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Você sabe a diferença entre poupar e caderneta de poupança?

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Data foi criada em 1924, em Milão (Itália), durante o primeiro Congresso Internacional de Economia - Envato
Data foi criada em 1924, em Milão (Itália), durante o primeiro Congresso Internacional de Economia
Fabiana Holtz
Por Fabiana Holtz fabiana.holtz@viva.com.br

Publicado em 31/10/2025, às 08h00

São Paulo, 31/10/2025 – A falta de planejamento financeiro é um assunto que tira o sono e atinge a saúde mental de milhões de brasileiros, mas nada melhor do que o dia mundial da poupança para esclarecer o tema. A data comemorada hoje surgiu em 1924, em Milão (Itália), durante o primeiro Congresso Internacional de Economia. A partir desse marco, os economistas pretendiam alertar sobre a necessidade de disciplina financeira, incentivar o hábito de poupar e conscientizar a população sobre a importância da construção de uma reserva para imprevistos.

No Brasil, a ideia de poupar sempre foi atrelada a caderneta de poupança, mas são conceitos diferentes e a explicação é simples. Para Dirlene Silva, economista e membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (CDESS) ligado ao Ministério das Relações Institucionais do Governo Federal, estamos falando de um conceito básico das finanças pessoais que merece ser esclarecido.

Leia também: Problemas financeiros atingem saúde emocional de 7 em cada 10 brasileiros

Quando falo de poupança digo que poupar é o dinheiro que deixamos de gastar. Há inclusive, diferença entre poupar e investir”, esclarece.

Dentro do CDESS, Silva participa do Comitê de Assuntos Econômicos (CAE) e lidera a pauta de educação financeira em parceria com a influenciadora Nath Finanças, criadora de conteúdos focados em educação financeira para pessoas de baixa renda.

Um exemplo de poupança, segundo ela: "mensalmente possuo um gasto de R$ 250,00 com energia elétrica. Usando estratégias de redução de consumo como diminuir o uso do ar condicionado, o tempo de banho, ligar o ferro de passar roupa somente uma vez por semana e etc. A minha fatura que era de R$ 250,00 baixou para R$ 200,00. Logo, eu poupei R$ 50,00”.

Silva lamenta que uma boa parte da população brasileira ainda considera que economia e finanças são assuntos da elite, distante da realidade. Logo, juntar dinheiro também. “Mesmo assim, já se pode observar uma mudança no comportamento financeiro das pessoas e isto acontece pelo aumento ao acesso à informação e a educação financeira”.

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Dirlene Silva vè uma mudança de padrão na população, que já tem uma nova relação com o dinheiro. Foto: Divulgação

A educadora financeira Lúcia Stradiotti, pós-graduada também em psicologia e vencedora do XP Educação Financeira Transforma, concorda que, quando se fala de poupar e em onde aplicar o seu dinheiro, o mercado financeiro por muito tempo foi visto como elitista.

A linguagem complexa do mercado financeiro, jargões técnicos e acesso restrito, inclusive com abordagem exclusivamente masculina, criaram uma barreira emocional. Principalmente para mulheres e pessoas de baixa renda.

A desconstrução desses preconceitos, afirma Stradiotti, começa com pequenas ações. Ela conta a história de uma aluna que a procurou depois de um divórcio, endividada e sem saber por onde começar.

"Com alguns meses de organização,  ela quitou as dívidas e começou com R$ 50 por mês em um CDB simples. Hoje ela faz viagens, visita os pais em outro estado e segue investindo”, afirma Lúcia.

A educadora financeira reforça que quando uma pessoa começa a fazer o dinheiro trabalhar por ela, rompe ciclos de dependência, seja de um emprego ou de um relacionamento abusivo.

O que é caderneta de poupança e como surgiu?

Criada em 1861 por Dom Pedro II, a caderneta de poupança surgiu a partir do Decreto 2.723 com a Caixa Econômica da Corte, que posteriormente foi renomeada para Caixa Econômica Federal. A origem do termo 'caderneta de poupança' está na operação do processo, visto que os depósitos eram registrados pelos funcionários da Caixa em um pequeno caderno (uma caderneta).

Em resumo, ela já existia mesmo antes do Brasil se tornar uma República, e desde então sempre foi associada ao ato de poupar.

A maior parte dos brasileiros ainda não sabe poupar, acrescenta Silva. “Os números não mentem. Segundo o Raio X do Investidor da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) divulgado neste ano, apenas 37% dos brasileiros investem em algum produto financeiro. Dos que investem, 23% investem em poupança”.

Como começar a poupar

Na avaliação da economista, entre as principais dificuldades da população para começar a poupar estão:

  • falta de hábito
  • insegurança
  • memória do passado de inflação
  • baixa renda e
  • consumo

“Considero a dificuldade de deixar de consumir é o principal fator”, acrescenta Silva, mencionando o sério comprometimento da renda de milhares de famílias provocado pelo fenômeno das bets, as apostas online.

“Há pessoas que acreditam que as bets são um tipo de investimento e aí deixam de aplicar o dinheiro ou até retiram da aplicação para jogar”, diz a economista.

Leia também: Vício em bets: saiba se você é um jogador compulsivo

Por onde começar

Para começar a poupar o primeiro passo recomendado por Stradiotti é fazer um mapeamento do seu custo de vida – uma espécie de raio-x das finanças da casa.

Com esse balanço planilhado, no Excel ou no seu caderninho, fica mais fácil identificar gastos que podem ser revistos e fazer ajustes na rotina. Segundo a educadora financeira, ao pontuar o ‘ralos financeiros’ do seu orçamento você tem mais claro o que precisa e pode ser corrigido.

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Para Lúcia Stradiotti, a desconstrução desses preconceitos começa com pequenas ações. Foto: Reprodução Instagram

Feito isso, é preciso estipular um valor que seja ‘possível e sustentável’ para começar a poupar. E por último, torne esse processo um hábito, com lembretes mensais ressaltando a importância desse depósito. O famoso ‘se pagar primeiro’.

“Ter esse hábito representa liberdade, realização. Esse é o primeiro passo para começar a planejar seus  investimestos”.

Quebrando tabus

Segundo recente pesquisa sobre “Consciência e prosperidade: a nova relação do brasileiro com o dinheiro”, realizada pelo Itaú Unibanco em parceria com o Grupo Consumoteca, entre os mais jovens o tema já é tratado de maneira mais fluida, sem preconceitos. Conforme o levantamento, 78% afirmaram não sentir mais desconforto em falar sobre dinheiro.

Para o antropólogo Michel Alcoforado, sócio-fundador do Grupo Consumoteca, os brasileiros entendem que falar de dinheiro é uma expressão de uma desejada autonomia. O tema tem deixado de ser individual e passou a fazer parte das conversas.

Além de contribuir para sua qualidade de vida e saúde emocional, Silva e Stradiotti reforçam que o ato de poupar depende muito mais do hábito do que na quantidade a ser guardada. E nesse contexto, nunca é tarde para adquirir novos hábitos.

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