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Inflamação em órgão pode ser a chave para o Alzheimer, aponta estudo brasileiro

Foto: Envato Elements

Práticas como atividade física regular, sono de boa qualidade e estímulos intelectuais ajudam a reduzir as chances de Alzheimer - Foto: Envato Elements
Práticas como atividade física regular, sono de boa qualidade e estímulos intelectuais ajudam a reduzir as chances de Alzheimer

Por Joyce Canele

redacao@viva.com.br
Publicado em 21/11/2025, às 13h59

São Paulo, 21/11/2025 - Uma nova linha de investigação sobre o Alzheimer começa a ganhar força com a conclusão de um estudo conduzido pelo laboratório do neurocientista Eduardo Zimmer, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

A pesquisa, publicada na revista científica Nature Neuroscience neste mês, aponta que a inflamação no cérebro pode ser o elemento decisivo para que a doença se instale e avance, abrindo caminho para tratamentos que vão além do combate às conhecidas placas de proteínas.

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A descoberta surgiu a partir de exames de imagem de última geração e biomarcadores altamente sensíveis que permitiram observar, pela primeira vez em pacientes vivos, a interação entre dois tipos de células essenciais para a resposta imune do sistema nervoso central: astrócitos e microglias.

Ambas desempenham funções cruciais na comunicação neuronal e na proteção do tecido cerebral. No entanto, o estudo mostra que a progressão do Alzheimer depende do estado reativo simultâneo dessas duas células.

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Os pesquisadores verificaram que o acúmulo das proteínas beta-amiloide e tau, que formam estruturas rígidas e insolúveis no cérebro, não é suficiente para provocar alterações na cognição quando apenas os astrócitos estão ativados.

O avanço da doença só ocorre quando a microglia também entra em estado de alerta. Nesse cenário, os astrócitos passam a aderir às placas de beta-amiloide e contribuem para a inflamação persistente que compromete a função cerebral.

A combinação desses fatores ajudou a explicar grande parte da piora cognitiva observada nos participantes do estudo.

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Embora a ciência ainda não tenha identificado por que as placas de beta-amiloide começam a se formar, os pesquisadores destacam que fatores genéticos e ambientais influenciam o processo.

Hábitos acumulados ao longo da vida, como alimentação inadequada, consumo excessivo de álcool, tabagismo, sedentarismo e obesidade, aumentam o risco de desenvolvimento da doença.

Em contrapartida, práticas como atividade física regular, sono de boa qualidade e estímulos intelectuais frequentes ajudam a reduzir as chances de aparecimento do Alzheimer.

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A nova interpretação proposta pela equipe da UFRGS indica que a estratégia terapêutica adotada nos últimos anos pode precisar de revisão.

Em vez de focar apenas na remoção das placas de proteína, o estudo sugere que medicamentos futuros deverão atuar também na comunicação entre astrócitos e microglias, diminuindo o estado inflamatório que parece sustentar a progressão do Alzheimer.

O projeto contou com apoio do Instituto Serrapilheira e amplia o entendimento sobre os mecanismos do Alzheimer, abrindo espaço para abordagens mais eficazes e personalizadas no diagnóstico e no tratamento.

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