PF mira presidente do Sindicato dos Aposentados, que fica calado na CPMI do INSS

Carlos Moura/Agência Senado

Milton Baptista de Souza Fº e o sindicato foram alvos da nova etapa da Operação Sem Desconto, que investiga as fraudes no INSS - Carlos Moura/Agência Senado
Milton Baptista de Souza Fº e o sindicato foram alvos da nova etapa da Operação Sem Desconto, que investiga as fraudes no INSS
Por Paula Bulka Durães paula.bulka@viva.com.br

Publicado em 10/10/2025, às 13h50

10/10/2025 - O presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi), Milton Baptista de Souza Filho, permaneceu em silêncio durante as 10 horas de duração do depoimento concedido na quinta-feira, 9, à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), que apura as fraudes do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), segundo informações disponibilizadas pelo Senado Federal.

O presidente e a entidade foram alvos da nova etapa da Operação Sem Desconto, que revelou em abril desvios de R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024, na folha de benefícios dos segurados do INSS, conforme estimam a Polícia Federal (PF) e a Controladoria-Geral da União (CGU). Até o momento, a União devolveu R$ 1,73 milhão para 2,58 milhões de brasileiros. 

O vice-presidente do sindicato é irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, José Ferreira da Silva, o Frei Chico, que, até o momento, não está ligado às investigações da PF.

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Em uma quebra do silêncio, Baptista respondeu à alegação do deputado Paulo Pimenta (PT-RS) sobre a atuação do Frei Chico no sindicato. "Contrariando o meu advogado, eu quero dizer que ele nunca teve esse papel administrativo no sindicato, só político, de representação sindical. Nada mais do que isso. E não precisei, em nenhum momento, solicitar a ele que abrisse qualquer porta do governo."

Baptista se beneficiou de um habeas corpus concedido pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Flávio Dino, que retira a obrigação do depoente de responder alegações na comissão. Até o momento, o STF concedeu habeas corpus para sete convocados pela CPMI, entre eles o empresário Antônio Carlos Camilo Antunes, o 'Careca do INSS'.

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O presidente não explicou a movimentação do sindicato de R$ 1,2 bilhão nem o seu envolvimento com pessoas apontadas pelo caso. O empresário justificou o silêncio ao alegar não ter condições psicológicas para responder aos questionamentos depois de ser alvo, na mesma manhã, da nova etapa da Operação Sem Desconto.

Segundo o relator, o deputado federal Alfredo Gaspar (União-AL), o Sindnapi foi a terceira entidade que mais recebeu dinheiro no esquema de fraudes do INSS, acumulando um montante de R$ 600 milhões nos últimos 11 anos.

Em nota ao Viva, a instituição manifestou "surpresa com o cumprimento de mandados de busca e apreensão em sua sede em São Paulo, bem como na casa de seu Presidente e alguns Diretores", e alegou que "comprovará a lisura e legalidade de sua atuação, sempre em prol de seus associados, garantindo-lhes a dignidade e respeito que são devidos".

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Na segunda-feira, 13, a CPMI deve ouvir o ex-presidente do INSS, Alessandro Antonio Stefanutto, e o ex-diretor de Benefícios do órgão André Paulo Félix, a partir das 16h. Stefanutto foi exonerado do cargo em abril, após a deflagração da primeira etapa da Operação Sem Desconto.

Também foi autorizada a convocação de Danilo Berndt Trento, ainda sem data marcada. O empresário é investigado pela PF pela atuação conjunta com o ex-procurador-geral do INSS, Virgílio Antônio de Oliveira Filho, nos desvios dos benefícios de aposentados e pensionistas. Trento também foi convocado em 2021 na CPI da Pandemia, indiciado pelos crimes de fraude em contratos para compra de vacinas contra a Covid-19, formação de organização criminosa e improbidade administrativa.

Leia a nota na íntegra:
O Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (SINDNAPI), por meio de seus advogados, manifesta sua surpresa com o cumprimento de mandados de busca e apreensão na manhã de hoje em sua sede em São Paulo, bem como na casa de seu Presidente e alguns Diretores, em operação deflagrada pela Polícia Federal em nova fase da “Operação Sem Desconto”.
Esclareça-se que os advogados não tiveram acesso ao inquérito policial, ao conteúdo das razões da representação policial ou dos fundamentos da decisão que auto- rizou a deflagração da medida cautelar, mas reitera seu absoluto repúdio e indignação com quaisquer alegações de que foram praticados delitos em sua administração ou que foram realizados descontos indevidos de seus associados.
A exemplo do procedimento adotados nas demais demandas judiciais, o SINDNAPI comprovará a lisura e legalidade de sua atuação, sempre em prol de seus associados, garantindo-lhes a dignidade e respeito que são devidos.

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