Rotina saudável ajuda a combater insônia na menopausa, diz especialista

São Paulo, 17/10/2025 – Como enfrentar a insônia na menopausa foi o tema de um dos painéis do Menopausa Summit, evento que acontece em São Paulo, na Unibes Cultural. A jornalista Maria Cândida chamou para esse debate a ginecologista Helena Hachul de Campos, que é especialista em Medicina do Sono.

Segundo a médica, normalmente cumprirmos de quatro a cinco ciclos do sono durante a noite, mas na menopausa o sono fica mais fragmentado. “Com isso, você não passa pelo sono profundo, que é importante para a consolidação da memória. Eu costumo fazer uma analogia com o celular. No climatério é como se você acordasse com a sua ‘bateria’ pela metade', devido ao sono superficial”, explica.

Leia também: Menopausa Summit reúne especialistas em debate sobre saúde na maturidade

Nessa etapa da vida uma reclamação constante de muitas mulheres é da falta de um sono mais restaurador. “A mulher sente então uma lentidão maior, cansaço, a névoa mental. Um sono fragmentado mexe com tudo isso”, diz Campos, ao ressaltar que dormir é essencial para a nossa saúde e bem estar.

Despertador

Outra questão importante durante a menopausa é que a queda de estrogênio impacta o corpo todo, mas a falta dele combinada aos fogachos funciona como um despertador.

“Além do despertar por calores, a bexiga também mais flácida faz a mulher levantar mais vezes para ir ao banheiro. Tudo isso impacta no sono”.

E como contornar esse cenário?

Segundo a médica, um estilo de vida mais saudável, com atividade física periódica, alimentação regular, ajuda muito. “Considerando a parte óssea e cardíaca, o ideal é ter uma rotina diária de atividades físicas, uma alimentação adequada e evitar telas durante a noite”, ensina Campos.

“Ficar jogada no sofá e no celular atrapalha demais essa rotina”, acrescenta, ao recomendar a adoção de um ritual noturno, como diminuir a luz, ler um livro e buscar coisas relaxantes.

“É possível tomar atitudes para ter menos sintomas e manter a qualidade de vida”, diz Maria Cândida, ao defender a busca por informação em fontes credenciadas. “Tem muita enganação na internet, gente querendo vender reposição hormonal. Cuidado”, alerta a jornalista.

Irritabilidade, apetite desregulado e insônia

Ao iniciar o evento a jornalista Maria Cândida trouxe a filha Lara, de 19 anos, e a mãe Mirian, de 80 anos para apresentar uma visão intergeracional sobre a menopausa. Sua mãe conta que sentiu muito calor e passou pela menopausa sem reposição. “Senti preconceito da sociedade na época. As mulheres não eram ativas como vemos hoje. Era um envelhecimento psicológico. Hoje vocês estão atuantes, namorando, trabalhando. Seja como for, é diferente, e tem que ser. O mundo precisa evoluir e o respeito pelas mulheres tem de se fazer necessário. Precisamos estar unidas”, afirmou.

“Além dos calores, da irritabilidade, ainda temos de lidar com os esquecimentos, suores noturnos, mesmo com a reposição”, disse Maria Candida.

Em seu depoimento, a filha recordou das madrugadas agitadas na cozinha de casa e dos sons e meditação que vinham do quarto da mãe pela manhã. “A cozinha era um caos pela manhã e do quarto dela eu ouvia músicas de meditação que ela colocava para conseguir dormir”.