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Por Beatriz Duranzi
[email protected]São Paulo, 03/07/2025 - Uma pesquisa internacional traz uma visão inédita sobre quando a velhice realmente começa do ponto de vista biológico. A análise revela, porém, que os sinais já estão presentes bem antes do que você imagina, por isso, ressalta que reconhecer esses marcos pode transformar como encaramos o envelhecimento, abrindo espaço para intervenções preventivas pontuais e eficazes durante toda a vida.
O estudo foi conduzido por pesquisadores da Universidade Stanford, nos Estados Unidos, e publicado no periódico Nature Medicine, analisando o plasma sanguíneo de mais de 4.200 pessoas entre 18 e 95 anos, examinando cerca de 3.000 proteínas.
Os pesquisadores identificaram 1.379 proteínas cujos níveis variam significativamente com a idade, permitindo classificar a vida adulta em três fases:
Essas mudanças sugerem que o envelhecimento não é linear, mas ocorre em “ondas”, com transições marcantes em três pontos: 34, 60 e 78 anos.
Embora a “velhice” biológica seja definida cientificamente a partir dos 78 anos, o estudo aponta que os primeiros indícios de envelhecimento celular, como alterações no metabolismo proteico e reparo do DNA, já podem ser detectados a partir dos 34 anos.
Essas mudanças moleculares estão relacionadas ao funcionamento de sistemas como o metabolismo, imunidade, reparo celular e microbioma, e coincidem com picos de incidência de condições como doenças cardiovasculares e perdas de massa muscular.
A segmentação em fases biológicas abre caminho para estratégias de prevenção e intervenção mais precisas:
Esses marcos biológicos revelam que o envelhecimento deve ser enfrentado com planejamento e intervenções específicas ao longo da vida.
O estudo usou modelos estatísticos para prever a “idade biológica” por meio de marcadores chamados proteômicos. Contudo, mesmo inovador, o estudo não considera fatores genéticos, ambientais ou estilo de vida que influenciam o envelhecimento, como alimentação, exercícios, sono, estresse e exposição a poluentes.
Essa nova interpretação, definida com base em proteínas sanguíneas, revela que envelhecer é um processo dinâmico e estruturado, com fases bem delimitadas que podem orientar nossa atenção à saúde.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), uma pessoa é considerada idosa a partir de 60 anos, independentemente dos fatores biológicos aparentes. No Brasil, essa também é a idade de corte considerada pelo Estatuto da Pessoa Idosa. Porém, em maio, um debate na Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa tentou esclarecer uma divergência em relação ao recorte etário utilizado pelo Censo Demográfico 2022, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que considera como idosos pessoas acima de 65 anos.
Na audiência, representantes do IBGE explicaram que a diferença se deve apenas a critérios estatísticos e reforçaram que o órgão reconhece que a população de pessoas idosas é aquela com 60 anos ou mais. "De maneira geral, as análises utilizam cortes específicos de idade dependendo do que se quer analisar, isso não só no IBGE, mas entre os estudiosos demógrafos no Brasil e em outros países. Então, na área de demografia, é comum utilizarmos cortes que estejam relacionados com o mercado de trabalho", disse Izabel Guimarães Marri, gerente de estudos e análises da dinâmica demográfica do IBGE.
Na ocasião, ela lembrou que o IBGE não tem "nenhuma intenção de contrapor ou sugerir outra idade de reconhecimento da pessoa idosa". Explicou também que não há, do ponto de vista estatístico, um critério mínimo para determinar análises por grupos etários, sejam pessoas idosas, crianças, adolescentes ou adultos, permanecendo válido o que a legislação já definou com o estatuto.
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