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Risco de AVC aumenta com fatores ambientais como poluição e ruído constante

Foto: Envato Elements

Poluição do ar, ruído urbano, mudanças climáticas extremas, estresse crônico e contaminantes químicos podem prejudicar saúde cardiovascular - Foto: Envato Elements
Poluição do ar, ruído urbano, mudanças climáticas extremas, estresse crônico e contaminantes químicos podem prejudicar saúde cardiovascular
Por Bianca Bibiano

29/10/2025 | 10h57

São Paulo, 29/10/2025 - Apesar de muitas vezes associarmos o Acidente Vascular Cerebral (AVC) e as doenças do coração a fatores genéticos ou ao estilo de vida, o ambiente em que vivemos também tem um peso decisivo. Poluição do ar, ruído urbano, mudanças climáticas extremas, estresse crônico e contaminantes químicos formam um "pacote" silencioso que potencializam os riscos.
Quem faz o alerta é o médico cardiologista Nilton Carneiro, do Hospital Santa Catarina – Paulista, em São Paulo. Em entrevista ao Viva, ele explicou que esses fatores provocam inflamação, estresse oxidativo e alterações hormonais que, a longo prazo, fragilizam o sistema cardiovascular. 
"A ciência já estuda os fatores de risco dito clássicos há bastante tempo, identificando que controlar hipertensão, diabetes e obesidade ajuda na prevenção, assim como manter um estilo de vida saudável. Porém, mesmo com esse controle, observamos que em cenários onde os agentes poluentes são altos, os desfechos cardiovasculares se apresentam de forma intensa."
O médico cita dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) que corroboram com isso, indicando que quando se trata de doenças cardiovasculares, apenas 20% a 30% são provenientes de riscos não modificáveis, ou seja, 70% tem como causa aspectos externos. "Isso reforça que fatores ambientais e comportamentais são ponto crucial para a prevenção", explica o especialista.

Classificado como nível moderado por órgãos de monitoramento, o índice de poluição do ar em São Paulo, por exemplo, já é suficiente para elevar os riscos de problemas cardiovasculares. Uma das causas é a concentração de um tipo de poeira extremamente fina no ar, o chamado material particulado fino (PM2.5). Em média, São Paulo registra 25 µg/m³ dessas partículas, valor superior ao recomendado pela OMS, que é de 15 µg/m³.

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O médico Nilton Carneiro alerta: "Poluentes invisíveis vindos da queima de combustíveis fósseis e de fogueiras penetram no pulmão e na corrente sanguínea." - Divulgação
Carneiro observa que o estudo sobre como os poluentes afetam a saúde cardiovascular tem aumentado nas duas últimas décadas. "Os poluentes invisíveis compostos de material particulado fino vindos da queima de combustíveis fósseis e de fogueiras, por exemplo, penetram no pulmão e na corrente sanguínea, desencadeando respostas inflamatórias que levam a uma série de eventos, incluindo desfechos como infarto, AVC e arritmia".
Outro fator que já está no radar dos especialistas em saúde é o ruído constante. "Uma recente corrente de estudo a respeito de ruído mostra que ele ativa o sistema nervoso autônomo e a aumenta produção de cortisol, similar a outros fatores estressantes, o que aumenta a chance de desfechos negativos".
O mesmo problema tem sido identificado em relação às variações extremas de temperatura. "O estresse térmico está ligado ao aumento excessivo de eventos cardiovasculares, por isso, é preciso cuidado com a exposição ao calor e ao frio extremos".
O médico alerta que o conhecimento sobre os impactos externos na saúde não deve ser visto de forma isolada, tampouco substituir a preocupação com o controle dos fatores clássicos de risco. "O primeiro passo é falar sobre o tema, expandindo a conscientização de projetos já em andamento e aumentando a pressão coletiva para a redução desses fatores, especialmente da poluição", observa.
No âmbito da sociedade, ele destaca ações como criação de calçadas e telhados verdes, que podem reduzir calor dos ambientes internos e também ajudar contra a poluição urbana, assim como ampliar a restrição de veículos e instituição de corredores verdes nas cidades.
Já em nível individual, ele recomenda reduzir a exposição à poluição com uso de meios de transporte não poluentes, gerenciar o estresse e os ruídos no ambiente domiciliar, e atentar para a qualidade do ar e da água (veja mais recomendações abaixo). 
Ele conclui afirmando que os fatores externos produzem no organismo os mesmos sintomas de problemas cardiovasculares que outros fatores, como aumento do cansaço em atividade que antes eram feitas com tranquilidade, arritmia, palpitação, descompasso do batimento cardíaco, tontura e desmaio. "Esses sintomas indicam necessidade de atendimento imediato", destaca.

Recomendações para reduzir efeitos externos de AVC

  • Diminua a exposição à poluição: evite atividades físicas próximas a vias movimentadas, use purificadores de ar em ambientes fechados e tenha atenção aos índices de qualidade do ar.
  • Gerencie o estresse: pratique técnicas de atenção plena, respiração e meditação e busque parques e áreas verdes com frequência para reduzir o cortisol.
  • Hidrate-se e fique atento no calor extremo: reforce a ingestão de líquidos durante ondas de calor e evite exercícios exaustivos nos horários mais quentes.
  • Cuidado com a água: considere o uso de filtros de qualidade para reduzir a exposição a contaminantes como chumbo e arsênio.
  • Proteja sua audição: use protetores auriculares quando necessário, insonorize ambientes, priorize áreas silenciosas e incorpore 'pausas acústicas' na rotina.

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