Entenda o que muda com novos parâmetros para hipertensão arterial

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Antes, uma pessoa com pressão arterial de 12 por 8 era considerada sem riscos; agora, passa a ser considerada pré-hipertensa - Foto: Envato Elements
Antes, uma pessoa com pressão arterial de 12 por 8 era considerada sem riscos; agora, passa a ser considerada pré-hipertensa
Por Bianca Bibiano bianca.bibiano@viva.com.br

Publicado em 19/09/2025, às 10h32

São Paulo, 19/09/2025 - O conceito de hipertensão arterial sofreu uma importante redefinição e passará a ter novos parâmetros. Antes, uma pessoa com pressão arterial de 12 por 8 era considerada sem riscos, ou seja, entre 120-139 mmHg de sistólica e/ou 80-89 mmHg de diastólica. Com mudança, quem estiver nessa faixa já poderá ser classificado como pré-hipertenso.

A mudança foi apresentada ontem no Congresso Brasileiro de Cardiologia e é assinada pelas Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN) e Sociedade Brasileira de Hipertensão (SBH).
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Segundo a SBC, a atualização é essencial “para quem busca fazer medicina baseada em evidências e alinhada às recomendações mais recentes” e está alinhada às diretrizes europeias, que também passaram por processo de atualização em outubro. Por lá, a pressão-padrão deixou de ser a de 120 por 70. 
Para quem já tem hipertensão, o alvo de tratamento deve ser manter a pressão abaixo de 130/80 mmHg, independentemente da idade ou de outras condições clínicas. 
Segundo Fernanda Weiler, cardiologista do hospital Sírio Libanês e certificada internacionalmente em medicina do estilo de vida, essa mudança não significa que a pessoa esteja doente ou precise iniciar imediatamente o uso de medicamentos. “O que muda é a forma como olhamos para esse número: de um valor considerado normal, ele passa a ser um sinal de alerta. É uma oportunidade para agir de forma preventiva antes que o quadro evolua para hipertensão”, explica.
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Mitos e verdades sobre pressão arterial

Weiler explica que o mais comum é acreditar que a pressão “12 por 8” significa tranquilidade total. Na prática, esse valor já indica maior risco do que números abaixo de 120/80. Outro equívoco frequente é pensar que o diagnóstico de pré-hipertensão leva, inevitavelmente, ao uso de remédios. 
Por isso, a médica defende que o primeiro passo é a mudança no estilo de vida. “Alimentação balanceada, prática de exercícios físicos, redução do sal e do estresse, além de sono de qualidade são as primeiras medidas indicadas como tratamento para casos em que a pressão arterial está perto das medidas consideradas aceitáveis. Medicamentos só são considerados em casos de alto risco cardiovascular ou quando, após alguns meses de mudanças comportamentais, os valores permanecem elevados”, diz.
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Ela diz que também é importante derrubar a ideia de que apenas pessoas mais velhas precisam se preocupar com pressão alta. “A hipertensão pode aparecer em adultos jovens, e prevenir desde cedo é fundamental para reduzir complicações futuras, como infarto, AVC e insuficiência renal”, reforça a cardiologista. Por outro lado, é verdadeiro afirmar que quanto mais cedo se inicia a prevenção, menores os danos a longo prazo.
Weiler recomenda que todos monitorem regularmente a pressão arterial, sobretudo quem já apresenta valores em torno de 120/80 ou tem histórico familiar. Além disso, hábitos saudáveis devem ser incorporados no dia a dia, não apenas em momentos de doença.
Essa atualização das diretrizes nos proporciona uma janela de ação importante: não esperar o quadro evoluir para hipertensão franca, mas intervir quando ainda é reversível. A pressão ‘12 por 8’ deixa de ser vista como normalizando limítrofe, e passa a ser motivo de atenção, uma mudança que pode salvar vidas."
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De acordo com estimativas citadas pela médica, cerca de 28% dos adultos brasileiros têm hipertensão, mas apenas um terço mantém a pressão bem controlada. As novas diretrizes reforçam o papel da prevenção como chave para reduzir esse índice e melhorar a saúde cardiovascular da população.

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