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Por Joyce Canele
redacao@viva.com.brSão Paulo, 23/08/2025 -Um levantamento realizado nos Estados Unidos identificou que o uso da pregabalina, um analgésico comum não opioide amplamente prescrito para dor crônica, pode estar associado a um risco maior de insuficiência cardíaca (IC) em comparação ao uso de outras medicações.
Segundo a pesquisa publicada no periódico JAMA Network Open, analisou dados de mais de 246 mil beneficiários do Medicare (seguro saúde dos EUA), com idades entre 65 e 89 anos, tratados entre 2015 e 2018 para dor crônica não relacionada ao câncer.
Nenhum dos participantes tinha histórico prévio de insuficiência cardíaca ou doenças terminais.
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Entre eles, 18,6 mil iniciaram tratamento com pregabalina, enquanto 227,6 mil passaram a usar gabapentina.
Durante o acompanhamento, foram registradas 1.470 hospitalizações ou atendimentos de emergência por insuficiência cardíaca.
Os resultados mostraram que a taxa de IC foi de 18,2 casos por 1.000 pessoas-ano entre os usuários de pregabalina, contra 12,5 casos por 1.000 pessoas-ano entre os que usaram gabapentina.
Isso representa um risco 48% maior para quem iniciou tratamento com pregabalina.
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O risco foi ainda mais evidente entre pacientes com histórico de doenças cardiovasculares, nesses casos, a probabilidade de desenvolver insuficiência cardíaca foi 85% maior em comparação ao uso da gabapentina.
Já em relação à mortalidade geral, não houve diferença estatisticamente significativa entre os dois grupos.
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A pregabalina e a gabapentina pertencem à classe dos gabapentinoides, indicados para dor crônica e considerados alternativas mais seguras aos opioides, que trazem riscos de dependência e overdose.
Nos últimos anos, o uso desses medicamentos tem crescido nos EUA, sobretudo entre pessoas mais velhas.
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Embora ambos os remédios possam causar efeitos adversos cardiovasculares, a pregabalina apresenta maior potência e afinidade de ligação a receptores neuronais, o que pode explicar a diferença nos riscos.
Autoridades como a American Heart Association e a Agência Europeia de Medicamentos já recomendam cautela no uso da pregabalina em pacientes idosos com problemas cardíacos.
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Os autores do estudo destacam que, apesar de não se tratar de um ensaio clínico randomizado, a análise com base em dados do Medicare fornece fortes evidências sobre a necessidade de maior cuidado na escolha entre pregabalina e gabapentina, principalmente em pacientes com histórico de doenças cardiovasculares.
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A recomendação é que médicos considerem esses achados ao prescrever analgésicos para dor crônica em idosos, avaliando cuidadosamente os riscos e benefícios de cada opção.
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