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São Paulo, 18/09/2025 – O objetivo de poupar o primeiro milhão de reais pode parecer distante para muita gente. Essa cifra mágica entre os economistas pode ficar mais difícil para quem já passou dos 50 anos e pouco conseguiu poupar para a aposentadoria. Mas economistas garantem que o sonho pode se transformar em tarefa e que com disciplina financeira financeira é possível realizar.
"Nunca é tarde demais", afirma o professor de finanças Pierre Oberson de Souza, da FGV/EAESP, embora avise que essa meta exige alguns sacrifícios. Segundo ele, o primeiro passo é criar a disciplina de poupar, independentemente da modalidade escolhida para investir esse valor.
"É preciso estabelecer uma rotina de gastos e separar uma fatia do seu salário como poupança. Faça como se estivesse pagando uma conta para você mesmo assim que o salário chega”, aconselha.
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A partir desse mapa financeiro da sua vida é possível começar a tomar atitudes mais racionais para começar a poupar.
Fato é que no Brasil falar sobre dinheiro ainda é um tabu. “Porque podemos falar de carro, comida, esporte, mas de dinheiro não pode?”, questiona.
Souza, da FGV, alerta que um dos sacrifícios é driblar o desejo de bem-estar imediato, que acaba dando espaço para compras por impulso. A ideia não é simplesmente cortar os gastos, sem critério, mas ter um olhar sobre o que é realmente necessário.
O consumo pequeno é o que pega na hora de economizar. O simples fato de colocar luz sob uma coisa que era meio nebulosa - o quanto você ganha e gasta por mês -, já ajuda."
A professora de gestão e negócios da Universidade São Judas, Cilene Ribeiro Cardoso, concorda. “Ter consciência da sua realidade financeira ajuda a avaliar seus comportamentos para pensar por onde começar a poupar”.
É crucial ter na ponta do lápis ou da planilha tudo anotado, considerando o seu perfil profissional, se CLT ou autônomo, diz Cardoso, lembrando que no Brasil a renda média de 90% da população está entre um e cinco salários mínimos.
A professora ensina que a principal pergunta que um poupador iniciante deve fazer é por que deseja acumular R$ 1 milhão. “A meta de poupar depende muito de fatores comportamentais, e precisa ser de longo prazo", observa. Em seguida, a pessoa deve se fazer três questionamentos para iniciar esse projeto:
O segundo passo é abrir uma conta de investimento e definir a destinação correta do dinheiro guardado. Os depósitos nessa conta devem ser tratados como uma despesa fixa do seu orçamento, aconselha o professor da FGV.
Para tanto, é importante saber diferenciar o que é rendimento garantido do que é apenas uma promessa. Ou seja, montar uma carteira de investimentos que busque rentabilidade e ao mesmo tempo segurança. “O que precisa olhar é a questão de liquidez e saber quais são os riscos envolvidos na aplicação”, afirma Souza, segurindo títulos do Tesouro Direto, fácil de acessar via bancos ou corretoras, com opções de diferentes prazos para escolher e com liquidez.
Lançado em 2002, o programa do Tesouro Nacional em parceria com a B3, tem como base democratizar o acesso a títulos públicos federais para pessoas físicas online. Na prática, ele permite que qualquer pessoa empreste dinheiro ao governo e receba de volta com juros. Esse dinheiro é usado para obras, saúde, educação e outras áreas públicas. Em troca, você ganha o rendimento.
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Entre as opções de investimento no Tesouro Direto há um título voltado para aposentadoria, o Renda+, como destaca a professora Cilene Cardoso. Esse título tem um rendimento que paga acima da inflação.
“No próprio site do Tesouro tem uma lista de corretoras que podem te ajudar a fazer esses investimentos e diversos cursos gratuitos”, aponta.
Com o intuito de tornar o Tesouro Direto mais popular, a plataforma lançou um vídeo divertido da atriz Renata Sorrah para divulgar o produto. Inspirado em um famoso meme com a personagem Nazaré, de Senhora do Destino, o vídeo explica de forma didática o funcionamento desse investimento.
A dica para se proteger de potenciais armadilhas do mercado financeiro, segundo os economistas, é estar ciente de que retorno e risco sempre andam juntos. “Evite aquelas soluções que parecem muito fáceis. Invista no que você estudou e entendeu quais são os riscos. Também confira se é uma instituição financeira séria, se tem registro no Banco Central e na CVM”, diz o professor da FGV.
Em outras palavras, decidir onde investir, apontam os especialistas em finanças, é apenas a pontinha do iceberg.
Voltando à meta de atingir o primeiro milhão de reais, essa conquista é plausível mesmo após os 50 anos, mas também simbóliza, observa a planejadora financeira Paula Bazzo, certificada pela Planejar. “É um valor que pode ser atingido, mas pode não resolver a sua vida”, alerta.
Afinal, qual a finalidade esse dinheiro, é preciso se perguntar. “O plano é adquirir um imóvel, ter uma aposentadoria mais tranquila? Tenha objetivos claros e realistas”, diz Bazzo.
Para um planejamento financeiro bem feito, é preciso ser prático e realista. Se a sua renda é suficiente apenas para cobrir as despesas do mês, além de um controle mais afinado de gastos você pode avaliar também possibilidades de gerar uma renda extra.
Pode ser dar aulas particulares, prestar consultoria ou fazer um bazar de coisas usadas. Considere seus talentos.
A pedido do Viva, a planejadora financeira Paula Bazzo traçou dois cenários possíveis para o início do projeto de acumular R$ 1 milhão em investimentos.
Prazo de 10 anos (120 meses):
Considerando uma taxa de juro real* de 5% ao ano, será necessário fazer um investimento mensal de R$ 6.450 para acumular R$ 1 milhão. Ao final de dez anos, esse aporte mensal resultará em um saldo acumulado de R$ 1,452 milhão, considerando uma taxa de juros nominal* de 12% ao ano.
Prazo de 30 anos (360 meses):
Neste caso, a contribuição mensal seria de R$ 1.230, também a uma taxa de juro real* de 5% ao ano, garantindo o mesmo valor ao final do período.
Se a pessoa já puder partir de uma reserva acumulada de, por exemplo, R$ 400 mil, em 10 anos (120 meses) a contribuição mensal para atingir o objetivo de acumular R$ 1 milhão será de R$ 2,3 mil, em alguma modalidade de investimento que gere rendimento à mesma taxa de juros real* de 5% ao ano.
Glossário:
Taxa de juros real: É a taxa de rentabilidade ajustada pela inflação. Exemplo: Se a taxa de retorno nominal de um investimento for de 10% ao ano e a inflação for de 5% no mesmo período, o juro real será de 5%.
Taxa de juros nominal: Representa a taxa bruta de retorno do investimento, sem considerar o impacto da inflação. Geralmente, é a taxa de juros informada na lâmina do investimento.
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