Foto: Emanuele Almeida/Viva
Publicado em 28/10/2025, às 14h25
O ex-presidente da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), Januário Montone, alertou durante o Fórum São Paulo Longevidade, nesta terça-feira, 28, que a falta de engajamento e de integração digital dos beneficiários de planos de assistência médica com mais de 60 anos pode comprometer a sustentabilidade do setor nos próximos anos.
Isso porque a população acima de 60 anos, em 2024, representava aproximadamente 15% de todos os beneficiários de planos de assistência médica, segundo dados da ANS. E, dentre a todos os brasileiros dessa faixa etária, quase 70% utiliza a internet todos os dias, de acordo com dados de 2024 da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad).
Contudo, o uso frequente da internet não significa que esse grupo possua o letramento digital necessário para acessar serviços online, interagir com assistentes virtuais e confiar em contatos por plataformas digitais, como os oferecidos pelos planos de saúde.
Diante desse cenário, Montone aponta que a falta de inclusão digital desse grupo poderá afetar o setor de saúde suplementar, já que a expectativa é de que o número de pessoas com mais de 60 anos no Brasil aumente exponencialmente nos próximos três a cinco anos.
O ex-presidente da ANS ressalta que é preciso trazer a assistência à saúde para o meio digital, uma vez que o acompanhamento preventivo, oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS), é uma prática essencial para esse grupo e pode ser adaptado pelos planos de saúde em formato digital, de maneira estratégica que consiga "ganhar" essas pessoas.
“Se o idoso usa a internet quase todo dia, será que não conseguimos fazer com que ele dedique 15 minutos desse tempo à sua saúde?”, questiona Montone.
No mesmo evento, o ex-diretor da ANS, João Luís Barroca avaliou que os próximos passos para que o setor de saúde suplementar acompanhe efetivamente as mudanças demográficas devem incluir estratégias voltadas ao público com mais de 60 anos.
“Hoje é mais difícil vender para esse público. Por quê? Porque não se pensa com a mentalidade dessa população”, criticou.
Januário Montone acrescenta que, mesmo após 25 anos da aprovação da Lei nº 9.656/1998, que dispõe sobre os planos e seguros privados de assistência à saúde, ainda se ouve que os idosos não deveriam ser prioridade dos planos de saúde — quando, na verdade, serão eles que moldarão o futuro do setor.
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Fórum Longevidade