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Por Beatriz Duranzi
redacao@viva.com.brSão Paulo, 09/10/2025 - O câncer de pulmão é um dos tipos mais letais em todo o mundo. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), ele está entre os que mais matam no Brasil, com mais de 32 mil novos casos estimados em 2023.
Embora o cigarro seja o principal vilão, responsável por cerca de 85% das ocorrências, especialistas alertam para outras ameaças silenciosas que aumentam o risco da doença.
Apesar da queda do tabagismo tradicional nas últimas décadas, o uso de cigarros eletrônicos e vapes vem crescendo, especialmente entre os jovens.
O que muitos acreditam ser uma alternativa mais segura esconde riscos ainda pouco conhecidos. Substâncias tóxicas presentes nesses dispositivos podem causar inflamações e lesões pulmonares graves.
Um exemplo foi o surto de EVALI, registrado nos Estados Unidos entre 2019 e 2020, que levou a milhares de internações e dezenas de mortes.
Embora não haja comprovação direta de que esses aparelhos causem câncer, a comunidade médica reforça a necessidade de cautela, já que eles expõem os pulmões a compostos prejudiciais.
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Nem sempre o risco está ligado ao hábito de fumar. Segundo Vaniele Silva Pinto Pailczuk, enfermeira especialista em UTI/ Urgência e Emergência, entre 10% e 20% dos casos de câncer de pulmão atingem pessoas que nunca fumaram.
A exposição prolongada a poluentes, radônio, fumaça da queima de carvão e substâncias como amianto e sílica, comuns em ambientes de trabalho, pode comprometer a saúde respiratória.
Esses fatores, muitas vezes imperceptíveis no dia a dia, causam inflamações e alterações celulares que aumentam as chances de desenvolver a doença.
Além disso, outro ponto de atenção é a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC). Segundo o oncologista clínico Dr. Mateus Sudário, do Centro Regional Integrado de Oncologia (Crio), há uma forte ligação entre a condição e o câncer de pulmão, já que ambas compartilham como gatilho principal a fumaça do cigarro.
Pacientes diagnosticados com DPOC devem ter acompanhamento constante, incluindo exames periódicos e atenção a sinais como tosse persistente, falta de ar e perda de peso inexplicável. Esse monitoramento pode ser decisivo para a detecção precoce de tumores.
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O câncer de pulmão tem uma das menores taxas de sobrevida: apenas 18% em cinco anos, principalmente porque a maioria dos casos é descoberta em estágios avançados. Quando identificado cedo, as chances de cura podem chegar a 56%.
Por isso, além da cessação do tabagismo, especialistas defendem políticas públicas mais rigorosas para reduzir a exposição a agentes nocivos, ampliar o acesso a exames de rastreamento e conscientizar a população sobre os múltiplos fatores de risco.
O combate ao câncer de pulmão vai muito além de parar de fumar cigarro. É preciso atenção ao ambiente em que se vive e trabalha, regulamentação dos novos produtos à base de nicotina e cuidados contínuos com a qualidade do ar.
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