Nova York, 12/09/2025 - O presidente Donald Trump classificou a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro como 'terrível' e afirmou estar 'muito descontente' com o resultado do julgamento. A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) fixou ao seu aliado pena de 27 anos e três meses em regime inicial fechado por tentar dar um golpe de Estado após perder as eleições de 2022.
"Estou muito descontente com isso... Acho que é uma coisa terrível. Muito terrível. Acho que é muito ruim para o Brasil", afirmou Trump, a jornalistas, na Casa Branca, mais cedo. Ele embarcou para Nova York para assistir a um jogo de beisebol
Trump disse ainda que ficou surpreso com o resultado do julgamento de Bolsonaro, e o comparou com a situação que ele próprio viveu. "É muito parecido com o que tentaram fazer comigo, mas não conseguiram", afirmou o republicano.
O chefe da Casa Branca teceu elogios a Bolsonaro em dois momentos, afirmando que ele é um bom homem e que foi um bom presidente. "E sempre o achei muito íntegro, muito notável, na verdade, como homem, um homem muito notável", acrescentou Trump.
Questionado sobre se aplicaria mais sanções ao Brasil, o chefe da Casa Branca não respondeu. O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, afirmou que o governo Trump responderá "adequadamente" a "essa caça às bruxas", em referência à condenação de Bolsonaro pelo STF.
"As perseguições políticas do violador de direitos humanos sancionado Alexandre de Moraes continuam, já que ele e outros membros do Supremo decidiram injustamente prender o ex-presidente Jair Bolsonaro. Os Estados Unidos responderão de forma adequada a essa caça às bruxas", escreveu Rubio, em seu perfil no X.
O Itamaraty considerou a fala do secretário de Estado dos EUA como uma 'ameaça'. "Ameaças como a feita hoje pelo Secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, em manifestação que ataca a autoridade brasileira e ignora os fatos e as contundentes provas dos autos, não intimidarão a nossa democracia".
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que não teme novas sanções dos EUA após a condenação de Bolsonaro. "Não temo. Não sei [se vêm]. Não posso ficar tentando adivinhar [...] Se ele vai tomar outras atitudes, é um problema dele. Vamos reagir na medida em que as medidas forem tomadas", afirmou, em entrevista à Rede Bandeirantes.
Há temor de que os EUA imponham novas sanções ao Brasil em resposta à condenação de Bolsonaro. Entre as possíveis medidas estão a suspensão de vistos de outras autoridades brasileiras e a aplicação de tarifas secundárias de 50% por potencial relação comercial com a Rússia, que tem sido alvo de sanções pela guerra da Ucrânia - patamar que, por si só, já inviabiliza transações. Fontes afirmam ainda que Viviane Barci Moraes, mulher do ministro Alexandre de Moraes, pode ser incluída na Lei Magnitsky em breve.
Nesta semana, a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, disse que os EUA estão dispostos a "usar meios militares" para "proteger a liberdade de expressão ao redor do mundo", ao ser questionada sobre eventual aplicação de novas medidas contra o Brasil.