Paula Bulka Durães/Viva
Publicado em 05/11/2025, às 12h44 - Atualizado às 12h47
Passados vinte anos do início da formação superior, o País segue com apenas dois cursos presenciais de graduação, ambos concentrados no Estado de São Paulo, na USP e na Universidade Federal de São Carlos (Ufscar). Em nível de pós-graduação, a oferta também é reduzida: somente onze programas espalhados pelo território nacional.
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Para o presidente da Associação Brasileira de Gerontologia (ABG), Henrique Salmazo, a regulamentação da profissão é urgente para fortalecer a inserção de gerontólogos em todos os equipamentos que atendem a pessoa idosa, frente ao rápido envelhecimento da população brasileira.
“Um País continental como o nosso, temos poucos programas dedicados à formação superior de gerontólogos, nossos colegas geriatras são apenas 3 mil no Brasil. Além de regulamentar, precisamos ampliar a educação”, defende.
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No Congresso Nacional, tramita desde 2013 um projeto de lei para regulamentação da profissão e instituição do Dia Nacional do Gerontólogo no País. Atualmente, a proposta, de autoria do senador Paulo Paim (PT-RS), está na Câmara dos Deputados, apreciada em agosto pela Comissão de Trabalho.
Para explicar a dimensão da importância da regulamentação, Salmazo relembra, na abertura do Congresso, que as Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPIs) nem sempre se preocupam em ter um gerontólogo na gestão, locais que precisam de um olhar atento, acolhedor e inclusivo ao envelhecer.
“Defendemos que o título gerontólogo seja restrito ao bacharel, retirado dos cursos técnicos, distinguindo as competências. Isso diminuiria, por exemplo, o risco de desvalorização da nossa produção”, explica.
A professora doutora do Bacharelado em Gerontologia da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP, Rosa Yuka Sato Chubaci, define o gerontólogo como o profissional que realiza a gestão do envelhecer, com conhecimento generalista e teórico biopsicossocial.
“É o gerontólogo que vai administrar o envelhecimento, auxiliar tanto as famílias quanto as pessoas idosas, oferecendo serviços, projetos para idosos e políticas públicas”, descreve.
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A gerontologia é também uma luta política, defende o coordenador do curso de graduação da USP, Humberto Miguel Garay Malpartida. “A longevidade é uma conquista social que passa pela ciência, mas temos o desafio de construir uma estrutura política que permita acesso ao cuidado e ao conhecimento científico que desenvolvemos aqui na universidade”, expõe. "Não à toa o tema deste congresso é envelhecimento e sustentabilidade, que é um cunho evidentemente político.”
Segundo ele, é precico ampliar essa estrutura através da saúde, "que não é só do corpo, e sim o conjunto de questões ambientais, acesso a direitos, segurança, acesso a água tratada."
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