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Por Bárbara Ferreira, especial para o Viva
redacao@viva.com.brSão Paulo, 14/11/2025 - O diabetes é a principal causa de cegueira em pessoas entre 20 e 60 anos, segundo o Ministério da Saúde, o que abrange boa parte da idade produtiva.
A data de hoje, 14 de novembro, marca o Dia Mundial do Diabetes, que busca reforçar a importância da prevenção e do tratamento adequado em um País que tem cerca de 16,6 milhões de pessoas com a doença.
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Ao VIVA, o médico Paulo Rizzo, endocrinologista e membro da Sociedade Brasileira de Diabetes, disse que a perda visual é uma das complicações crônicas do diabetes mal controlado.
A retinopatia diabética, complicação oftalmológica da doença, ocorre por conta de lesões nos vasos da retina causadas pela hiperglicemia, esclarece Rizzo, destacando que essa possibilidade deve ser rastreada anualmente em todos os pacientes.
“Isso é muito significativo, porque são pessoas que estão trabalhando, que estão levando as atividades do dia a dia, produzindo, e acabam perdendo a visão.”
O Brasil é o sexto no mundo com maior número de adultos que lidam com a doença, segundo Atlas da Federação Internacional de Diabetes (IDF).
O manejo adequado do diabetes pode evitar um quadro de cegueira, segundo o endocrinologista Ronaldo Pineda Wieselberg, presidente da Associação de Diabetes Brasil (ADJ). Os níveis de glicemia controlados são fatores determinantes para evitar complicações: em jejum, precisa estar abaixo de 130 e, após refeição, não pode ultrapassar 180, explica.
Quando acontece desequilíbrio, pode acontecer uma redução de parte da visão ou até mesmo a perda total, que são detectados durante o exame do fundo do olho. Segundo Wieselberg, casos de perda parcial podem ser tratados com medicação, muitas vezes injetadas dentro do olho. “Existem alguns procedimentos oftalmológicos, mas, a gente nunca consegue garantir necessariamente que o efeito vai ser adequado”, pondera.
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De acordo com o médico oftalmologista Oswaldo Brasil, presidente da Sociedade Brasileira de Oftalmologia, o quadro de cegueira está associado ao descontrole sistêmico, metabólico, de dieta, estilo de vida e ainda à falta do diagnóstico precoce do diabetes.
“As possibilidades da pessoa ficar parcialmente ou totalmente cega vêm da progressão da doença. Passar muito tempo sem diagnóstico ou demorar para acessar o tratamento leva a evolução do quadro, assim como toda doença crônica que depende de controle.”
Ao se detectar um edema, é possível tratar e conseguir reverter. Se há uma hemorragia do olho, é possível fazer cirurgia. Porém, em quadros mais graves, a evolução desses vasos anormais pode causar um glaucoma neovascular, em que o controle passa a ser mais difícil. "Algumas vezes, existem quadros onde há isquemia, perda de viabilidade de tecido e dano por descolamento prolongado, que podem ser irreversíveis”, explica o oftalmologista.
Diabetes é uma condição crônica e não transmissível, caracterizada pelo aumento de glicose (em palavras simples, alto nível de açúcar) no sangue, explica Wieselberg.
Existem dois tipos de diabetes: o tipo 1, mais raro, é uma condição autoimune em que o organismo ataca as células que normalmente produzem insulina; e o tipo 2, mais comum, associado à obesidade e genética, no qual há resistência do corpo à ação da insulina que é produzida naturalmente.
O diabetes é frequentemente assintomático. Em fases de descompensação de glicemia, sintomas como perda de peso, excesso de volume urinário principalmente à noite, aumento exagerado de apetite, sede excessiva e visão turva podem aparecer, destaca Rizzo.
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O tratamento depende do tipo do diabetes.
O tipo 1 exige administração de insulina desde o diagnóstico, enquanto no tipo 2 pode-se utilizar medicações que reduzem a produção de glicose pelo próprio corpo e diminuem a resistência à ação da insulina, como metformina e gliclazida, as famosas canetas emagrecedoras ou "medicamentos injetáveis para o tratamento do diabetes".
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Segundo Wieselberg, as canetas são formas sintéticas do hormônio que garante a saciedade, o GLP-1. “Isso faz com que a velocidade de esvaziamento do estômago e do trato digestório diminua, além de aumentar a saciedade dos alimentos”, explicou. Com isso, a secreção de insulina dependente de glicose aumenta no pâncreas.
“O acesso a informações erradas sobre a doença e o tratamento por pseudo-especialistas têm dificultado o manejo adequado do diabetes, com escassez dos produtos para quem realmente precisa.”
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