Foto: Envato Elements
Por Joyce Canele
redacao@viva.com.brSão Paulo, 25/08/2025 - Um estudo recente revelou que odores podem ser mais eficazes do que palavras para estimular recordações específicas em pessoas com transtorno depressivo maior (TDM).
A pesquisa mostrou que cheiros despertam memórias mais vívidas, emocionais e detalhadas, enquanto pistas verbais tendem a levar a lembranças mais genéricas.
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Os resultados foram publicados em 2024 pelo JAMA Network Open e apontam que a dificuldade comum de pessoas com depressão em acessar memórias autobiográficas específicas pode ser atenuada quando a recordação é guiada por estímulos olfativos.
A descoberta abre caminho para novas possibilidades terapêuticas que utilizem os sentidos como ferramenta de apoio no tratamento.
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Os participantes receberam estímulos para a memória em dois formatos: odores armazenados em frascos; e palavras correspondentes. Em ambos os casos, eles deveriam relatar uma lembrança pessoal ligada ao estímulo apresentado.
Os resultados mostraram que as pistas de odor geraram 68,4% de memórias específicas, enquanto as palavras levaram a 52,1%.
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Além disso, as lembranças evocadas por cheiros foram classificadas como mais vívidas e emocionalmente intensas, embora levassem mais tempo para emergir do que as despertadas por palavras.
Outro ponto importante do estudo é que, quando comparados a pessoas sem depressão, os participantes apresentaram queda significativa no número de recordações quando a evocação era feita por palavras.
Já no caso dos odores, o desempenho foi equivalente ao de indivíduos saudáveis, sugerindo que esse tipo de estímulo pode contornar a tendência de generalização de memórias associada ao transtorno.
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Especialistas explicam que a ligação direta do bulbo olfatório com regiões do cérebro responsáveis pela emoção e memória, como a amígdala e o hipocampo, ajuda a entender por que os cheiros são tão poderosos para despertar lembranças.
Essa rota mais imediata difere do processamento de palavras, que envolve circuitos cerebrais mais abstratos.
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Para os pesquisadores, os resultados indicam que o uso de estímulos olfativos, ou seja, dos odores pode se tornar uma estratégia complementar em abordagens voltadas à saúde mental, especialmente em condições de depressão em que a memória autobiográfica é prejudicada.
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