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A vacina que previne câncer: o que você precisa saber sobre a proteção contra o HPV

Foto: Envato Elements

O HPV é hoje a infecção sexualmente transmissível mais frequente no mundo - Foto: Envato Elements
O HPV é hoje a infecção sexualmente transmissível mais frequente no mundo

Por Joyce Canele

redacao@viva.com.br
Publicado em 24/11/2025, às 14h01

A vacinação contra o HPV se consolidou como uma das medidas mais eficazes para prevenir infecções que podem evoluir para diferentes tipos de câncer, entre eles o de colo do útero, uma das doenças de maior impacto entre mulheres brasileiras. 

Segundo o Hospital Pequeno Príncipe, a recomendação de iniciar a imunização a partir dos 9 anos tem como finalidade garantir proteção antes do primeiro contato com o vírus, período em que o organismo responde melhor ao imunizante. 

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De acordo com a pediatra Heloisa Ihle Garcia Giamberardino este é um investimento de longo prazo na saúde de meninas e meninos. Desta forma, caso a pessoa entre em contato com o vírus, estará protegida e com a resposta imunológica mais resistente.

O que é HPV e por que ele preocupa?

O HPV é hoje a infecção sexualmente transmissível mais frequente no mundo. Estima-se que 8 em cada 10 pessoas terão contato com o vírus ao longo da vida, segundo a Organização Mundial da Saúde. 

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Mais de 200 subtipos já foram identificados, e pelo menos 14 deles são classificados como de alto risco por estarem relacionados ao desenvolvimento de cânceres, como de colo de útero, ânus, pênis e orofaringe, conforme dados da Organização Pan-Americana da Saúde.

A infecção costuma ser silenciosa. Muitos casos permanecem sem sintomas por meses ou até décadas, o que aumenta a chance de evolução para lesões pré cancerosas quando não há prevenção ou acompanhamento.

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A infecção persistente pelos subtipos 16 e 18 é responsável por cerca de 70% dos casos, porcentual que chega a 90% quando associados aos tipos 31, 33, 45, 52 e 58, segundo a Sociedade Brasileira de Imunizações.

Um problema social e de saúde pública 

De acordo com o Instituto Nacional de Câncer, mais de 17 mil novos casos de câncer do colo do útero são registrados anualmente no Brasil. Trata-se do tipo de câncer que mais mata mulheres até os 36 anos no país e do segundo mais letal até os 60 anos.

Estima-se que cerca de 200 mil crianças percam a mãe todos os anos devido ao câncer de colo do útero, evidenciando os efeitos que ultrapassam a saúde individual.

O impacto desse cenário reforça o caráter social e econômico da doença, segundo a oncologista Larissa Müller Gomes. A médica ressalta que é preciso falar sobre doença e não tratar este assunto como tabu, já que é um problema social, econômico e de saúde pública.

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Desinformação sobre HPV entre homens

A relação entre HPV e câncer ainda é pouco conhecida por grande parte dos homens brasileiros.

Uma pesquisa realizada pela MSD Brasil com apoio da Sociedade Brasileira de Urologia revelou que 64% desconhecem o vínculo entre o vírus e o câncer, e que quase metade acredita que a camisinha garante proteção total, o que é incorreto, já que o HPV pode ser transmitido por contato direto com a pele.

Além disso, o levantamento também mostrou que mesmo homens das classes A e B apresentam crenças equivocadas, e que muitos ainda enxergam o HPV como um problema feminino, o que cria uma falsa sensação de segurança.

Vacinação no Brasil contra HPV

O Programa Nacional de Imunizações oferece gratuitamente a vacina quadrivalente para meninos e meninas de 9 a 14 anos, com dose única desde a atualização recente

Em 2025, o Ministério da Saúde ampliou temporariamente o acesso para jovens de 15 a 19 anos que não se vacinaram na idade recomendada, com o objetivo de ampliar a cobertura e contribuir para a meta da Organização Mundial da Saúde de eliminar o câncer de colo do útero como problema de saúde pública até 2030.

Na rede privada, está disponível a vacina nonavalente, que amplia a proteção em aproximadamente 25% com cinco sorotipos adicionais. Ela pode ser aplicada de 9 a 45 anos, com esquemas que variam entre duas ou três doses, de acordo com a idade.

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A Sociedade Brasileira Imunizações também recomenda a vacinação para adultos não imunizados até 45 anos e discute casos específicos acima dessa faixa em decisão compartilhada com o médico assistente.

Segurança e eficácia da vacina

De acordo com a Universidade Santa Marcelina, a vacina contra o HPV é considerada segura, com reações semelhantes às de outros imunizantes, como dor no local e febre leve. 

Estudos internacionais mostram redução de até 86% no risco de câncer cervical em mulheres vacinadas antes dos 20 anos. Países como a Escócia e a Austrália já registram quase eliminação da doença entre mulheres imunizadas há mais tempo.

O médico Martim Elviro ressalta que mitos e tabus ainda geram resistência. Entre os equívocos mais comuns está o medo de estimular a vida sexual precoce:

Muitos pais ainda associam a vacinação à iniciação precoce da vida sexual dos adolescentes, quando, na realidade, trata-se de uma medida preventiva para proteger contra vírus altamente perigosos. Além disso, circulam mitos sobre efeitos colaterais graves, o que não se confirma nos estudos clínicos”

Apesar dos avanços, a cobertura vacinal ainda está abaixo da meta recomendada. Entre 2014 e 2023, 56,8% dos meninos e 81,1% das meninas receberam a primeira dose. Em alguns países vizinhos, como México e Peru, a adesão supera 90%.

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A vacinação em escolas e campanhas educativas têm contribuído para melhorar os índices, mas ainda há barreiras culturais. A OMS reconhece a vacinação como o caminho mais eficaz para reduzir drasticamente as mortes por câncer relacionado ao HPV. 

A incorporação do teste de DNA-HPV às diretrizes do Ministério da Saúde é considerada um avanço, já que ele é mais sensível que o Papanicolau e detecta a infecção com maior antecedência.

Quando vacinação e rastreamento caminham juntos, o impacto é direto na redução da mortalidade e na economia de recursos do sistema de saúde, já que evitam a evolução para casos graves.

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A vacinação contra o HPV é uma oportunidade concreta de prevenir doenças graves e salvar vidas.

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