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Por Beatriz Duranzi
[email protected]São Paulo, 24/07/2025 - Um estudo publicado pelo Exploding Topics em julho de 2025 aponta um contraste curioso: 82% dos usuários da web se declaram céticos em relação aos conteúdos gerados por IA, mas apenas 8% dizem sempre verificar as fontes desses conteúdos.
Embora muitos reclamem de informações imprecisas ou tendenciosas em resumos automáticos, a confiança geral permanece baixa, inclusive entre as gerações que mais consomem conteúdo digital.
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Embora os jovens estejam entre os mais familiarizados com IA, eles também demonstram um alto nível de desconfiança. Estudos da Barna Group indicam que cerca de 29% da Geração Z se dizem céticos em relação à IA, superando o número dos que se dizem entusiasmados (20%).
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Um relatório feito nos EUA mostrou que, apesar de usarem frequentemente ferramentas como ChatGPT, muitos jovens avaliam a IA como uma ameaça ao emprego, à autenticidade digital e à precisão das informações.
Essa postura não reflete uma rejeição tecnológica, mas uma postura ética e crítica: muitos membros da Gen Z exigem transparência, regulação e verificabilidade nos sistemas de IA.
Por outro lado, os adultos mais velhos também demonstram forte ceticismo: 49% dos Boomers afirmam desconfiar da IA, e apenas 18% confiam que ela seja objetiva e precisa, em contraste com 49% dos jovens.
Pesquisas adicionais revelam que essas gerações relatam menor familiaridade com IA, menor uso e menor conforto geral com tecnologia.
Além disso, fatores como baixa literacia digital, menor exposição a ferramentas de IA e um maior risco de aceitar desinformação influenciam esse receio, tornando mais difícil para eles identificar conteúdo falso ou manipulado
Apesar da desconfiança, muitos ainda recorrem a IA por conveniência. Pesquisas mostram que usuários aceitam os “benefícios percebidos” da IA mesmo sem confiar completamente nela, especialmente quando não enxergam alternativas viáveis.
Entretanto, conteúdos marcados como gerados por IA recebem menos engajamento: mais da metade dos usuários evita clicar em resumos automáticos se já sabem que são produzidos por algoritmos.
A baixa confiança generalizada gera medo de desinformação e erosão da credibilidade nas instituições, risco especialmente grave para a saúde da democracia
Além disso, há um descompasso entre quem deveria fiscalizar conteúdo e quem é percebido como confiável: apenas 44% das pessoas confiam em jornalistas, juízes ou parlamentares para identificar conteúdo gerado por IA.
Tanto os mais jovens quanto os mais velhos manifestam desconfiança expressiva em relação à IA, por motivos distintos, mas convergentes: a Geração Z exige ética e controle, e os Boomers requisitam segurança e clareza nos sistemas.
Esse ceticismo compartilhado cria um paradoxo: a inteligência artificial continua sendo usada, mas sem confiança plena.
Para reverter esse cenário, especialistas da pesquisa defendem:
Isso ajudaria a mitigar o impacto do "AI trust gap", tanto entre quem já nasceu conectado quanto quem viveu a revolução digital desde o início.
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