Jovens têm mais internações por saúde mental e procuram menos atendimento
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10/12/2025 | 10h46
São Paulo, 10/12/2025 - Jovens enfrentam mais internações devido a problemas de saúde mental e realizam menos acompanhamentos com profissionais de saúde. É o que aponta um relatório da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que analisou os números de internações e acompanhamentos de pessoas entre 15 e 29 anos, de 2022 a 2024.
A investigação revelou uma taxa nacional de 579,5 internações para cada 100 mil habitantes nesse grupo etário. Quando a idade é dividida em subgrupos, os dados se tornam ainda mais preocupantes: entre as pessoas de 25 a 29 anos, a taxa de internação é de 719,7 casos para cada 100 mil habitantes. As causas listadas para as internações no estudo incluem esquizofrenia, transtornos esquizotípicos e delirantes, além de transtornos de humor.
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Entre os jovens, homens pardos representam o grupo que mais passa por internações em comparação com mulheres, com uma diferença de 57%. Entre as internações masculinas, o abuso de múltiplas substâncias psicoativas é a principal causa, correspondendo a 68,7% dos casos, seguido pela cocaína (13,2%) e pelo álcool (11,5%).
Especialistas da Fiocruz indicam que essa diferença está associada a um conjunto de fatores sociais, culturais e econômicos. Um deles é a valorização da força e autossuficiência entre os homens mais jovens, que dificulta a busca por ajuda informal e profissional.
Atendimentos
O relatório observou que os atendimentos na Atenção Primária à Saúde (APS) para a população em geral (24,3%) são superiores aos realizados na população jovem (11,3%), revelando um acesso mais restrito entre as idades de 15 a 29 anos.
Homens são os que mais realizam atendimentos por saúde mental na APS, somando 26 atendimentos dessa demanda a cada 100 atendimentos efetuados. Em relação às mulheres jovens, os atendimentos são ainda menores: 9 de saúde mental para cada 100 atendimentos gerais.
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Para obter os dados, o relatório, elaborado por pesquisadores da Agenda Jovem Fiocruz e da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, analisou as bases de dados do Sistema Único de Saúde (SUS) sobre internações hospitalares, óbitos e atendimentos na APS. Também usaram dados do Censo 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para calcular as taxas de mortalidade e de internação.
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