H. pylori: veja os sintomas da bactéria que é mais comum do que parece

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Essa bactéria perigosa pode se comportar de maneira silenciosa - Foto: Envato Elements
Essa bactéria perigosa pode se comportar de maneira silenciosa

Por Beatriz Duranzi

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Publicado em 09/06/2025, às 13h53 - Atualizado às 13h54

A Helicobacter pylori (H. pylori) é uma bactéria em espiral, gram-negativa, que coloniza a mucosa do estômago. Descoberta no início da década de 1980 pelos pesquisadores Barry Marshall e Robin Warren, conquistou o Prêmio Nobel de Medicina em 2005.

É altamente prevalente: estima-se que infecte mais da metade da população mundial, com taxas em países em desenvolvimento chegando a 70–90%, de acordo com cartilha da Editora SBCSaúde. No Brasil, a infecção costuma ocorrer ainda na infância, muitas vezes assintomática, mas pode perdurar por toda vida.

A contaminação ocorre principalmente via oral–oral ou fecal–oral. Fontes comuns incluem água e alimentos não tratados, contatos pessoais (saliva, utensílios) e falta de higiene, como não lavar as mãos adequadamente.

Sintomas e complicações da H. pylori

Sintomas iniciais

Em muitos casos, a infecção é silenciosa. Quando surgem sintomas, geralmente são decorrentes de gastrite: azia, indigestão, desconforto ou dor na parte superior do abdômen.

Sintomas avançados

  • Queimação intensa, emagrecimento, náuseas, vômitos e mau hálito podem indicar úlceras gástricas ou duodenais.
  • Sangramento gastrointestinal e falta de apetite podem ser sinais graves, como úlceras hemorrágicas ou risco de câncer.

Principais complicações

  • Gastrite crônica: inflamação persistente da mucosa. 
  • Úlceras pépticas: cerca de 10% dos infectados desenvolvem úlceras.
  • Câncer gástrico: a OMS classifica H. pylori como carcinógeno do tipo I. Estima‑se que erradicar a infecção poderia prevenir até 80% dos casos de câncer de estômago.
  • Linfoma MALT: aumento do risco de linfoma associado à mucosa gástrica.
  • Anemia e má-absorção: pode interferir na absorção de ferro e vitamina B12.

Diagnóstico

  • Teste respiratório com ureia (13C): método padrão-ouro não invasivo tanto para diagnóstico quanto para confirmar cura 
  • Antígeno fecal: também usado para diagnóstico e verificação pós-tratamento 
  • Sorologia (anticorpos no sangue): indica exposição, mas não necessariamente infecção ativa 
  • Endoscopia com biópsia: indicada em casos com sintomas graves ou sinais de alarme (sangramento, perda de peso).

Tratamento

O tratamento visa erradicar a bactéria usando combinações de:

  • Terapia tripla: inibidor de bomba de prótons (IBP), amoxicilina e claritromicina por 14 dias, esgoto usado no Brasil.
  • Terapia quádrupla com bismuto: IBP + sal de bismuto + metronidazol + tetraciclina por 14 dias, recomendada em locais com resistência à claritromicina ou segundo diretrizes internacionais.

No Brasil, o uso de IBP por 14 dias aumenta a taxa de cura em aproximadamente 10% em comparação com 7 dias, especialmente com esomeprazol ou rabeprazol, segundo a Associação de Gastroenterologia do Rio de Janeiro.

Após o tratamento, é recomendável repetir o teste respiratório ou fecal após 4 semanas para confirmar a erradicação. 

Prevenção

  • Mantenha higiene rigorosa: lave bem as mãos, utensílios e alimentos.
  • Prefira água tratada e evite consumir alimentos crus mal lavados.
  • Evite compartilhar utensílios ou copos com pessoas infectadas.
  • A melhora do saneamento básico e condições socioeconômicas reduz bastante a prevalência.

Quando investigar?

  • Adultos com dispepsia persistente (azia, dor) sem sinais de alarme e idade 40–45 anos: é recomendado o “teste e trate”.
  • Quem tem úlcera péptica ativa, anemia inexplicada, linfoma MALT ou plano para uso prolongado de anti-inflamatórios/aspirina deve ser testado e tratado quando positivo.

A infecção por H. pylori é comum, muitas vezes silenciosa, mas com potencial para causar problemas digestivos graves e até câncer. Felizmente, possui diagnóstico preciso e tratamentos eficazes, especialmente quando combinados com hábitos básicos de higiene e alimentação consciente. Se tiver sintomas descritos, procure um médico: uma simples avaliação pode prevenir consequências mais sérias no futuro.

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