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Geração X faz uso mais produtivo e eficiente da IA, diz especialista

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Imediatismo na busca por resultados tende a massificar as desigualdades na sociedade, diz especialista durante workshop promovido pela Anbima - Envato
Imediatismo na busca por resultados tende a massificar as desigualdades na sociedade, diz especialista durante workshop promovido pela Anbima
Por Fabiana Holtz

01/12/2025 | 09h40 ● Atualização: 01/12/2025 | 09h40

São Paulo, 01/12/2025 – A introdução da Inteligência Artificial (IA) como ferramenta de trabalho e nas mais diversas áreas da vida, inclusive para investimentos, segue acelerada e transmite uma sensação de empoderamento. Altay de Souza, psicólogo e pesquisador no Centro de Comunicação e Ciências Cognitivas da USP e na Unifesp (Psicobiologia), aponta um efeito etário que faz toda a diferença no uso dessa ferramenta. 
“As pessoas acima de 40 anos (Geração X), em geral, fazem uso muito mais produtivo da IA, por que têm o costume de usá-las como assistente, desenvolvendo estratégias de aprendizagem. Para eles, a IA serve de fato como assistente e seu uso acaba sendo muito mais eficaz”, conta Souza.
As pessoas mais novas, na casa dos 20 anos, e que começaram a usar a IA nos últimos dois anos, não conseguem chegar ao mesmo resultado por ter o comportamento em geral de delegar o desenvolvimento da função cognitiva dela para a máquina, explica. Com perfil mais imediatista, que exige resultados rápidos, elas tendem a ser guiadas por objetivos de curto prazo. “São os mesmos que tendem a acreditar que bet é investimento”, compara, principalmente diante da ausência de educação financeira da nossa população.
Segundo Souza, a inteligência geral por meio da IA vai surgir na dependência da involução da nossa capacidade cognitiva. “Quanto menos capacidade você tiver para controlar aquilo que te controla, mais você vai acreditar em um Deus criador. É basicamente isso”, alerta. Souza defende que “o cérebro não é um computador”

Pandemia e decisão de poupar

O especialista participa da trilha Radar de Futuros, da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), uma ferramenta interativa que revela 50 inovações que devem impactar o mercado até 2035. A iniciativa apoia a inovação e a tomada de decisão ao oferecer uma leitura de tendências que podem transformar modelos de negócio, produtos, processos e regulações.
Ao comentar sua experiência ao participar do Raio X do investidor, estudo da Anbima que busca traçar o perfil de consumo e grau de conhecimento sobre investimento da população, Souza diz ter captado mudanças de comportamento do investidor.
Em 2018, a economia brasileira atravessava um momento em que a taxa de juros (Selic) e a inflação eram baixos. O País tinha acabado de passar por uma crise (2015-2016). Na ocasião, recorda ele, as pessoas tinham pouco conhecimento dos mecanismos de investimento (pensavam no máximo em poupança) e investiam pouco, guardavam pouco em média. 
Chegou 2020 e veio a Covid 19, um fator comportamental no ambiente. Isso é muito interessante, porque se observou uma segmentação das pessoas. Uma parte dos indivíduos que trabalhavam em home office começaram a ter um comportamento maior de poupar. 
Também foi identificada uma queda drástica no número de fumantes, despertada pelo fator ‘fique em casa’. De 2020 para 2023 a incidência de fumantes diminuiu bastante. “Chegamos a conclusão de que isso veio do efeito do ambiente, de a pessoa ficar em casa”.
Segundo ele, quem começou a guardar dinheiro em 2020, consequentemente foi buscar mais informações sobre o Tesouro Direto e outras opções de investimento com rendimento melhor. Em resumo, poupar se tornou um hábito para eles. Enquanto uma outra parte, a que busca por resultados mais rápidos, seguiu sem planejamento e se endividando.
Ou seja, uma pequena mudança no ambiente é capaz de gerar mudanças de comportamento que acabam se tornando hábitos.

Futuro e a bolha

Para ilustrar o atual momento em que vivemos, o especialista relembrou que nos anos 1980, quando lançaram o Excel, o custo dessa inovação nos 10 anos anteriores demandou um investimento expressivo em tecnologia, que cresceu em 100 vezes naquele período. Por outro lado, a lucratividade das empresas que investiram nessa inovação no mesmo período foi de ínfimos 1%. 
“É exatamente o que está acontecendo agora com a IA. O PIB dos EUA hoje está na casa de US$ 38 trilhões. A Nvidia, principal empresa de tecnologia do momento, vai valer US$ 28 trilhões em 2030. Uma empresa com valor que chega quase ao PIB dos EUA é obviamente uma bolha”. Segundo Souza, a conta não vai fechar.

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