Governo estimou arrecadar R$ 41 bi em 2026
Em 22 de maio, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva editou um decreto para aumentar o IOF sobre planos de previdência privada (VGBL), sobre o crédito de empresas e também sobre operações de câmbio que atingem pessoas jurídicas e físicas. O Ministério da Fazenda divulgou expectativa de arrecadação de R$ 20,5 bilhões neste ano e de R$ 41 bilhões no ano que vem.
Repercussão negativa fez governo recuar
Diante da reação negativa, o Ministério da Fazenda confirmou ter feito um
recuo no mesmo dia e logo em seguida publicou um decreto para não tributar com o IOF as aplicações de fundos de investimento no exterior, o que reduziria o potencial arrecadatório em R$ 1,4 bilhão. No entanto, a reação contrária se estendeu, ao ponto de as autoridades terem feito uma reunião num domingo, 8 de junho, até tarde da noite, na casa do presidente da Câmara, para debater uma saída.
Governo publicou terceiro decreto e uma MP
Em mais uma tentativa de elevar o IOF, o governo publicou um terceiro decreto em 11 de junho, com mudanças na tributação sobre empresas, risco sacado e previdência privada. Junto a isso, o Executivo encaminhou ao Legislativo uma
Medida Provisória com alíquota de 17,5% para aplicações financeiras, tributação de 5% para investimentos até então isentos e o aumento da taxação sobre as bets.
Motta pautou derrubada do decreto em semana de São João
O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), comunicou na noite de 24 de junho que pautaria a derrubada do decreto já no dia seguinte. Em 25 de junho, deputados e senadores aprovaram a sustação dos três decretos com votação expressiva, o que representou uma derrota para o Palácio do Planalto.
Governistas acusam Congresso de romper acordo
Líderes governistas se disseram surpreendidos pelas decisões de Motta e do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), de votarem o projeto que
derrubou o decreto do IOF. Governistas também acusaram parlamentares de terem rompido o acordo firmado na reunião de 8 de junho. Alcolumbre rebateu e disse que o Congresso não aceitaria "agressões" pela decisão tomada.
Haddad anunciou recurso no STF
Já em 26 de junho, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que a saída seria recorrer ao STF contra a decisão do Congresso ou realizar um corte de R$ 12 bilhões no Orçamento deste ano, o que, segundo ele, afetaria programas sociais. O governo acionou formalmente a Corte em 1º de julho, com uma Ação Declaratória de Constitucionalidade. O advogado-geral da União, Jorge Messias, disse que o Congresso não poderia ter sustado "de modo nenhum" o decreto presidencial sobre o IOF, porque a posição do governo teria base na jurisprudência do STF.
Internautas chamaram Congresso de "inimigo do povo"
Desde a votação no Congresso que derrubou os decretos do governo, internautas fizeram uma campanha de boicote aos parlamentares com menções da hashtag "InimigosDoPovo". Uma pesquisa da Genial/Quaest de 4 de julho mostrou que o sentimento nas redes foi majoritariamente contrário ao Legislativo. Enquanto isso, autoridades do governo enalteceram a bandeira da taxação dos super-ricos.
Moraes suspendeu todos os decretos sobre o IOF
Em 4 de julho,
Moraes decidiu suspender os efeitos do decreto presidencial e do decreto legislativo que derrubou a elevação do IOF. O ministro também convocou uma audiência de conciliação para esta terça-feira, 15, sob a justificativa de que as "sucessivas e reiteradas declarações antagônicas" entre o Executivo e o Legislativo representam um embate "indesejável". É esperada a participação das presidências da República, do Senado e da Câmara, assim como da Procuradoria-Geral da República (PGR) e da Advocacia-Geral da União (AGU).
Lula disse que lutará para manter pontos do decreto
Centrão pode aceitar IOF para operações já existentes
Líderes do Centrão têm sinalizado, nos bastidores, que podem aceitar o aumento do IOF, mas apenas sobre modalidades que já eram tributadas antes do decreto editado pelo governo Lula. Na prática, o imposto deixaria de incidir sobre operações que não estavam anteriormente sujeitas à cobrança, como risco sacado e VGBL.