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Por Beatriz Duranzi
[email protected]São Paulo, 31/05/2025 - A busca pela longevidade tem se tornado uma prioridade em uma sociedade que envelhece de forma acelerada. Viver mais, porém, não significa apenas adicionar anos à vida, mas garantir que esses anos sejam vividos com saúde, autonomia e bem-estar. À medida que a ciência avança, cresce o interesse por hábitos que favoreçam o envelhecimento saudável. Entre eles, a alimentação desempenha um papel central.
Um extenso estudo realizado por pesquisadores da Universidade Tufts e da Escola de Saúde Pública de Harvard revelou que consumir fibras alimentares e carboidratos de alta qualidade durante a meia-idade pode aumentar significativamente as chances de um envelhecimento saudável em mulheres.
A pesquisa, conduzida pelo Centro de Pesquisa em Nutrição Humana Jean Mayer do USDA sobre Envelhecimento (HNRCA), analisou dados de mais de 47 mil participantes do Nurses' Health Study, um dos maiores estudos sobre fatores de risco para doenças crônicas em mulheres. O grupo de interesse incluía mulheres com idades entre 70 e 93 anos, cuja saúde foi monitorada por décadas.
Para os pesquisadores, envelhecimento saudável não se resume à ausência de doenças, mas envolve a manutenção da saúde física e cognitiva, bem-estar mental e a inexistência de condições crônicas como diabetes, doenças cardiovasculares e câncer. Das participantes analisadas, 3.706 atingiram esse padrão de saúde avançada.
As informações dietéticas foram coletadas por meio de questionários de frequência alimentar preenchidos a cada quatro anos entre 1984 e 2016. A análise se concentrou em diferentes tipos de carboidratos, refinados e não refinados, e na ingestão de fibras alimentares. Os cientistas também calcularam o índice glicêmico e a carga glicêmica das dietas das participantes.
Os resultados foram divulgados no dia 16 de maio e divulgados na JAMA Network Open.
Os resultados foram claros: mulheres que consumiram carboidratos complexos de alta qualidade, encontrados em alimentos como grãos integrais, legumes, frutas e vegetais, apresentaram de 6% a 37% mais chances de envelhecer com saúde. Em contraste, dietas ricas em carboidratos refinados, como açúcares adicionados e grãos processados, foram associadas a uma redução de até 13% nessas chances.
Para Andres Ardisson Korat, cientista do HNRCA e autor principal do estudo, esses dados ajudam a aprofundar o entendimento dos impactos a longo prazo da alimentação. Ele destaca que, embora já se saiba que os carboidratos afetam fatores como peso corporal e níveis de glicose, agora fica evidente que a qualidade desses macronutrientes influencia diretamente a saúde décadas depois.
Carboidratos de alta qualidade não são apenas fontes de energia. Eles também fornecem nutrientes fundamentais como vitaminas do complexo B (folato, B6 e tiamina), potássio, fitonutrientes antioxidantes (carotenoides e flavonoides) e até mesmo ácidos graxos ômega-3.
Esses componentes ajudam a regular funções vitais como a coagulação sanguínea, a saúde vascular, o controle glicêmico e o equilíbrio da pressão arterial. Além disso, favorecem a produção de butirato no intestino, um composto que melhora a saúde intestinal e reduz a rigidez arterial, colaborando para um sistema cardiovascular mais robusto.
Outro fator benéfico apontado é o baixo índice glicêmico dos carboidratos integrais, que contribui para maior estabilidade nos níveis de glicose e insulina no sangue. Isso resulta em mais energia, melhor função cognitiva e menos inflamação, um dos principais fatores por trás do envelhecimento precoce e das doenças degenerativas.
Entre os alimentos mais recomendados para compor uma dieta rica em carboidratos saudáveis estão:
Em contraste, alimentos ultraprocessados como pães brancos, massas refinadas, arroz branco e doces aumentam os índices glicêmicos da dieta, elevando o risco de doenças crônicas como obesidade, diabetes tipo 2, doenças cardíacas e até mesmo declínio cognitivo.
Apesar das conclusões promissoras, os autores reconhecem limitações no estudo, especialmente em relação à diversidade da amostra, composta majoritariamente por mulheres brancas e profissionais de saúde. Isso indica a necessidade de ampliar as pesquisas para diferentes populações e incluir também homens, embora os mecanismos biológicos observados possam ser semelhantes entre os sexos.
Segundo Ardisson Korat, entender melhor como as escolhas alimentares ao longo da vida influenciam o envelhecimento pode ajudar a orientar políticas públicas e hábitos de saúde com foco em viver mais, e melhor.
Além disso, manter a saúde a longo prazo envolve mais do que uma dieta equilibrada. Outros pilares fundamentais incluem:
Outros riscos de dietas muito restritivas na menopausa, também podem comprometer a saúde óssea, muscular e cardíaca. Em vez disso, a abordagem ideal é aquela que respeita as necessidades evolutivas do corpo e promove bem-estar em todas as fases da vida.
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