Facebook Viva Youtube Viva Instagram Viva Linkedin Viva

Fraude no INSS: vigilância deve ser constante; saiba como se proteger

Adobe Stock

Na quinta-feira, 13, a PF cumpriu dez mandados de prisão em nova fase da Operação Sem Desconto - Adobe Stock
Na quinta-feira, 13, a PF cumpriu dez mandados de prisão em nova fase da Operação Sem Desconto
Paula Bulka Durães
Por Paula Bulka Durães paula.bulka@viva.com.br

Publicado em 17/11/2025, às 17h59

São Paulo, 17/11/2025 - A nova etapa da operação da Polícia Federal (PF) e da Controladoria-Geral da União (CGU) contra os descontos associativos nos benefícios do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) trouxe à pauta, mais uma vez, as fragilidades do sistema previdenciário brasileiro, que convive com crises orçamentárias, filas crescentes, golpes virtuais e presenciais, além de deduções não autorizadas de entidades e de crédito consignado.

Na quinta-feira, 13, a PF cumpriu dez mandados de prisão em nova fase da Operação Sem Desconto. Entre os alvos estavam o ex-presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, e operadores de dentro do instituto, como o ex-procurador-chefe, Virgílio Antônio Ribeiro de Oliveira Filho, e o ex-diretor de Benefícios, André Paulo Félix Fidelis.

Leia também: Quem são os alvos da PF na operação das fraudes do INSS?

Stefanutto e Fidelis, inclusive, teriam recebido propina para interferir nas fiscalizações internas e facilitar Acordos de Cooperação Técnica (ACTs) com entidades fraudulentas.

Enquanto a investigação avançava, a fila para concessão e manutenção dos benefícios da Previdência cresceu, atingindo2,6 milhões de pessoas em agosto, com tempo médio de atendimento de 42 dias – número que chegou a 68 dias nas regiões Norte e Centro-Oeste.

Em outubro, o Programa de Gestão de Benefícios (PGB), criado para reduzir a fila, foi suspenso por falta de orçamento. O INSS pediu ao Ministério da Previdência um reforço de R$ 89,1 milhões.

Leia também: Governo libera R$ 217 milhões para INSS; programa de filas segue suspenso

Paralelamente, os golpes também se multiplicaram, sobretudo os praticados por recrutadores nas portas das agências, que convencem aposentados a contratar advogados fraudulentos.

Para o advogado e mestre em Direito Previdenciário pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Rodolfo Ramer, o INSS é alvo preferencial de golpistas justamente pelo alto número de pessoas que dependem dos benefícios.

“O INSS é uma instituição gigantesca, que atende toda e qualquer pessoa que trabalha. Toda a população ativa é um membro da Previdência e contribui de alguma forma. Logo, a grande entrada de dinheiro e um controle não tão rigoroso chama muita atenção dos golpistas”, detalha. O advogado ainda reforça que os concursos públicos para servidores estão cada vez mais escassos, o que pode fragilizar ainda mais o controle interno.

Leia também: Desconto associativo agora é proibido na aposentadoria do INSS; entenda

A transição demográfica brasileira, em que a população envelhece mais rápido que nascem crianças, agrava a crise da Previdência, mas não é a única causa, relembra Ramer. “De fato a população brasileira tem vivido mais e a expectativa de vida supera os 76 anos. Pensando nisso, as reformas previdenciárias são essenciais para adequar o sistema, tanto aqui quanto em vários países ao redor do mundo. Mas no Brasil, a crise tem características extras como a corrupção.”

A desconfiança dos brasileiros, especialmente dos aposentados que dependem dos benefícios e são alvo frequente de golpistas, é justificada, segundo o advogado.

“As pessoas idosas são mais suscetíveis às fraudes, justamente por terem, em geral, uma dificuldade tecnológica maior. Então o seguro morreu de velho, a vigilância nunca é demais, ainda mais diante dos descontos não autorizados feitos por instituições bancárias e entidades associativas.”

A primeira etapa da Operação Sem Desconto, deflagrada em abril, apontou que pelo menos R$ 6,3 bilhões foram desviados entre 2019 e 2024 por associações de aposentados, que falsificavam assinaturas e documentos. O Ministério da Previdência calcula que 9 milhões de brasileiros foram lesados e que 3,8 milhões já receberam ressarcimento.

Como se proteger

  1. Fiscalize, de forma recorrente, o extrato de pagamento na plataforma “Meu INSS”. O acesso com a senha Gov deve ser feito mensalmente ou, no mínimo, a cada três meses;
  2. Nesses acessos, verifique o que está sendo descontado e se o pagamento é feito corretamente;
  3. Identifique se há descontos de empréstimo consignado que você não tenha solicitado;
  4. Mantenha as informações cadastrais atualizadas, como celular e e-mail. Esses dados são essenciais para o INSS enviar intimações oficiais;
  5. Diferencie os extratos: o do banco mostra apenas o valor líquido creditado, enquanto o do INSS detalha todos os descontos em folha;
  6. Se ainda estiver trabalhando, confira se a empresa recolhe a contribuição previdenciária para evitar prejuízos futuros;
  7. Mantenha em sigilo a senha Gov, sem compartilhá-la com terceiros;
  8. Caso precise, peça ajuda somente a alguém de absoluta confiança;
  9. Antes de contratar advogado ou contador, pesquise a carreira e a reputação do profissional, como faria ao escolher um médico;
  10. Desconfie de promessas feitas por recrutadores na porta das agências ou de contatos que garantem acelerar processos ou aumentar benefícios;
  11. Nunca pague guias para “adiantar” dinheiro;
  12. Não há problema em filiar-se a associação ou sindicato, desde que você mesmo procure a entidade e compreenda os serviços oferecidos.

Comentários

Política de comentários

Este espaço visa ampliar o debate sobre o assunto abordado na notícia, democrática e respeitosamente. Não são aceitos comentários anônimos nem que firam leis e princípios éticos e morais ou que promovam atividades ilícitas ou criminosas. Assim, comentários caluniosos, difamatórios, preconceituosos, ofensivos, agressivos, que usam palavras de baixo calão, incitam a violência, exprimam discurso de ódio ou contenham links são sumariamente deletados.

Gostou? Compartilhe

Últimas Notícias