Facebook Viva Youtube Viva Instagram Viva Linkedin Viva

Entenda o que é renda fixa e as opções de investimentos disponíveis

Envato

Na renda fixa, o investidor sabe logo de início qual será a forma de remuneração - Envato
Na renda fixa, o investidor sabe logo de início qual será a forma de remuneração

Por Thiago Lasco

redacao@viva.com.br
Publicado em 22/10/2025, às 08h32 - Atualizado às 14h29
São Paulo, 22/10/2025 - Se você começou a se interessar por investimentos e ler textos e notícias sobre esse universo, é muito provável que já tenha se deparado com a expressão "renda fixa". E isso não é por acaso. Os produtos de investimento que se enquadram nessa categoria são muito populares porque oferecem um retorno mais previsível ao investidor, sem oscilações bruscas (ou seja, com “baixa volatilidade”, no jargão do mercado).
Por isso, eles fazem sentido para um grande número de pessoas: desde as de perfil mais conservador, que estão mais preocupadas em proteger o próprio patrimônio, até as de perfil mais arrojado, que aceitam se expor a um risco maior - e ainda assim precisam de produtos mais "seguros" para equilibrar sua carteira de investimentos.
Leia também: Você sabe o que é inflação e quais são os principais índices?

Chama renda fixa por quê, os ganhos são fixos?

Não exatamente. Não se sabe de antemão quanto o investidor vai ganhar, mas não é surpresa, porque o critério de remuneração já é conhecido desde o momento em que ele faz o investimento.
Na renda fixa, o investidor empresta dinheiro por um prazo determinado para o governo, para um banco, para uma gestora de fundos ou para uma empresa, até uma data de vencimento, na qual esse valor será devolvido, acrescido de uma quantia de juros. Esses juros são o retorno do investimento e a recompensa que o investidor receberá por ter ficado com o dinheiro indisponível (“sem liquidez”, no jargão do mercado) pelo tempo de duração da aplicação financeira.
Fica mais fácil entender esse conceito quando se olha para a outra categoria de investimentos, a renda variável - cujos exemplos mais conhecidos são as ações. Por isso, vamos fazer um parêntese.

Qual a diferença de renda fixa e variável?

A principal característica dos investimentos de renda variável é que eles flutuam livremente ao sabor do mercado. As ações são como pedacinhos do capital de uma empresa. Quem compra esses papéis está emprestando dinheiro para a empresa usar em seu crescimento - e faz isso com a expectativa de que os papéis se valorizem e possam ser revendidos no futuro por um preço maior, gerando lucro. Portanto, o retorno positivo do investimento em ações está condicionado a essa hipótese: que esses papéis se valorizem no mercado.
Leia também: Vai entrar na Bolsa? Aprenda como começar
Mas isso pode ocorrer ou não, por fatores que fogem ao controle do investidor. Se vaza na imprensa a notícia de que uma companhia aérea está adquirindo uma concorrente, por exemplo, o valor dos seus papéis na Bolsa certamente vai subir, pois mais pessoas vão correr para investir nessa empresa, que ficará mais forte no mercado.
Por outro lado, se uma grande companhia se vê envolvida em um escândalo, como uma grande fraude contábil ou um desastre ambiental, o resultado será o inverso: a tendência é que vários investidores “desembarquem” e o valor dos papéis caia de forma acentuada.
Veja que, em ambos os casos, o valor dos papéis pode disparar ou despencar de um dia para o outro. Nem todos os investidores suportam trancos dessa magnitude.
Já com a renda fixa, a conversa é bem diferente. Aqui, o investidor está comprando papéis do governo, de um banco, títulos de dívida corporativa (de empresas), ou ainda cotas de fundos de investimento.
Isso não quer dizer, porém, que o montante em dinheiro que o investidor vai receber seja fixo, como podem pensar alguns. Pode ser que o rendimento do investimento seja um percentual fixo do valor investido, mas ele também pode ser calculado com base em uma taxa, como a taxa básica de juros (Selic) ou a própria taxa de inflação (refletida no índice IPCA).
O mais importante é que, salvo em situações específicas, o rendimento da renda fixa costuma cumprir o combinado se o investidor carregar os papéis até o vencimento. Ou seja, se a pessoa não precisar resgatar o dinheiro antecipadamente, ela receberá exatamente a taxa de remuneração acordada no incício do contrato, descontada a alíquota de imposto de renda sobre o rendimento proporcional ao prazo (tabela regressiva de investimentos para pessoa física).

O que é título pós-fixado e prefixado?

Em termos de remuneração, os investimentos de renda fixa se dividem em três grupos: os prefixados, os pós-fixados e os atrelados à inflação (que possuem um componente pós e um prefixado, como veremos a seguir).
Nos títulos prefixados, a taxa de juros é definida e conhecida no momento da aplicação. Um exemplo: juros de 15% ao ano. Assim, desde o início o investidor já pode calcular quanto exatamente receberá no vencimento do papel. É a modalidade mais previsível de remuneração e isso pode ser um facilitador para quem tem objetivos financeiros específicos.
Leia também: Investidor acima dos 60 é quem aplica mais dinheiro no Tesouro Educa+
Nos títulos pós-fixados, a remuneração acompanha um índice de referência, como o CDI ou a Selic (taxa básica de juros). Esse índice é atualizado periodicamente pelo Banco Central. Por exemplo, 120% do CDI. Quando a taxa do CDI sobe, o rendimento do título também sobe. Por isso, esse tipo de papel fica especialmente atrativo em épocas de ciclo de alta de juros na economia.
Já no terceiro grupo, a remuneração tem dois componentes: a variação da inflação (geralmente, o índice de referência é o IPCA), mais uma taxa prefixada de juros. Um exemplo: IPCA + 8% ao ano. Esses papéis são queridinhos nas estratégias de investimento de longo prazo, já que garantem juros reais, ou seja, pagam necessariamente acima da inflação, protegendo a carteira e garantindo a manutenção do poder de compra do investidor ao longo do tempo.

Como investir em renda fixa?

O primeiro passo é abrir uma conta em uma corretora de investimentos ou banco que ofereça produtos de renda fixa. Conforme o caso, você poderá contar com a ajuda de um gerente ou analista para orientá-lo e ajudar na escolha dos produtos, de acordo com os seus objetivos financeiros e o horizonte de tempo disponível para a aplicação (ou seja, por quanto tempo poderá deixar o dinheiro investido).
Feita a construção da estratégia, é só executar as aplicações na plataforma da corretora ou banco, dividindo o montante que será investido em títulos de diferentes instituições, com os prazos que atendem às suas necessidades.
Leia também: É a hora de investir em FIIS? Especialistas dizem que sim

Renda fixa também tem riscos?

Depende. Você pode emprestar para o governo federal, ao comprar títulos públicos, conhecidos popularmente como Tesouro Direto. Eles ajudam não só a financiar a dívida pública, mas também a custear os investimentos do governo em áreas como educação, saúde e infraestrutura. Esses papéis são os mais seguros do mercado de renda fixa, já que o investidor só não receberia conforme o combinado se o governo "quebrasse".
Leia também: Entenda como funciona o Tesouro Direto e perca de vez a fobia financeira
Você também pode emprestar para bancos. Eles emitem diversos tipos de papéis que os investidores podem comprar. O mais conhecido deles é o CDB (Certificado de Depósito Bancário). O banco que emitiu o CDB vai usar os recursos que você investiu para emprestar aos clientes, cobrando taxas deles, bem como para outros tipos de negócios e operações financeiras que vão gerar lucro a essas instituições.
Há também a LCI (Letra de Crédito Imobiliário) e a LCA (Letra de Crédito do Agronegócio), que têm destinações específicas: por meio delas, os bancos financiam o setor imobiliário e o agronegócio, respectivamente, concedendo crédito a empresas desses setores.
Emprestar dinheiro para um banco privado comporta um risco que não existe nos títulos públicos: o risco de crédito. Se o banco que emitiu o papel vier a falir, ele não será capaz de honrar com seus compromissos e devolver o dinheiro aos investidores. Assim, quanto maior o risco financeiro de uma instituição (aferido por meio de uma avaliação de crédito), maior é a taxa de retorno (rentabilidade) que ela deve oferecer no papel, para compensar o risco aumentado ao investidor.
Os investimentos em CDB, LCI e LCA são protegidos pelo FGC (Fundo Garantidor de Créditos), uma entidade privada que atua como uma espécie de seguro para depósitos em bancos brasileiros, protegendo os investidores. Em caso de quebra do banco emissor do papel, ela garante a recuperação de até R$ 250 mil por cliente em cada instituição financeira associada. Assim, caso você tenha volumes maiores para investir, deve alocar no máximo R$ 250 mil em cada banco para se manter dentro do teto de proteção.
Por fim, existe a possibilidade de emprestar dinheiro para outras empresas privadas, que não são bancos. Os principais produtos de investimento desse grupo são a debênture, o CRI (Certificado de Recebíveis Imobiliários) e o CRA (Certificado de Recebíveis do Agronegócio).
A debênture é um papel emitido por uma companhia para captar recursos sem precisar recorrer a um empréstimo bancário. Já o CRI e o CRA são títulos emitidos com base em créditos que essas empresas têm a receber. No CRI, a origem do crédito é o setor imobiliário, como financiamentos e contratos de locação de longo prazo; já o CRA se baseia em empréstimos relacionados ao agronegócio.
Novamente, o risco desses investimentos está atrelado à saúde financeira (e possibilidade de eventual quebra) da empresa que tomou o crédito. Por isso, papéis de empresas com perfil de risco mais elevado pagam juros mais gordos ao investidor.
Mas aqui há uma peculiaridade importante: esses investimentos não contam com a proteção do FGC. Se a empresa perder capacidade de pagamento, o investidor ficará descoberto e poderá sofrer um calote. Por isso, mesmo oferecendo rentabilidade maior que a dos títulos públicos, o crédito privado é uma estratégia que pode não fazer sentido para os investidores de apetite a risco mais moderado.

Comentários

Política de comentários

Este espaço visa ampliar o debate sobre o assunto abordado na notícia, democrática e respeitosamente. Não são aceitos comentários anônimos nem que firam leis e princípios éticos e morais ou que promovam atividades ilícitas ou criminosas. Assim, comentários caluniosos, difamatórios, preconceituosos, ofensivos, agressivos, que usam palavras de baixo calão, incitam a violência, exprimam discurso de ódio ou contenham links são sumariamente deletados.

Gostou? Compartilhe

Últimas Notícias