Jogos digitais melhoram memória e raciocínio de idosos, aponta estudo da UFRJ

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O experimento contou com 115 voluntários com idades entre 60 e 89 anos - Foto: Envato Elements
O experimento contou com 115 voluntários com idades entre 60 e 89 anos

Por Joyce Canele

redacao@viva.com.br
Publicado em 04/09/2025, às 16h54 - Atualizado às 16h55

São Paulo, 04/09/2025 - Uma pesquisa da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) aponta que jogos digitais podem ser uma ferramenta eficaz para estimular a cognição em pessoas idosas.

O estudo, coordenado pelo psiquiatra Rogério Panizzutti, do Instituto de Psiquiatria da UFRJ e cientista da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ), avaliou como diferentes sequências de exercícios digitais influenciam funções como memória, raciocínio lógico e aquisição de novos conhecimentos.

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O experimento contou com 115 voluntários com idades entre 60 e 89 anos, divididos em três grupos:

I. Um grupo realizou primeiro o treinamento sensorial, com atividades voltadas à percepção visual e auditiva, e depois passou para exercícios cognitivo-funcionais mais complexos.

II. Outro grupo iniciou pelo cognitivo-funcional e terminou com o sensorial.

III. O grupo de controle utilizou jogos comerciais de baixo desafio cognitivo.

Cada sessão durava cerca de uma hora, de duas a quatro vezes por semana, totalizando até 40 horas de treinamento.

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Melhora na cognição global

Os resultados mostraram que todos os participantes apresentaram melhora inicial na cognição global. No entanto, apenas o grupo que seguiu a ordem sensorial-cognitivo manteve os ganhos após cinco meses sem treinamento adicional.

A prova reforça que a sequência dos exercícios é fundamental para um efeito duradouro e evidencia a importância de planejar programas de estimulação cognitiva baseados em evidências científicas.

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Idosa jogando digital
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De acordo com Panizzutti, essa estratégia leva em conta as alterações naturais do envelhecimento, como a diminuição da acuidade visual e auditiva, que podem reduzir a atenção disponível para funções cognitivas mais complexas.

Ele destaca que a abordagem individualizada, similar à prática de atividade física adaptada, potencializa os resultados e promove neuroplasticidade.

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Jogos digitais

Os jogos utilizados na pesquisa foram criados por neurocientistas norte-americanos e adaptados para o público brasileiro pela startup Neuroforma Tecnologias, incubada pelo programa Startup Rio da FAPERJ.

Eles estão disponíveis na plataforma BrainHQ, que oferece exercícios personalizados para diferentes níveis de desempenho e alguns podem ser acessados gratuitamente.

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Segundo o pesquisador, a inclusão de jogos digitais também pode favorecer a socialização dos idosos e que o apoio familiar é um fator relevante para estimular a adesão às novas tecnologias.

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