idosa, a geriatria ganha ainda mais relevância. É uma ciência em constante evolução, que busca não apenas prolongar a vida, mas garantir que ela seja vivida com dignidade, autonomia e bem-estar.

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Desafios da formação em geriatria

Apesar dos benefícios dessa especialidade para a prevenção de saúde em pessoas idosas, Canteiro-Cruz explica que existem alguns gargalos na formação de profissionais nessa área. O primeiro é que a maioria das faculdades de medicina não conta com geriatria como disciplina na sua formação curricular. "Dessa forma, se eles não têm contato, é difícil que acabem optando ou colocando essa atividade no escopo de possibilidades após a graduação". 

Há também um problema de falta de vagas em residências médicas para todos os formados. "Mesmo com uma quantidade enorme de médicos sendo formados, apenas 30% têm possibilidade de fazer a formação no que consideramos como 'padrão ouro', que inclui a residência. Acabamos limitando o acesso pela quantidade de vagas", observa.

Atualmente, apenas 16 Estados têm residência em geriatria, sendo a maioria das vagas concentrada em Pernambuco, Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. "Há estados com grande quantidade de idosos, por exemplo, Santa Catarina, onde não há uma vaga de residência credenciada para formação em geriatria. Isso é um grande problema, não estamos pensando nos próximos anos", conclui.

Clique aqui e confira aqui um mapa completo das residências em geriatria reconhecidas pelo Ministério da Educação (MEC) no País.

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