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Quem cuida do seu dinheiro além do gerente do banco? Conheça os profissionais

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Entenda o que fazem planejadores, consultores, assessores, gestores e analistas financeiros - Freepik
Entenda o que fazem planejadores, consultores, assessores, gestores e analistas financeiros
Thiago Lasco
Por Thiago Lasco thiago.lasco@viva.com.br

Publicado em 25/11/2025, às 10h07

São Paulo, 25/11/2025 - Quem cuida do seu dinheiro e ajuda você a investir melhor? Antigamente, toda a vida financeira das pessoas ficava dentro do banco e o gerente da conta era a pessoa certa para ajudar nessa decisão. Ele ouvia o cliente, entendia as necessidades dele e montava uma carteira com produtos que faziam parte do portfólio da casa. Mas hoje há outros profissionais de finanças que podem te ajudar.
Mas nem todos fazem a mesma coisa. Uns ajudam você a planejar sua vida, outros indicam produtos, há aqueles que compram e vendem para você. São funções desempenhadas por pessoas com habilitações específicas: planejadores, consultores, assessores, gestores, analistas
O primeiro passo é entender quem é quem, e este guia pode te ajudar. Depois, é só escolher um profissional com quem você se sinta confortável. Assim como ocorre quando nos consultamos com um médico ou advogado, afinidade é fundamental para que a relação flua bem.
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Planejador financeiro: o estrategista

Como atua?

Em uma longa conversa, analisa o momento de vida, os padrões de consumo, os recursos financeiros disponíveis e os projetos pessoais do cliente. A partir daí, traça um plano sob medida, ou seja, um planejamento financeiro individual, customizado.
“O planejador financeiro tem uma atuação holística, cuida da saúde financeira das pessoas, para que elas possam viver bem a vida toda”, explica Carlos Castro, planejador financeiro CFP pela Planejar. “Ele olha para diferentes áreas da vida do cliente, como ele gasta o dinheiro, quanto do fluxo de caixa está comprometido com dívidas. E cria capacidade de poupança para que parte do que for economizado vá para objetivos de médio e longo prazo.”
A partir daí ele indica estratégias de alocação (investimentos, previdência privada), olhando também para questões tributárias e planejamento sucessório, organizando para que o patrimônio possa ser transmitido aos herdeiros com a maior eficiência fiscal possível. 
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Pode indicar produtos? 

Não. Ele vai mostrar, por exemplo, que aquela carteira precisa de uma reserva de emergência com liquidez de R$ 20 mil, mas não vai recomendar que você compre o CDB do banco X ou Y - a menos que tenha uma autorização da CVM para isso.

Faz operações para o cliente? 

Não. Mas ele pode interagir com os profissionais que vão executar o plano que ele montou para o cliente, como o assessor de investimentos, o corretor de seguros etc.

Como é remunerado?

Há vários formatos possíveis. O planejador pode cobrar por hora de consulta ou um valor fixo pela montagem de um plano, ou mesmo receber uma mensalidade para fazer a gestão financeira da vida do cliente, como uma espécie de consultor.

Requisitos

Certificação CFP (Certified Financial Planner) pela Planejar (Associação Brasileira de Planejadores Financeiros). Para recomendar produtos e montar uma carteira, ele precisa ter as respectivas autorizações, tanto da CVM para investimentos quanto da Susep para seguros.

Assessor de investimentos: o operador 

Como atua?

É vinculado a uma corretora ou plataforma de investimentos. E faz a ponte entre o cliente e os produtos que estão na prateleira, recebendo e executando ordens de compra e venda.
A rigor, ele só pode mostrar e oferecer produtos que se enquadrem no perfil de risco daquele investidor. Por isso, o assessor também precisa de uma boa conversa com o cliente antes de começar a trabalhar.
“Começamos entendendo o cliente: seus objetivos, preocupações, capacidade financeira, horizonte de tempo, tolerância ao risco e perfil social. A partir disso, analisamos cenários, pesquisamos oportunidades, oferecemos produtos adequados e acompanhamos a evolução da carteira”, enumera Lucas Ferraz, CEO da Faz Capital e assessor de investimentos.
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O assessor recebe suporte de outros profissionais, como analistas, que estudam e acompanham classes de ativos, empresas, instituições e setores da economia. “Eles montam e revisam carteiras diariamente, e nós, assessores, atuamos junto com eles para entregar ao cliente uma alocação técnica, personalizada e sempre atualizada”, complementa Ferraz.

Pode indicar produtos?

Sim. “A gente analisa classes de produtos (renda fixa, ações, multimercados, previdência, internacionais) e também emissores específicos, como bancos, gestoras e empresas de crédito privado”, responde o especialista da Faz Capital. “A mesa de alocação faz uma curadoria criteriosa, avaliando risco de crédito, liquidez, histórico, governança, estratégia e aderência ao perfil do cliente. Nada é sugerido sem ter justificativa clara para a carteira.”

Faz operações para o cliente?

Sim. Mas depende da autorização do cliente antes de executar qualquer ordem.

Como é remunerado?

No modelo mais comum na indústria, o assessor não é remunerado diretamente pelo cliente, mas por uma comissão sobre cada produto, conhecida como rebate. Quando você compra cotas de um fundo de investimentos, por exemplo, paga uma taxa de administração; a gestora repassa uma parte dessa taxa à corretora ou plataforma que o distribuiu e uma fração dela vai para o assessor que fez a venda a você.
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O modelo de rebate recebe muitas críticas, pois comporta um potencial conflito de interesses. Como nem todos os produtos pagam o mesmo rebate, em tese o assessor poderia se sentir mais estimulado a mostrar aquele que renderá uma comissão maior – e não necessariamente será o melhor para aquele cliente. Essa é uma razão pela qual é importante ter um assessor com quem se estabeleça uma relação de confiança.
Há um segundo modelo, o do fee fixo, no qual o cliente paga mensalmente uma porcentagem pequena sobre o patrimônio custodiado (o valor que tem investido naquela corretora), independentemente de quais produtos tenha comprado. “É um modelo previsível, transparente e que reduz conflitos, porque o assessor recebe sempre o mesmo, quaisquer que sejam os investimentos selecionados”, diz Ferraz. “Aqui oferecemos os dois modelos e o cliente escolhe qual faz mais sentido a ele.”

Requisitos

Certificação AAI, expedida pela Ancord (Associação Nacional das Corretoras e Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários, Câmbio e Mercadorias). Muitos também obtêm a certificação CFP, assim podem ajudar o cliente a fazer seu planejamento financeiro. Aliás, no ramo do private banking, a Anbima exige que pelo menos 50% dos assessores de uma casa também sejam CFP.

Analista financeiro: o pesquisador 

Como atua?

Estuda o mercado, se especializa em certos tipos de investimentos e faz análises detalhadas. O analista de renda variável, por exemplo, acompanha setores da economia e empresas que fazem parte dele; a partir de resultados financeiros, perspectivas setoriais e do cenário macro, pode concluir que é o momento de comprar ou vender ações de uma certa empresa, e vai emitir relatórios com essas recomendações.
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Já o analista de fundos vai conversar com gestoras, debruçar-se sobre estratégias e também consolidar suas conclusões em relatórios.
Os analistas trabalham em casas de research, que enviam os relatórios para outros profissionais do mercado usarem como base na orientação de seus clientes. Algumas corretoras também têm suas próprias equipes de analistas. Então, você provavelmente não será cliente direto de um analista, mas pode acabar consumindo suas informações indiretamente. 

Pode dar recomendações diretas a alguém? 

Não. O analista pode recomendar a compra de ações da Vale, BB ou Petrobras de forma geral, a partir da leitura do momento dessas empresas. Mas ele não sabe se essa compra é adequada ao perfil de um investidor em particular. (Para dar recomendações de investimentos, é preciso ter a licença da CVM).

Faz operações?

Não.

Como é remunerado?

Recebe um salário da casa de research ou corretora para a qual trabalha.

Requisitos

Certificação CNPI, conferida pela Apimec (Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais).

Gestor de carteira administrada: o procurador

Como atua?

Recebe um mandato (procuração) do cliente para cuidar de seu patrimônio, com discricionariedade – ou seja, com autonomia na tomada de decisões. Vai farejando oportunidades e fazendo as alocações que julgar adequadas para que aquela carteira atinja melhores resultados.
Esses profissionais sempre fizeram parte de family offices, que são escritórios dedicados a administrar grandes fortunas. Com a evolução da tecnologia e uma maior democratização dos investimentos nos últimos 10 anos, o tíquete de entrada desses profissionais foi reduzido, e hoje não é mais preciso ser multimilionário para contar com esses serviços.

Pode indicar produtos?

Sim, ele tem carta branca para escolher dentro da sua avaliação. É o homem de confiança do cliente. Mas deve se pautar dentro dos limites que tiverem sido combinados com o cliente no contrato.

Faz operações para o cliente? 

Sim, e a ideia é justamente essa: que ele cuide de tudo sozinho para o cliente não precisar se preocupar com nada.

Como é remunerado? 

Geralmente cobra-se um percentual sobre o montante total do patrimônio a ser gerido. Pode haver taxa de performance sobre os rendimentos que excederem certo patamar.

Requisitos

Certificação CGA, conferida pela Anbima, além de autorização da CVM.

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