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Terapia avançada para DPOC terá cobertura obrigatória dos planos de saúde

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A DPOC é uma inflamação apontada por estudos internacionais como a terceira causa de morte no mundo. Ela afeta o pulmão, causando grave crise respiratória - Envato
A DPOC é uma inflamação apontada por estudos internacionais como a terceira causa de morte no mundo. Ela afeta o pulmão, causando grave crise respiratória
Bianca Bibiano
Por Bianca Bibiano bianca.bibiano@viva.com.br

Publicado em 05/12/2025, às 09h32 - Atualizado às 14h47

São Paulo, 04/12/2025 - A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) anunciou no último mês a incorporação de uma terapia imunobiológica para o tratamento da Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) em pacientes adultos, que passa a ter cobertura dos planos de saúde. 
A DPOC é apontada por estudos internacionais como a terceira causa de morte no mundo. Ela leva à inflamação e à ruptura dos alvéolos pulmonares (também conhecida como enfisema) e é erroneamente confundida com outros problemas respiratórios, como asma, pneumonia, bronquite e até mesmo gripe.
Segundo a médica Daniela Carlini, Medical Head de Imunologia na Sanofi Brasil, existe uma prevalência maior da DPOC em pacientes acima dos 50 anos de idade, sendo que estudos clínicos frequentemente incluem pacientes na faixa etária de 40 a 80 anos.
"A idade é um fator importante que afeta o curso da doença, com evolução geralmente mais desfavorável à medida que a idade avança, especialmente após os 70 anos."
Além disso, destaca a especialista, pacientes com DPOC acima dos 50 anos frequentemente apresentam comorbidades que complicam o quadro clínico, como doenças cardiovasculares, hipertensão arterial, doença coronariana, diabetes, insuficiência cardíaca, insuficiência renal e câncer.
Pacientes acima dos 50 anos também tendem a apresentar tosse persistente mais intensa, produção excessiva de catarro, falta de ar que pode comprometer significativamente atividades diárias e claro, maior frequência e gravidade das exacerbações. "Consequentemente, o impacto na qualidade de vida desses pacientes também pode ser maior, com distúrbios do sono, ansiedade e depressão que são mais comuns em idosos com DPOC", diz Carlini.
Os quadros de exacerbação são episódios de piora aguda dos sintomas respiratórios, como aumento da falta de ar, tosse, cansaço e produção de catarro, e são o alvo do novo tratamento integrante do rol da ANS. Chamado de dupilumabe, o medicamento é a primeira terapia avançada para DPOC, sendo capaz de reduzir as crises moderadas e graves em até 34% e possibilitando a recuperação da qualidade de vida dos pacientes, de acordo com a fabricante. 
O seu objetivo é complementar a terapia inalatória padrão e reduzir as crises em pacientes acima de 18 anos, sem limite máximo de idade para uso. Ainda segundo a fabricante, o medicamento atua especificamente nos casos de DPOC tipo 2, considerada a forma mais grave da doença.
"Esses pacientes, em especial os 50+, têm maior risco de exacerbações moderadas a graves que necessitam de tratamento com corticosteroides sistêmicos, uso de antibióticos e até mesmo hospitalização. Também necessitam um monitoramento mais frequente, e devem ser acompanhados de forma mais próxima, com reavaliações clínicas e funcionais."
Carlini diz ainda que, quando não é adequadamente controlada, a doença representa um fator de aceleração do envelhecimento biológico, impactando não apenas o sistema respiratório, mas também múltiplos sistemas orgânicos, resultando em declínio funcional mais rápido e comprometimento da qualidade de vida.
"Essas especificidades destacam a importância de uma abordagem personalizada e multidisciplinar para pacientes com DPOC, especialmente acima dos 50 anos, considerando as características próprias do envelhecimento, comorbidades e a evolução natural mais acelerada da doença nesta faixa etária", conclui.

Tratamento no SUS também é ampliado

Nesta sexta-feira, o Ministério da Saúde publicou no Diário Oficial da União a versão atualizada do Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), oficializando a adoção de novas recomendações diagnósticas e terapêuticas para os pacientes atendidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Entre as mudanças, está a inclusão da terapia tripla em dispositivo único como opção de tratamento para pacientes graves e exacerbadores, alinhando o cuidado prestado no sistema público às diretrizes da GOLD (Global Initiative for Chronic Obstructive Lung Disease, na sigla em inglês), referência internacional para diagnóstico e manejo da doença.
Para especialistas, a publicação representa um avanço na modernização do tratamento da DPOC no País. “A incorporação da terapia tripla representa uma ampliação relevante das opções terapêuticas. O tratamento tende a ser cada vez mais personalizado, considerando o perfil e a evolução clínica de cada pessoa”, afirma o pneumologista Roberto Stirbulov, Coordenador da Comissão de DPOC da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT).
Com a terapia tripla oficialmente contemplada no novo protocolo, pacientes em acompanhamento poderão precisar de reavaliação médica para eventual ajuste da prescrição às diretrizes atualizadas.

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