Iniciar exercícios após os 50 pode trazer ganhos concretos, diz especialista
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Por Larissa Crippa
redacao@viva.com.brSão Paulo, 05/12/2025 - Pesquisadores da Universidade de Oslo concluíram que se exercitar pode aumentar em até cinco anos a expectativa de vida de um idoso. Mais do que isso, pode ser tão eficiente quanto parar de fumar. O estudo acompanhou 5.700 noruegueses, entre 68 e 77 anos, durante 12 anos, comprovando que a prática regular de exercícios em qualquer fase da vida gera benefícios reais e mensuráveis.
Débora Veríssimo Médici, personal trainer e especialista em prescrição de exercícios para prevenção de doenças pelo Hospital Israelita Albert Einstein, explica que o início após os 50 traz ganhos rápidos, concretos e acessíveis, desde que o processo seja gradual e orientado.
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Bom momento para começar
Segundo Débora, dezembro favorece tanto o aspecto emocional quanto o prático. Os dias mais longos e ensolarados aumentam a disposição e tornam mais convidativas as atividades ao ar livre. A chegada do verão funciona como estímulo natural para colocar o corpo em movimento, além de ajudar a quebrar a “promessa eterna” de começar apenas no próximo ano. A especialista reforça ainda que há tempo suficiente para estabelecer uma rotina consistente antes de janeiro, o que aumenta consideravelmente as chances de continuidade. Diretrizes da World Health Organization (WHO) e do American College of Sports Medicine (ACSM) mostram que iniciar atividade física em qualquer idade reduz mortalidade, melhora força, equilíbrio e qualidade de vida, inclusive quando o pontapé inicial acontece após os 50.
E como dar o primeiro passo?
Antes de qualquer treino, Débora recomenda uma avaliação física básica, que considera mobilidade, flexibilidade, força, equilíbrio e possíveis limitações. Esse diagnóstico orienta escolhas seguras e evita lesões.
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Em seguida, a fase inicial deve priorizar exercícios simples e de baixo impacto, como caminhada, treino de força com peso do próprio corpo, mobilidade de quadril e ombros, além de exercícios de equilíbrio (como apoio em um pé ou passos laterais). A progressão, segundo ela, deve ser calma e estruturada: 2 a 3 treinos semanais, de intensidade leve a moderada, com evolução gradual conforme o corpo se adapta.
O que priorizar?
Para pessoas 50+, há um tripé indispensável:
Treino de força (prioridade absoluta)
- Agachamento
- Elevação de quadril
- Flexão na parede
- Sentar e levantar (sit-to-stand)
- Yoga voltado ao fortalecimento
Equilíbrio
- Caminhada em linha
- Apoio unipodal
- Passos laterais com elástico
- Yoga
Mobilidade
- Mobilidade de quadril
- Rotação torácica
- Mobilidade de ombros
- Yoga
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Atividades de cardio leve a moderado, como caminhada, bicicleta ergométrica e hidroginástica, complementam o programa, melhorando capacidade cardiovascular.
Exercícios que devem ser evitados no início
Débora alerta que certos estímulos exigem técnica e força prévias e, por isso, não devem compor as primeiras semanas de treino:
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- Treinamento Intervalado de Alta Intensidade (HIIT) muito intenso
- Saltos e exercícios com movimentos rápidos e explosivos (pliométricos)
- Corrida pesada para quem nunca correu
- Cargas elevadas logo no início
- Movimentos que comprimem a coluna sem preparo, como agachamento pesado com barra
A profissional explica que primeiro se deve dominar a técnica, depois, aumentar intensidade e complexidade.
Sarcopenia: a perda de massa muscular muda tudo
A partir dos 50, a perda natural de massa muscular, fenômeno chamado de sarcopenia, pode chegar a 1% ao ano, afetando força, mobilidade, metabolismo e equilíbrio. Estudos publicados no Journal of Cachexia, Sarcopenia and Muscle apontam o treino de força como o método mais eficaz para frear, reverter e até recuperar massa muscular perdida. Por isso, diz Débora, treinar força “não é opcional, é essencial”.
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Mas também é necessário estar atento a reações adversas. A especialista destaca que ouvir o corpo é indispensável. Em caso de dor aguda e persistente, falta de ar exagerada, tontura ou visão turva, palpitações, inchaço articular anormal, dor no peito e fadiga intensa por mais de 48 horas após o treino, é necessário pensar em pausas e ajustes
Cuidados especiais no verão
Para treinar com segurança durante o calor:
- evite horários entre 11h e 16h
- use roupas leves
- prefira sombra, ambientes ventilados ou locais fechados
- faça pausas mais longas
- reforce hidratação antes, durante e depois
Débora destaca que o calor aumenta o estresse cardiovascular e a perda de líquidos, o que torna os cuidados ainda mais importantes para esse público. Por isso, é importante beber pelo menos 200 a 300 ml de água 30 minutos antes do exercício, continuar dando pequenos goles durante o treino, principalmente em dias mais quentes, e repor eletrólitos em treinos longos.
Hidratar, comer bem e não desistir
Além de se manter hidratado, é importante manter uma dieta balanceada que comporte o novo estilo de vida. Débora destaca que recomendações específicas devem contar com orientação nutricional individualizada, mas para o básico, recomenda:
- priorização de proteínas
- carboidrato leve antes do treino (como frutas ou torrada)
- refeições ricas em vegetais, fibras e gorduras boas
- evitar treinar em jejum prolongado
Os resultados tendem a surgir rapidamente quando há consistência: em cerca de duas semanas, muitos relatam mais energia e redução de dores; após quatro semanas, o equilíbrio e a confiança começam a melhorar; entre seis e oito semanas, já é possível notar um aumento perceptível de força; e, por volta de 12 semanas, mudanças visíveis aparecem na postura, nas pernas, nos braços e na cintura.
Aos 50+, reforça Débora, o corpo “responde muito bem ao estímulo certo”, e cada progresso representa um ganho real de autonomia, saúde e qualidade de vida.
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