Facebook Viva Youtube Viva Instagram Viva Linkedin Viva

Cientistas desenvolvem vacina nasal contra coqueluche; veja como funciona

Foto: Envato Elements

A formulação utiliza uma bactéria inativada com o antibiótico ciprofloxacino - Foto: Envato Elements
A formulação utiliza uma bactéria inativada com o antibiótico ciprofloxacino

Por Beatriz Duranzi

redacao@viva.com.br
Publicado em 17/11/2025, às 08h00

São Paulo, 17/11/2025 - Uma nova vacina administrada por spray nasal pode transformar o combate à coqueluche, doença respiratória causada pela bactéria Bordetella pertussis. 

Desenvolvida por cientistas do Trinity College Dublin, a formulação utiliza uma bactéria inativada com o antibiótico ciprofloxacino, o que a torna incapaz de causar infecção, mas ainda capaz de ativar o sistema imunológico.

O estudo foi publicado neste mês na revista Nature Microbiology e aponta resultados promissores: proteção total em testes com animais e resposta imunológica duradoura sem causar inflamações sistêmicas.

Leia também: Doenças respiratórias não preveníveis por vacina matam mais que gripe

Vacinas atuais não impedem transmissão da doença

Embora as vacinas disponíveis atualmente evitem casos graves, especialmente em bebês, elas não conseguem bloquear a presença da bactéria no nariz e na garganta. 

Isso significa que pessoas vacinadas ainda podem transmitir a coqueluche, o que ajuda a explicar o retorno da doença em vários países, mesmo com altas taxas de vacinação.

Esse cenário reforça a necessidade de soluções mais eficazes, e o novo modelo sem agulhas pode ser a resposta.

Leia também: Mudanças de temperatura aumentam risco de doenças respiratórias; entenda

Proteção direta nas vias respiratórias

O grande diferencial da nova vacina é sua aplicação por via nasal, o que estimula uma resposta imunológica local, exatamente onde a infecção começa. 

Essa “imunidade de mucosa” é essencial para impedir tanto a infecção quanto a disseminação da bactéria entre pessoas.

De acordo com os pesquisadores, a imunidade respiratória permaneceu ativa por pelo menos seis meses após uma única dose, sem efeitos adversos significativos.

Leia também: Gripe em idosos: veja 7 medidas simples para reduzir complicações

Resultados animadores em testes com animais

Nos experimentos realizados em camundongos, a aplicação da vacina por aerossol ou spray nasal ofereceu proteção completa nos pulmões e nas vias aéreas. 

Até mesmo os animais que já haviam recebido a vacina tradicional, apresentaram uma resposta de reforço eficaz.

Além disso, a nova formulação não provocou reações inflamatórias sistêmicas, um ponto crítico de segurança em vacinas.

Inovação pode inspirar outras vacinas respiratórias

Os pesquisadores acreditam que essa tecnologia poderá servir de base para vacinas contra outras bactérias que afetam o trato respiratório, como Staphylococcus aureus, Streptococcus pneumoniae, Mycoplasma pneumoniae e até Mycobacterium tuberculosis, agente causador da tuberculose.

A ideia é que a plataforma “plug-and-play” permita adaptar a técnica rapidamente para diferentes doenças infecciosas.

Leia também: Evento gratuito aborda doenças pulmonares e cardíacas com famílias e pacientes

Spray nasal: solução acessível e sem agulhas

Além da eficácia, o novo formato tem potencial de tornar a vacinação mais simples e acessível. Por ser administrada sem agulha, a vacina pode ser aplicada por nebulizador ou spray nasal, reduzindo custos e eliminando a necessidade de profissionais para aplicação intramuscular.

Com isso, ela pode se tornar uma aliada importante tanto em campanhas de imunização em massa quanto em regiões com infraestrutura limitada.

Leia também: Tosse e falta de ar não podem ser normalizadas, alertam especialistas

“Proteção onde a infecção começa”

O professor Kingston Mills, que liderou o estudo junto com o Dr. Davoud Jazayeri, destacou o diferencial da nova abordagem ao explicar que estimular a imunidade onde as infecções se iniciam, nas mucosas respiratórias, é possível oferecer uma proteção mais forte e até interromper a transmissão comunitária.

Se os resultados forem confirmados em estudos clínicos com humanos, essa vacina nasal pode inaugurar uma nova era na prevenção de doenças respiratórias bacterianas como a coqueluche.

Comentários

Política de comentários

Este espaço visa ampliar o debate sobre o assunto abordado na notícia, democrática e respeitosamente. Não são aceitos comentários anônimos nem que firam leis e princípios éticos e morais ou que promovam atividades ilícitas ou criminosas. Assim, comentários caluniosos, difamatórios, preconceituosos, ofensivos, agressivos, que usam palavras de baixo calão, incitam a violência, exprimam discurso de ódio ou contenham links são sumariamente deletados.

Gostou? Compartilhe

Últimas Notícias